Fanfarras e bloquinhos bem humorados invadem a Barra; veja fotos

Nordeste de Amaralina e Barris também fizeram festa antecipada nesta quarta

  • Foto do(a) author(a) Raquel Saraiva
  • Raquel Saraiva

Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 21:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Raquel Saraiva/CORREIO

Um dia antes de receber a abertura oficial do Carnaval de Salvador e os desfiles dos primeiros trios elétricos, a Barra já foi tomada pela alegria de foliões, na noite desta quarta-feira (7), com desfiles de fanfarras e bloquinhos que capricham na criatividade e no bom humor.

A brincadeira de véspera também tomou conta das ruas do Nordeste de Amaralina e dos Barris (ver mais abaixo).

A festa no Circuito Sérgio Bezerra, na orla, relembra os antigos carnavais, mas a brincadeira da turma é bem atual, como a do grupo As Panicats do Fitdance, que se conheceram num grupo de dieta, o Ravena. "A gente pega vale night dos maridos, netos e filhos pra pular na quarta-feira", diz a porta voz do grupo, Alba Gomes, 56 anos. 

As oncinhas estão juntas na Barra pelo quarto ano seguido, e com 300 kg a menos no total, elas somam - já pularam fantasiadas de coelhinhas, diabinhas e Mulher-Maravilha. "Ano que vem, se fizermos plástica, vamos nos fantasiar de Eva, só com uma folhinha", brinca Geni Moraes, 65. Elas dizem que não bebem e nem paqueram, mas não por falta se investidas. "Queria domar as oncinhas", brinca um folião.  As bem-humoradas Panicats do Fitdance apareceram na Barra de oncinha (Foto: Raquel Saraiva/CORREIO) Acompanhada da mãe, Ione Emiliano, 48, a mascote do grupo, Camile Ariane, de 10, veio de unicórnio. "Não tinha mais roupa de oncinha, por isso vim assim", brinca a pequena foliã. A mãe garante que a filha é boa companheira de avenida. Para animar a festa dela e das colegas, o Xupisco passou no Farol às 19h30, tocando sucessos antigos da Banda Eva. Antes veio o Abre Alas, que trouxe sambinha pra capital do axé.

Um grupo de cinco fadinhas preparou as fantasias desde o réveillon, depois de muita perna batida na Avenida Sete. Vanessa Assis, 18, conta que elas escolheram até hashtag própria. "É #essafadinha, entendeu? Tem duplo sentido". Outra fadinha morreu de vergonha com a explicação. "Minha mãe vai me matar quando vir isso", diz a anônima. 

Sete meninas do Clube das Sereias (Bahia) vieram fantasiadas de, veja só: sereias! Algumas solteiras, outras acompanhadas, elas querem mesmo é se divertir. "Se aparecer alguém é lucro - pode ser um pescador ou um tritão", conta Diw Ribeiro, 28. Elas esperam juntar um grupo de 30 sereias no total para curtir a folia. Clube das Sereias curte a folia antecipada no largo do Farol (Foto: Raquel Saraiva/CORREIO) O pescador Mateus Araújo, 25, veio acompanhando a namorada, Vitória Magno, 23. "Essa isca é minha", ele ri. A sereia responde rápido: "Eu que cantei e ele veio pra mim". Namorados há três anos, essa é a primeira vez que eles curtem o carnaval juntos.

Antonio Vincente, de 55 anos, optou por uma fantasia "importada do Rio de Janeiro" - o traje foi doada por um amigo que desfilou na Portela no ano passado. O bloco Pipoca do Guarda reúne familiares e amigos pela segunda vez no carnaval de Salvador. O "Carro de apoio", um isopor, carrega 150 latas de cerveja para “abastecer” as 30 pessoas até o final do circuito Sérgio Bezerra.

Maria Angélica, 28, é a líder do cardume. "Temos esse projeto para se vestir de sereias e nadar, fazemos muitas fotos. Agora resolvemos adaptar a cauda para vir para o Carnaval", comentou. Os primos Heitor Melo e Lucas Paiva se fantasiaram de Anitta-Vai-Malandra, com biquíni de fita isolante, e se destacaram na Barra (Foto: Raquel Saraiva/CORREIO)  O mentor do bloco Habeas Copos, que completa 40 anos neste Carnaval, dá nome ao circuito e é o homenageado na folia este ano. "É uma grande homenagem em vida. A minha história é longa, plantamos essa semente há 40 anos. Hoje temos 30 bandas, e em função do sucesso fomos contemplados com a oficialização da quarta feira", contou ele, que quer ampliar o número de grupos em 2019 e que as fanfarras sejam contempladas também nesta quinta-feira. O Habeas desfilou com 80 músicos e cerca de 1.800 foliões. Sérgio Bezerra acompanhado da esposa Taís. O mentor do bloco Habeas Copos também dá nome ao circuito (Foto: Raquel Saraiva/CORREIO) ***

Nordeste de Amaralina também faz folia de véspera A Rainha e as Princesas Plus Size do Carnaval também curtem a folia antecipada (Foto: Gil Santos/CORREIO) As ruas do Nordeste de Amaralina também estão tomadas de foliões a um dia do início oficial da folia. Entre as presenças ilustres no carnaval de bairro estão a rainha e princesas Plus Size do Carnaval deste ano, que também curtiram o som das bandinhas. "O Carnaval é o momento de mais alegria para todas nós. Ainda mais porque estamos representando as mulheres gordinhas", contou a primeira princesa Renata Trindade, acompanhada da rainha Joana Flora, 20, e da segunda princesa Roberta Melo, 36.

O ator Ronei Silva, 34, também resolveu inovar na fantasia. No meio da rua, surgiu como um super-herói pouco comum nas folias Brasil afora: um Cavaleiro do Zodíaco. Talvez a fantasia só seja compreendida por quem nasceu até a década de 90, mas está valendo. Ronei com as amigas BatGirl e Capitã América (Foto: Gil Santos/CORREIO) "O Carnaval é o momento que a gente tem para extravasar, sem medo do ridículo. É um tempo de brincadeira e alegria. Eu usei essa mesma fantasia na Barra, há uns dois carnavais, e fez o maior sucesso. Então pensei: por que não usar também no Nordeste, no meu bairro?", afirmou.

A terceira idade que mora no Nordeste também marcou presença. Para Zumerinda Pereira não tem tempo ruim. Com 70 anos ela era uma das mais animadas da festa. "Meu filho, eu nasci aqui e vi os primeiros carnavais do Nordeste. Essa festa é ótima.  Eu adoro esse bairro", afirmou, enquanto requebrava.  Sonia Mexe-mexe fez sucesso no desfile (Foto: Gil Santos/ CORREIO)  Já para a vizinha dela, Sonia Mexe-mexe, 61, não existe Carnaval melhor na cidade. "Eu nasci e me criei no Nordeste e não tem Carnaval melhor em Salvador. Essa festa é uma benção, é ótima", afirmou a idosa. "Pode colocar meu nome aí na matéria. Sonia Mexe-mexe. Se tiver outra é pirata", afirmou aos risos.

Apesar da festa, o bairro tentou manter a rotina. O comércio permaneceu aberto, apesar do pouco movimento. A dona de casa Alice Silva, 53, atravessou apressada a multidão e foi até a padaria da esquina. "É carnaval, mas a gente não pode deixar de comprar o pão, né, meu filho. Amanhã o pessoal levante de ressaca e não tem o que comer", respondeu apressada.

Outros moradores aproveitaram a festa para faturar uma grana extra. As irmãs Jaciene e Jeane Lima, de 25 e 23 anos respectivamente, colocaram dois isopores na porta de casa para vender cerveja. "A gente está desempregada, então, vamos aproveitar o Carnaval para tentar diminuir um pouco a crise", afirmou Jeane. Multidão acompanha o carnaval nas ruas do Nordeste (Foto: Gil Santos/ CORREIO) O secretário municipal de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco, destacou a importância do evento. “A alegria dos milhares foliões ao desfrutarem da festa, em clima de paz, demonstra que o Mestre Bimba está mais do que consolidado entre os circuitos oficiais do Carnaval”, afirmou.

Segundo Cândido Dias, presidente da Associação dos Blocos Carnavalescos do Nordeste de Amaralina (ABCN), há espaço para todos os estilos. "Temos blocos de fanfarra, samba, capoeira, infantil... Eu acho que é importante ter uma abertura para todos. Precisamos mesmo de coisas boas no bairro", disse. 

***

Barris também entra no clima

O carnaval já chegou ao bairro dos Barris. A noite segue animada no bairro nesta quarta, nas imediações da Biblioteca Pública, com os foliões do bloquinho de fanfarras Moraes e Moreira. Segundo os organizadores, a festa atraiu cerca de 700 pessoas. Muitas foram fantasiadas, levaram bonecos gigantes e até estandartes. Foliões se divertem durante desfile do Moraes e Moreira (Foto: Gil Santos/ CORREIO) O bloco foi criado há cinco anos com o objetivo de homenagear o cantor. A concentração acontece no tradicional bar Espanha e o bloquinho, sem cordas, segue pelas ruas do bairro, retornando para o ponto de partida. Esse ano o tema da festa foi: O índio é massa! 50 anos de apaches, em homenagem ao grupo do Tororó. Casal Fernanda e Lucio Urbanetto se divertiram na festa (Foto: Gil Santos/ CORREIO) A psicóloga Tatiana Rebouças, 32, participou pela primeira vez da festa e aprovou o resultado. Ela foi para o bloquinho com um grupo de oito amigos. "O bloco é maravilhoso. Tocaram várias marchinhas de carnaval. Adorei", afirmou Fernanda.

O desfile atraiu a atenção dos moradores que estavam em casa e até da sacada da varanda deu para balançar ao som das marchinhas.