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Evento do CORREIO em Cajazeiras vira trampolim para novos negócios


 

Terceira edição do CORREIO Encontros atraiu centenas de pessoas dispostas a empreender; especialistas deram dicas valiosas

  • Priscila Natividade

Publicado em 18/08/2017 às 02:30:00
Atualizado em 03/05/2023 às 20:17:06
. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Se é grande a expectativa para que a economia baiana volte a crescer, maior ainda é a vontade dos baianos de participar dessa retomada. Um retrato dessa esperança renovada pôde ser visto nesta quinta-feira (17), durante a terceira edição do CORREIO Encontros, promovido pelo CORREIO, em parceria com o Banco do Nordeste, no Shopping Cajazeiras, em Salvador.

Além dos cerca de 200 empreendedores, que compareceram ao evento – superando as expectativas dos organizadores e reforçando a vocação empreendedora dos moradores da região –, o encontro, comandado pelo jornalista especializado em Economia e colunista do CORREIO Donaldson Gomes, reuniu especialistas em empreendedorismo e crédito que compartilharam dicas para alcançar o sucesso, tanto para aqueles que pensam em abrir seu próprio negócio como para os comerciantes que atuam no bairro e seu entorno.

Interessado nessas dicas preciosas, o aposentado Ivanilson Borges foi ao Shopping Cajazeiras para buscar mais informações sobre o serviço de distribuição de doces e salgados que pretende viabilizar. “Sou vendedor de experiência. Sempre trabalhei com representação comercial e, agora que estou aposentado, preciso buscar uma renda alternativa e, por isso, pensei em montar meu próprio negócio de distribuição”, comentou. 

Segundo ele, a crise impactou na atividade anterior reduzindo a demanda e, consequentemente, as vendas. “Não está dando mais o retorno que eu preciso e aí tenho que jogar em outra atividade para recomeçar”, completa.

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Foco da vez Fenômeno cada vez mais crescente, o empreendedorismo por necessidade foi o foco do debate nesta edição do CORREIO Encontros. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia tem hoje mais de 21 mil pessoas que trabalham por conta própria. São profissionais como o vendedor de cerveja no isopor, o dono da padaria da esquina ou a doceira que começou fazendo bolo na cozinha de casa, que, muitas vezes, respondem por esse ramo de atividade.

Segundo os especialistas ouvidos pelo que participaram do evento, o cenário é favorável para quem busca o empreendedorismo como alternativa de renda. Isto porque, ainda de acordo com o IBGE, o rendimento real dos trabalhadores por conta própria foi de R$ 938 no 2º trimestre, volume 7,2% maior que no 1º trimestre e 9,8% maior que no 2º trimestre do ano passado, já descontados os efeitos da inflação. 

Na cara e na coragem A atividade empreendedora como opção de carreira foi a escolha de profissionais como Patrícia Nascimento que, junto com o esposo e a sogra, vai inaugurar, até setembro, o Arena Dona Chica Bar, em frente à antiga 13ª Delegacia de Cajazeiras. “Saí de uma empresa que trabalhava há cinco anos no ramo de publicidade. Fiz o plano de negócio todo, busquei orientação no Sebrae e já estamos terminando a reforma do espaço. Vai ter de tudo lá. Mas o forte mesmo vai ser a moqueca. Também vamos entregar quentinhas na região”, conta.

O projeto está consolidado, a obra da cozinha em andamento, mas ainda estão faltando recursos para comprar o mobiliário e os aparelhos de televisão. “A gente precisa de algo em torno de R$ 10 mil para adquirir esses equipamentos. Tem que ter muita força de vontade e coragem para implementar um negócio mesmo na crise, afinal a tempestade não vai durar para sempre”.

Olho no crédito É aí que entra o crédito, como destaca a gerente estadual de Microfinanças do Banco do Nordeste, Lana Pinto Oliveira.“É importante verificar, mensurar a necessidade e qual a capacidade de pagamento do empreendedor”, recomenda Lana.Para atender, sobretudo, ao pequeno negócio - seja ele formalizado ou não - o banco dispõe do Crediamigo, linha de crédito que ajuda a viabilizar o investimento de quem empreende por necessidade.

“O empreendedor não pode esperar, precisa do dinheiro hoje e o Crediamigo oferta oportunidade de trabalho para que ele possa melhorar o seu negócio, acreditar que vai dar certo e, com isso, garantir sua empregabilidade”, assegura a gerente de Microfinanças que adianta a abertura de uma nova agência de microcrédito em Cajazeiras. “Usado adequadamente, o crédito só tem a alavancar o crescimento da empresa”, acrescenta.

Oportunidades na região E não falta mercado para empreender em Cajazeiras. Segundo dados da Junta Comercial da Bahia (Juceb), 1.878 empresas estão em atividade no bairro, atualmente. 

Para conquistar esse cliente, no entanto, o especialista em empreendedorismo e mercados José Nilo Meira reforça a atenção para as necessidades do bairro, antes de direcionar esse investimento. “Vale buscar a oportunidade dentro do que o consumidor está disposto a pagar e o comerciante a vender”, orienta o consultor.

Mais dicas  Outra dica é definir uma estratégia competitiva e avaliar a predisposição de lucro e crescimento. “O empreendedor que quer viabilizar seu negócio em um bairro como Cajazeiras precisa identificar necessidades dessa área e pensar em suprir essas lacunas, seja com a oferta de um serviço com maior qualidade e comodidade, preço mais competitivo ou de algo novo e meter a mão na massa”. Ele lembra, no entanto, que empreender não é fácil. Vai exigir capacitação.“Mapear negócios que possam ser úteis tem mais probabilidade de sucesso, mas para minimizar o risco é necessário se capacitar e estudar cada vez mais o negócio. O Sebrae ajuda muito o empreendedor nessa parte”, reforça Meira.Foi o que fez o comerciante e vice-presidente da Associação de Empresários de Cajazeiras, Jair Leal. “Passei 15 anos trabalhando de carteira assinada. Fiquei desempregado na crise de 2002, 2003 e quando fui disputar uma vaga no mercado não tinha capacitação suficiente para competir. Fiquei três anos sem trabalhar, o que me levou a uma depressão”, conta.

Volta por cima Mas Jair levantou e sacudiu a poeira. Ele levou um serviço, até então novo, para Cajazeiras: a bicicleta de som. “Eu não sabia nada de marketing, mas corri atrás disso. Busquei parcerias, fortaleci meu negócio com o Crediamigo, que me deu uma condição de juros que eu podia pagar e eu me sinto muito valioso com a Jair Leal Bike Som”, diz o empresário. Jair Leal, da Associação de Empresários de Cajazeiras, descobriu mercado inexplorado e se deu bem (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Quem também deve seguir o conselho do especialista é a aposentada Raquel Miranda, que trabalha com venda direta de produtos nutricionais. “Antes eu vendia Herbalife, mas eu busquei o Café Marita porque, com a crise, as clientes deixavam de comprar por conta do valor. Com o Herbalife, no mínimo, o custo para o cliente varia de R$ 500 a R$ 700 por mês, enquanto uma lata do Café Marita custa entre R$ 55 e R$ 60. Adequei ao melhor custo-benefício para poder vender mais com um preço mais em conta”, revela.

Informação e mudança social Segundo o diretor executivo do CORREIO, Roberto Gazzi, a proposta do jornal é levar informação à comunidade não só sobre empreendedorismo, mas também nas áreas de saúde e emprego em próximas edições do CORREIO Encontros.“Estamos pensando em outras edições do evento voltadas para um leque imenso de temas que são importantes, e podemos usar o CORREIO Encontros para servir de elo entre o público, o jornal e nossos parceiros”, destacou Gazzi.O gerente de Mídias Digitais e Marketing do CORREIO, Fábio Gois, também comemorou o sucesso do evento. “O CORREIO Encontros é um projeto que leva conteúdo para próximo do público. A aceitação do evento em Cajazeiras mostra o quanto empreender aqui no bairro faz a diferença. É uma iniciativa que, sem dúvida, devemos levar para outros locais da cidade, que ainda serão divulgados posteriormente”, afirmou.

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