Fim de linha de Tancredo Neves fica sem ônibus após ataque

Houve duas novas tentativas de ataques a ônibus na manhã deste sábado (12) que acabaram frustradas, uma em Marechal Rondon, e outra na Estrada das Barreiras

Publicado em 12 de agosto de 2017 às 11:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO
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Os ônibus estão sem entrar na rua Bahia na manhã deste sábado (12) e, consequentemente, não estão chegando ao final de linha do bairro de Tancredo Neves, após um ônibus ser queimado na noite de sexta-feira (11), no local. Apenas os micro-ônibus do transporte complementar circulam na região. Além do ônibus, as chamas destruíram totalmente duas kombi que estavam estacionadas na rua. Outros dois carros, um modelo Meriva e um Ford Ka, foram atingidos parcialmente pelo fogo. 

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As chamas afetaram ainda a fiação de fibra ótica do local, deixando parte dos moradores das ruas Bahia e Paraíba sem internet e sem telefone. "O cabeamento foi todo destruído. Temos um prejuízo estimado em R$ 40 mil", informa Antonio Santigo, técnico da empresa Líder Telecom, de cabeamento de fibra de rede, que fazia os reparos na área. Ainda não havia previsão de quando o serviço seria normalizado. Duas kombis ficaram destruídas durante ataque a ônibus no bairro de Tancredo Neves na noite de sexta-feira (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) "Os meus vidros estouraram todos, o forro também foi consumido e está todo desrtruído. A tubulação também não presta mais e ainda fiquei com a casa toda suja. O medo aqui é tão grande que tenho medo até de falar, aqui tem olheiro", diz a dona de um imóvel que fica próximo ao local onde as kombis foram incendiadas, e preferiu não se identificar. Ela contou ainda que as chamas foram tão altas que atingiu até o último andar do imóvel. 

Um comerciante da área, que também não quis se identificar por medo de represálias, contou que cerca de dez homens participaram do ataque ao ônibus. "Os caras chegaram atirando para cima, eram uns dez homens que puseram fogo. Só estavam no ônibus o motorista, o cobrador e uma passageira e todos foram obrigados a sair". Apesar dos ônibus não estarem circulando, o comércio funciona normalmente no local. "Vou abrir, não tem jeito. Preciso do meu ganha pão. Vou abrir e pedir misericórdia a Deus". Uma senhora que mora na rua e também preferiu não se identificar destacou que não é a primeira vez que isso ocorre no local. "Já é a segunda vez", lamentou.

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Os ônibus estão fazendo o final de linha em no Conjunto Arvoredo. "Em menos de 24 horas já queimaram dois ônibus e isso pode vitimar pessoas. É um desejo da categoria colocar o final de linha no Arvoredo, porque sempreque acontece incêndios, os ônibus são deslocado para lá.  O local aparentemente dá a sensação de segurança", declarou Daniel Mota, diretor de imprensa do SIndicato dos Rodoviários.

De acordo com o diretor adjunto de saúde e segurança do Sindicato dos Rodoviários, Pedro Celestino, os ônibus só devem voltar a cirucular no final de linha após a categoria voltar a ter a sensação de segurança no local. "É um mecanismo para salvaguardar  a categoria, tirando ela dessa zona de conflito e buscando impactar de forma mínima na vida da sociedade. Só vamos voltar à normalidade quando sentirmos a sensação de tranquilidade e paz no local", informou. 

Ele lamentou ainda o fato de Salvador ter sido vítima constantemente dessa modalidade de crime, os ataques a ônibus. "Quando os bandidos querem mandar recado, eles usam os ônibus com outdoor. Estamos em meio a uma guerra urbana em que estamos ali vulneráveis", disse. Ele informou ainda que na manhã deste sábado houve outras duas tentativas de ataques a ônibus. "Foi uma entre Pirajá e Marechal Rondon e outra na Estrada das Barreiras. Na de Pirajá, os meliantes interceptaram o ônibus, os passageiros chegaram a descer, mas apareceu uma guarnição, que impediu que houvesse o ataque. Já na Estrada das Barreiras, os meliantes se assustaram com a reação dos passageiros e desisitiram da ação", informou Celestino.

Ainda de acordo com Celestino, neste sábado, a diretoria do sindicato vai percorrer alguns bairros para ver como está a questão da segurança para a categoria.  "Ontem tinha um aparato policial muito bom em Tancredo Neves, mas a polícia não é onipresente, ela não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo. É preciso ter o rescaldo, manter o efetivo para garantir a segurança e tranquilidade. Há um poder paralelo ditando as ordens, mandando até igreja fechar, e a Secretaria de Segurança Pública precisa dar uma resposta à altura", acrescenta.

A Secretaria de Segurança Pública informou que a polícia já identificou os responsáveis pelo ataque a ônibus no bairro de Tancredo Neves e o policiamento na área foi reforçado. Enquanto a equipe do CORREIO estava no local, um helicóptero do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer) sobrevoava a área e duas viaturas foram vistas fazendo rondas na região.