'Foi covardia!', dizem familiares de Truck, tatuador de Kannário

Durante enterro, comunidade protestou e clamou por Justiça: 'Menino bom, humilde e respeitador', afirmou pai do tatuador, morto ao sair do estúdio de tatuagem

  • Foto do(a) author(a) Alexandre Lyrio
  • Alexandre Lyrio

Publicado em 18 de fevereiro de 2018 às 17:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO

Comunidade do Alto de Coutos lotou Cemitério de Periperi e protestou contra o assassinato de Truck Tatoo: 'Queremos justiça!' (Foto: Alexandre Lyrio)  Uma comunidade revoltada, uma mãe devastada e um pedido em coro: “Justiça, justiça, justiça!”. Os depoimentos de parentes e amigos do tatuador Joelson Santos, 28 anos, conhecido como Truck Tattoo, intrigam ainda mais sobre os motivos de seu assassinato. Durante o enterro do corpo de Truck Tattoo, no Cemitério Municipal de Periperi, muitos protestaram e reafirmaram que o tatuador não tinha qualquer ligação com o crime.

“Não foi acerto de contas, não foi tráfico, não foi nada! Foi covardia mesmo”, gritou uma das tias do rapaz, que sustentava a mãe de Truck Tattoo. Esta, por sua vez, só conseguia gemer e soluçar, além de repetir uma frase: “Meu filho é trabalhador. Meu filho é trabalhador”. E, pelo que disseram não só parentes, mas também vizinhos e amigos de infância, era mesmo. “A gente está sem entender. Vivia para trabalhar. Conquistou tudo o que tinha com suor. Só posso crer que foi inveja. Ele tinha acabado de reformar o estúdio”, disse Josimar Santos, um dos primos do tatuador.

"Isso não vai ficar assim. Quem fez isso não vai ficar impune. Matou um homem de bem e destruiu uma familia", gritaram familiares para a câmera de uma TV. "Menino bom, humilde e respeitador", engrossou o coro o pai do rapaz, Joel Fernando dos Santos. Truck Tattoo foi morto a tiros na noite de sexta-feira (16), no bairro de Alto de Coutos. O crime aconteceu por volta das 22h30, na Rua Campo Pitanga, logo depois de Truck deixar o estúdio de tatuagem.

“Ele tinha acabado de me deixar em casa, dizendo que ia voltar no estúdio para pegar alguma coisa. Depois, ele não me respondeu mais”, contou um parente, que preferiu não ser identificada. ”Todo mundo está surpreso com o que aconteceu, não tinha inimigos. Quem chegava no estúdio ele tatuava, de traficante a polícia”, completou.

Um vizinho de Truck, que garantiu ter testemunhado o crime, disse ao CORREIO que as circunstâncias indicam que a ação foi motivada por vingança. “Os tiros foram muito certeiros. Os caras chegaram de moto e já foram atirando, nem falaram nada”, relatou. A questão é entender que tipo de vingança motivou o assassinato, já que Truck não tinha inimigos. Outro vizinho, que também mora bem perto de onde tudo aconteceu, deu uma pista. “A única coisa que a gente consegue imaginar é mulher. Ele pode ter se metido com a mulher dos outros. O que não justifica um crime bárbaro desse”.

Tatuador de Kannário Truck Tattoo ficou conhecido após aparecer no programa Universo Axé, da TV Aratu, fazendo tatuagens ao vivo. Também ficou famoso por ser o tatuador do cantor e vereador Igor Kannário. O tatuador utilizava um perfil no Instagram, com mais de 20 mil seguidores, para divulgar os trabalhos e momentos da vida pessoal. Em algumas fotos, ele aparece com famosos como MV Bill e próprio Igor Kannário. Homenagem de parentes e amigos de Truck Tatoo estampada na camiseta (Foto: Alexandre Lyrio) O corpo de Truck Tatoo foi velado em uma associação de Alto de Coutos. De lá, um cortejo de carros, motos e até um ônibus seguiu pela avenida Afrânio Peixoto (Suburbana). Todos subiram a pé, carregando o caixão, a ladeira que dá acesso ao cemitério. Inclusive a mãe do tatuador, Isabel dos Santos Macedo, uma senhora de 60 anos que era sustentada pelo filho. “A mãe morava com ele. Ele sustentava a mãe e pagava a pensão do filho. Agora todos estão desamparados. E o assassino, onde está?”, perguntou o primo.

De acordo com a Polícia Militar (PM), na noite do crime uma equipe da 18ª Companhia Independente (CIPM/Periperi) esteve no local, isolou a área e aguardou a chegada da polícia técnica. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a autoria e motivação do crime estão sendo investigadas pela 3ª Delegacia de Homicídios.