Exposição traz universo dos Beatles para Salvador

Começa sábado (29) no Salvador Shopping mostra que reproduz cenários onde a banda britânica se apresentou e até roupas usadas pelos quatro músicos

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  • Roberto Midlej

Publicado em 24 de julho de 2017 às 06:10

- Atualizado há um ano

Reprodução do Cavern Club estará em exposição que será aberta neste sábado (foto:divulgação)Quando se conheceram, em julho de 1957, em Liverpool, John Lennon e Paul McCartney estavam na festa da igreja de Saint Peter. Paul havia acabado de se apresentar com a sua banda, The Quarrymen, formada com alguns colegas de escola. Os shows ali costumavam acontecer num palco improvisado, no fundo de um pequeno caminhão.

A partir de sábado, no Salvador Shopping, os soteropolitanos vão poder viajar até o cenário daquele dia histórico: está chegando a Salvador a exposição Beatlemania Experience, que entre outras atrações, traz uma reprodução daquele palco onde Paul se apresentou minutos antes de conhecer John. 

Embora a mostra não chegue com itens originais que pertenceram aos garotos de Liverpool, ela está longe de ser frustrante, já que reproduz com extrema fidelidade roupas, acessórios e instrumentos usados pela banda que mudou a história da música.

“O cenário é ultrarrealista, porque queremos que as pessoas se transportem para a época dos Beatles. Queremos que os visitantes ‘vivam’ aqueles dias especiais”, diz Rodrigo Tedesco, sócio da Let it Be Entertainment, empresa que produz a exposição. Salvador é a segunda cidade a receber a Beatlemania Experience, que só passou por São Paulo, onde recebeu cerca de 60 mil visitantes. Daqui, vai para Recife.

Segundo Rodrigo, a mostra  iria acontecer em Salvador mesmo se não houvesse o show de Paul no dia 20 de outubro, na Fonte Nova: “Já havia um ‘namoro’ entre a Beatlemania Experience e Salvador e a apresentação dele na cidade aumentou a ‘vibe’. Foi uma feliz coincidência”. 

FidelidadeConseguir os instrumentos originais da banda é uma tarefa quase impossível. Por isso, a produtora criou uma solução: encontrar instrumentos iguais àqueles que os músicos usavam em suas apresentações, inclusive do mesmo ano e da mesma série produzida. Recorreram então a leilões, especialmente em sites de fora do Brasil.

Os paulistas até tiveram o privilégio de ver uma guitarra Fender que foi usada por George Harrison. Rodrigo dá uma ideia do aparato que envolveu a vinda do instrumento da Inglaterra para o Brasil: “Veio numa caixa blindada, com sensor de presença. Ou seja, só conseguíamos abrir na presença de um funcionário da Fender (fabricante da guitarra) que havia sido autorizada pela empresa. Eles mandavam um sinal via satélite que destrancava a caixa”. 

A nota fiscal que acompanhava o instrumento, com o valor do seguro incluso, era de 100 milhões de dólares. A responsabilidade tirou algumas noites de sono de Rodrigo. 

Cavern ClubUm outro item, não tão caro quanto esse, mas igualmente importante, é um baixo autografado pelos quatro músicos, emprestado à exposição por um beatlemaníaco brasileiro. “Esta é a joia da coroa da mostra. Um fã de Curitiba esteve na exposição em São Paulo e nos ligou para elogiar a mostra. Aí, ele disse que tinha uma coisinha que talvez nos interessasse. Achei que era um item comum, mas fiquei muito surpreso!”, diz Rodrigo.

A tal Fender não vem para Salvador, mas não vão faltar itens que farão os beatlemaníacos se sentirem em Liverpool. Haverá até a reprodução do mítico Cavern Club, onde os Beatles fizeram suas primeiras apresentações. Segundo Rodrigo, há uma preocupação até com o tipo de tijolo usado, que reproduz o tom e a textura do original. 

No pequeno palco da “caverna”, estão guitarras, baixo e bateria iguais àqueles usados pelos quatro magos do rock. “A gente até brinca dizendo que,  sem a gente saber, talvez ali esteja um instrumento que realmente tenha sido usado por eles”, ri Tedesco.

Há também as roupas que marcam cada fase da banda: estão ali desde os terninhos e jaquetas de couro que fizeram parte da fase iê-iê-iê até as roupas ultracoloridas que integraram o momento psicodélico do grupo inglês.

Submarino

Da era lisérgica da banda, há também a reprodução do submarino da animação Yellow Submarine, de 1968. Naquele ambiente, o visitante poderá ver, pelos periscópios, um minidocumentário sobre aquela fase do grupo. 

Nas janelinhas, vê-se o fundo do mar, parecido com o da animação. Todas as alas, como a do Submarino Amarelo, dispõem de pequenos filmes sobre o período a que se referem.

Até pequenas ruas por onde os músicos poderão ser visitadas, como aquela em que fica pub The Grapes, onde os quatro garotos, ainda menores de idade, davam suas bicadinhas. “Como eram menores, não podiam beber legalmente. Então, antes de ir ao Cavern Club, eles davam uma passadinha no Grapes, onde tinham um acerto com algum garçom, e bebiam”, diz Rodrigo.

Para reproduzir este universo Beatle com tanta veracidade, Rodrigo e seus sócios tiveram que fazer algumas viagens à Inglaterra. Graças a isso, criaram uma grande rede de contatos com beatlemaníacos que, de alguma forma, contribuíram para a mostra. “Fizemos amizade com alguns europeus, que nos deram dicas de onde comprar os instrumentos. Tem um violão de 1954 que a gente conseguiu graças a esses contatos”, diz Rodrigo.

Um alerta: se você é fã em alto nível dos Beatles, reserve pelo menos três horas para a visita, já que o acervo de vídeos e textos é bem grande. Não há limite para a permanência do visitante. Só há uma restrição: se passou de uma ala, não pode retornar à anterior. “Se você quer fazer doutorado em Beatles, pode passar o dia lá”, brinca Rodrigo.