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Publicado em 12 de outubro de 2017 às 05:00
- Atualizado há um ano
Carlos Alberto Parreira foi autor de uma frase que seria enaltecida pelos jogadores da Seleção após a vitória sobre a então temida Espanha, na final da Copa das Confederações de 2013, no Maracanã. “Futebol tem hierarquia”, disse o técnico do tetra na preleção daquela partida. Horas depois, não teve tiki-taka certo: o Brasil sapecou 3x0 no time de Xavi e Iniesta.
Parreira cunhou a frase em tom motivacional. Então coordenador técnico da Seleção treinada por Felipão, ele tinha como objetivo fazer Fred, Hulk, Neymar, o goleiro Júlio César e companhia acreditarem que o Brasil não deixava a desejar na comparação com a atual campeã mundial, que, depois do título suado e repleto de 1x0 do início ao fim na Copa da África do Sul, tinha virado modelo de futebol bem jogado. Era o contexto da época.
Agora não mais. Uma Copa e 7x1 depois, a referência de futebol bem jogado está no modelo intenso e acelerado da Alemanha (e também do Brasil de Tite, por que não?). Mas a frase de Parreira é atemporal. Na hora do aperto, Messi colocou o Equador no lugar dele e a Argentina no dela, que é dentro da Copa.
Pena que a Fifa não pense assim. E dando ao ranking da entidade um peso que ele não deveria ter, o transformou em parâmetro para definir os cabeças de chave do Mundial, o que já havia feito no Brasil-2014.
Resultado: um dos cabeças de chave é a Polônia, que vai disputar a Copa apenas pela oitava vez (a Rússia sediará a 21ª edição do torneio) e que só foi relevante no futebol mundial durante as gerações de Lato e Boniek, 3º lugar em 1974 e 1982, respectivamente. Ainda que o ranking seja uma forma de evitar que as seleções “vivam do passado”, cabe a pergunta: o que a Polônia fez recentemente para ser considerada a sexta melhor seleção do mundo? Nada. Caiu nas quartas de final da Eurocopa no ano passado.
Assim como a Bélgica, quinta melhor do mundo segundo a Fifa e também cabeça de chave do próximo Mundial. A Suíça, eliminada nas oitavas de final da Copa de 2014 e também da última Eurocopa, aparece em sétimo no exótico ranking da Fifa. E a Holanda, mesmo tendo sido vice-campeã no Mundial de 2010 e 3ª colocada em 2014, ocupa o 29º lugar no tal ranking. Os holandeses, de qualquer maneira, não classificaram.
O ranking da Fifa é definido pela média ponderada dos últimos quatro anos, com o ano atual pesando mais no resultado. Além do resultado de cada partida, também é levado em consideração o peso do jogo, a posição do adversário no ranking e a confederação a que o adversário pertence. Com isso, disputar amistosos contra times fracos acaba sendo prejudicial para uma seleção que está bem posicionada, pois vai contar poucos pontos e empurrar a média para baixo.
Dessa distorção vem a próxima: o ranking tira o sentido do próprio conceito de cabeça de chave, criado para evitar o confronto entre as melhores seleções logo na fase de grupos. Mas a partir do momento que uma Polônia da vida fica na frente de Espanha, Itália, França, Uruguai, o que acontece é justamente o contrário: aumenta consideravelmente a chance de haver um duelo de titãs na primeira fase. Apenas quatro campeões mundiais (Brasil, Alemanha, Argentina e França) serão cabeças de chave em 2018. Os outros serão Polônia, Bélgica, Portugal e Rússia, esta por ser o país anfitrião.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.