Filme de ação estrelado por Will Smith estreia sexta na Netflix

Racismo e bullying são abordados em Bright, que mistura ficção científica, magia, elfos, humor e ação

  • Foto do(a) author(a) Laura Fernades
  • Laura Fernades

Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 10:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Matt Kennedy/Divulgação

Na polícia de Los Angeles, ninguém quer trabalhar com Nick Jakoby (Joel Edgerton), policial de pouca experiência que diariamente ouve piadinhas sobre sua cor. Nem mesmo seu parceiro, o veterano Daryl Ward (Will Smith), tem paciência para o rapaz esforçado que todo dia sofre com o racismo e o bullying dos colegas, mas faz o possível para não perder a boa vontade.

A história de Jakoby poderia facilmente ser confundida com a de um oficial negro na cidade americana, não fosse o fato desse policial ser um Orc: criatura azul e fantástica originada a partir da degeneração dos elfos. Marcantes nas obras de J. R. R. Tolkien (1892-1973), autor do clássico Senhor dos Anéis, os Orcs são soldados fortes de aparência bruta e é justamente essa criatura que protagoniza com Will Smith o filme Bright, nova produção da Netflix que estreia sexta (22).

Ao mostrar a dupla de policiais em ação, o filme reflete sobre amizade, raça, violência e preconceito, a partir de uma história de ficção científica com magia, elfos, doses de humor e bastante ação. “Bright é uma combinação bizarra entre Senhor dos Anéis e Dia de Treinamento”, resumiu o ator americano Will Smith, 49 anos, rindo durante o lançamento do filme em São Paulo.

“O filme explora o modo como a gente trata as pessoas”, reforçou o ator australiano Joel Edgerton (O Grande Gatsby/ 2013 e Rei Arthur/2004), 43 anos, que se transforma no Orc Jakoby após três horas e meia de maquiagem feita pela equipe vencedora do Oscar por Esquadrão Suicida (2016). Will concorda e ressalta que, em meio à crueldade na forma de um policial tratar o outro, há uma “pequena luz de bondade naquela amizade” que “é como água no deserto da necessidade de tratar as pessoas um pouco melhor”.

Para o diretor David Ayer (Esquadrão Suicida/2016 e Marcados para Morrer/2012), 49 anos, Bright é um filme incomum porque se passa no universo da polícia de Los Angeles com elementos “um pouco exóticos”. Apesar disso, o diretor garante que “o público terá uma ótima experiência” com Bright, cujo roteiro é assinado por Max Landis e a produção pelo próprio David, junto com Bryan Unkeless (Jogos Vorazes) e Eric Newman (Narcos).

Além da superprodução no estilo hollywoodiano, outro aspecto que se destaca em Bright é a trilha sonora que tem direção musical de David Sardy, produtor musical americano que já trabalhou com artistas como Oasis, Noel Gallagher, Chris Cornell, Red Hot Chili Peppers, Rage Against the Machine e The Rolling Stones.

Remédio com açúcar Uma patrulha noturna de rotina serve de pontapé para a história de Bright, que mostra dois policiais em uma parceria improvável. A jornada dupla inclui superar as diferenças pessoais e raciais, ao mesmo tempo em que precisam enfrentar a criminalidade de Los Angeles, a disputa entre as principais gangues e os ataques das forças do mal.

Ao longo da trama, o oficial Ward, que se julga superior, e Jakoby, primeiro policial Orc do mundo, vão precisar trabalhar juntos para proteger uma arma mágica que muitos julgavam esquecida e que pode destruir tudo, caso caia nas mãos erradas.

“Como afrodescendente, interpretar um policial que é racista com os orcs foi uma virada interessante”, revelou Will, destacando que a equipe tomou cuidado  para “não pegar muito pesado” na hora de abordar o tema no filme. “Isso é o que adoro na ficção científica: as coisas que você pode falar quando é um alienígena, um Orc, uma fada. É como se fosse um remédio que precisamos tomar, mas ele está coberto de açúcar e você nem se liga no nível do que está tomando e na função daquilo no mundo”, comparou Will, durante a pré-estreia de Bright na Comic Con São Paulo.

Irreconhecível na trama, por causa da preparação do personagem, que inclui uma máscara de látex e mais de três horas de maquiagem, Joel reforça que foi muito importante participar de um filme que fala “sobre ser julgado por sua aparência, não pela forma como você age”. O diretor David reforçou que o filme “é uma forma de olhar para os problemas do mundo sem pregar”.

“Infelizmente, há questões históricas com as quais ainda estamos lidando, especialmente nos Estados Unidos, e é muito difícil falar sobre isso. Minha esperança é que as pessoas abram os olhos, o coração e conversem sobre as coisas que estão acontecendo no mundo”, desejou David.

Questionado sobre como administrou o lado denso do filme com os momentos de humor, o diretor comparou Will Smith, “solar por natureza”, com Joel, que é mais “seco e bem-humorado ao seu modo”. “Você precisa de luz, se você for mostrar a escuridão às pessoas”, justificou.

Apesar do universo da magia ter forte presença no filme, Bright explora menos a origem e as histórias dessas criaturas, e muito mais a amizade entre os dois policiais. “Tem tanta coisa não explorada no filme...”, provocou Will, entregando seu desejo por uma sequência de Bright. “Vamos explorar mais esse universo se os fãs da série pedirem à Netflix. Precisamos dos fãs para fazer o segundo”, brincou.

*A jornalista viajou a convite da Netflix