Família autoriza transplante de órgãos de estudante morto na Barra; polícia já tem pistas de bandidos

Dupla de motoqueiros que agiu dias antes do crime teve os dados de placa identificada; córneas de Claudson Júnior serão doadas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 31 de março de 2017 às 15:40

- Atualizado há um ano

A família do estudante Claudson Alberto Silva Júnior, 15 anos, morto após ser baleado durante um assalto na porta de casa, no bairro da Barra, em Salvador, decidiu que irá doar as córneas do garoto para transplante. A informação foi confirmada por Kátia Falcão, advogada da família, presente no Hospital Geral do Estado (HGE), onde o adolescente faleceu às 5h20 desta sexta-feira (31).

Ele estava internado em estado grave desde a noite de quarta-feira, passou por duas cirurgias, mas não resistiu aos ferimentos. "O corpo está passando por procedimento cirúrgico porque vai doar as córneas. Ele vinha respondendo bem ao tratamento, mas ontem (quinta) passou por uma segunda cirurgia e morreu hoje", informou a advogado ao CORREIO.Claudson Júnior, 15 anos, reagiu a tentativa de assalto e foi baleado por dupla em moto (Foto: Reprodução)InvestigaçãoA Polícia Civil já tem pistas dos suspeitos de cometer o crime, pouco depois das 20h de quarta. Uma dupla de motoqueiros que agiu dias antes do crime teve os dados da placa identificados pelos investigadores. 

“Estamos levantando dados de ocorrências envolvendo motocicletas na Barra e adjacências. Em um dos casos, fizemos o caminho de um celular roubado na Barra até a Ondina. O fato aconteceu recentemente e no horário. Já temos informações dessa placa. Estamos cruzando os dados”, declarou a delegada Carmen Dolores, titular da 14ª Delegacia (Barra), que está à frente das investigações.

Segundo ela, os agentes da unidade estão concentrados na apuração do caso desde quarta-feira. “Estamos com a dedicação absoluta. Não paramos um dia sequer. Queremos mais que todo mundo desvendar a autoria o mais rapidamente”, continuou a delegada. 

Imagens de uma câmera de segurança de um prédio em frente, divulgadas pela TV Bahia, mostram o momento exato em que Claudson é baleado. No vídeo, o estudante parece reagir à abordagem dos bandidos e, em seguida, é baleado.

ComoçãoHoras após a morte do filho, o aposentado Claudson Alberto Silva, 51 anos, pai da vítima, ainda não acreditava no que tinha acontecido. “Uma tragédia. O problema foi o tiro que atingiu a região do estômago. Ele ficou sedado o tempo todo”, comentou ele, que duvidava da atitude relatada por testemunhas. “Não acredito que ele tenha lutado com os bandidos. Ele deve ter tentado correr porque estava na porta de casa”, comentou.

No dia do assalto, a mãe do garoto também precisou ser hospitalizada após ver o filho ensanguentado. Por conta do agravamento do estado de saúde do adolescente, parentes e amigos chegaram a fazer uma campanha nas redes sociais para doação de sangue, mas não adiantou.

Claudson Júnior era o primogênito e deixa duas irmãs. Ele cursava o 1º ano ensino médio no Sesi Piatã, na Avenida Orlando Gomes, onde na manhã desta sexta os alunos se reuniram para prestar homenagens ao colega. As aulas foram canceladas nesta sexta-feira e também no sábado na unidade. De acordo com a assessoria da instituição, a escola se manteve aberta para acolhimento dos estudantes que foram à aula hoje e houve momentos de silêncio e orações.

Em nota, o diretor regional, Ricardo Alban, e o superintendente do Sesi Bahia, Armando Neto, lamentaram a morto do estudante. "Em nome da organização, solidarizam-se com a família do estudante, neste momento de profunda tristeza", disse através de nota. 

Segundo a família, o enterro do jovem deve acontecer neste sábado, às 10h, no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas.