Filosofia e taxistas honestos

Senta que lá vem...

  • D
  • Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2017 às 18:33

- Atualizado há um ano

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Estou ficando cada vez mais inviável – se é que existe algum mérito na viabilidade; mas estou cada vez mais aéreo e pouco funcional. As coisas do dia-a-dia, os compromissos de praxe, o feijão com arroz do cotidiano, resumindo: isto que chamamos de realidade, está ficando cada vez mais complicado para mim. O mínimo contato, por mais fortuito que seja, com a tal realidade, se constitui um bicho-de-sete-cabeças.

Encurtando a história: vou fazer a feira e esqueço a carteira no táxi. Se vocês leram um texto meu de um tempo atrás, o mesmíssimo problema se repetiu: ao voltar da feira, esqueço a carteira no carro de aluguel. E pasmem, outra alma caridosa, encarnada em um outro motorista (acho que tenho a proteção de São Cristóvão), bateu à minha porta ontem à noite e me devolveu a carteira com dinheiro e documentos do jeito que eu havia deixado. Mas essas almas caridosas desses dois taxistas – o de ontem e o de tempos atrás -, não fazem parte da realidade fascista, imoral e corrupta do balaio-de-gatos brasileiro.

E por uma conjunção cósmica, volta e meia, sempre me esbarro em brasileiros como Dário Tadeu. Estupefato pela hombridade do seu ato, tentei agradá-lo com 50 reais. Quem disse que Dário Tadeu aceitou? “O senhor só me deve 15 reais da corrida até aqui. Foi um trabalhão descobrir o passageiro esquecido”. Comovido, me derramei em agradecimentos. Dário Tadeu nem prestou atenção aos meus salamaleques. “Não fiz mais que a minha obrigação, senhor. Fique mais atento”. E entrou no seu táxi para encarar a praça noturna. São Cristóvão, se você existe, proteja Dário Tadeu por mim. Amém.

Texto publicado originalmente no Facebook e republicado com autorização.