Ex-espião russo e filha foram envenenados com 'agente nervoso'

Os dois foram atacados em restaurante na Inglaterra; governo investiga

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  • Da Redação

Publicado em 12 de março de 2018 às 14:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O ex-espião russo Sergei Skripal e a filha Yulia foram envenenados no início do mês com um gás neurotóxico. Os dois foram achados em frente a um shopping em Salisbury, na Inglaterra, insconcientes, e seguem em estado grave. A suspeita é que os dois foram envenenados em um restaurante no local, onde haviam almoçado duas horas antes. Vestígios de uma substância tóxica foram achadas no restaurante pela perícia. Os "agentes nervosos" são altamente tóxicos e bloqueiam o sistema nervoso, interrompendo funções vitais do corpo.

O policial Nick Bailey se intoxicou ao prestar socorro ao ex-espião e à filha dele. Ele segue internado em estado grave, mas está consciente e conseguiu manter contato com familiares. 

Militar russo com patente de coronel, Skripal foi condenado em 2006 por traição por revelar a identidade de outros agentes russos. Em julho de 2010, ele foi libertado em uma troca de espiões e passou a viver no Reino Unido, segundo o El País.

As autoridades inglesas não divulgaram muitos detalhes do gás encontrado, mas as amostras indicam que se trata de uma toxina nervosa, similar ao gás sarin ou VX, que é considerada uma arma de destruição em massa pela ONU e proibida pela Convenção sobre Armas Químicas. Uma substância similar foi usada para matar Kim Jong-nam, irmão do ditador norte-coreano Kim Jong-un, em fevereiro do ano passado, em um aeroporto de Kuala Lumpur.

O governo britânico ainda investiga o ataque e promete retaliar se descobrir alguma participação do governo russo no ataque a Skripal. 

Vida cheia de tragédias O ex-espião já tinha perdido a esposa, que morreu de câncer em 2012, e o filho mais velho, de 43 anos, que morreu com um problema no fígado em julho do ano passado. Nascido em 1951 em Kaliningrad, Skripal fazia parte da tropa aérea de elite da Rússia, a Desantniki. Ele lutou no Afeganistão em 1979. Depois, começou sua vida como oficial da inteligência soviética.  (Foto: AFP) A suspeita é que na década de 1990 ele acabou se aliando à inteligência britânica, passando a atuar como agente duplo. Isso culminou com o espião revelando a identidade de vários agentes russos que agiam na Europa. Ele deixou a inteligência russa no começo dos anos 2000. Ele então morava na Rússia com a esposa e os dois filhos, nascidos em 1974 e 1984.

Em 2004, o ex-espião foi preso acusado de trair o país com suas colaborações com o Reino Unido. Foi condenado rapidamente a 13 anos de prisão e enviado a um campo de trabalho forçado em Mordovia, de onde saiu em 2010, depois de ser liberado em uma troca de espiões entre Rússia e Reino Unido. 

Skripal resolveu então se mudar com a esposa para Salisbury, na Inglaterra. Lá, aparentemente se dedicou a uma vida simples, sem contato com o mundo da espionagem. Visitava museus, assistia documentários e lia muito. Em 2011, a esposa do ex-espião recebeu diagnóstico de câncer e morreu da doença em outubro do ano seguinte. Em julho de 2017, seu filho mais velho morreu em São Petersburgo após sofrer uma falência repentina do fígado.

A filha mais nova, Yulia, vivia em Moscou, mas tinha contato frequente com o pai. Ela estava na Inglaterra na semana do atentado para visitá-lo. Poucos dias depois, os dois foram atacados com o agente químico no restaurante.