Ganhadeiras de Itapuã recebe convidadas na Caixa Cultural

Grupo divide palco com Larissa Luz, Juliana Ribeiro, Anelis Assumpção e Virgínia Rodrigues, em shows de quinta (23) a domingo (26)

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 06:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Chica da Silva é uma das personagens mais populares da história do Brasil. Não à toa, sua trajetória ganhou a televisão, o cinema e diversos espetáculos como o Negra É a Voz - Toda Mulher é Meio Chica da Silva, que será apresentado, de quinta (23) a domingo (26), na Caixa Cultural, no Centro, com uma série de quatro shows.

Protagonizado pelo grupo As Ganhadeiras de Itapuã, o projeto tem como mote o empoderamento feminino negro e recebe como convidadas as cantoras Larissa Luz, Juliana Ribeiro, Anelis Assumpção e Virgínia Rodrigues. Mas quem é mesmo Chica da Silva e porque tantas homenagens a essa brasileira que rompeu padrões do século XVIII?

Filha de um branco com uma escrava, Francisca da Silva nasceu entre 1731 e 1732 no Arraial do Tijuco, atual cidade mineira de Diamantina. Mesmo escrava, ela se envolveu com os homens mais poderosos da sua época. Chica ganhou fama e fortuna ao conquistar o coração de um deles, João Fernandes de Oliveira, contratador de diamantes que permitiu sua alforria e com quem teve 13 filhos.

A partir da história dessa “escrava que virou rainha”, o grupo As Ganhadeiras de Itapuã presta um tributo ao empoderamento da mulher negra, em suas apresentações. Com repertório que une cantigas e sambas de roda das anfitriãs às músicas de cada uma das convidadas, o projeto reforça a mensagem que “lugar de mulher é onde ela quiser”.

“O projeto Negra É a Voz convida quatro vozes potentes de mulheres negras. O poder da voz independente de ser no palco, dentro de casa, ao comandar suas famílias. Toda mulher é meio Chica da Silva: a ousadia que ela tinha de estar à frente da sua geração e não aceitar estar na posição de escrava”, explica a sambadeira Verônica Raquel Santana, diretora do patrimônio das Ganhadeiras de Itapuã.

União feminina A cantora baiana Larissa Luz é a primeira convidada do grupo, na quinta, e Juliana Ribeiro é quem empresta sua voz na sexta. Já a paulista Anelis Assumpção marca o show de sábado e a baiana Virgínia Rodrigues encerra, no domingo, o projeto idealizado e realizado pela jornalista Elaine Hazin, diretora da Via Press Comunicação.

“As Ganhadeiras já vêm dessa história de encontro de gerações. Larissa vem com um  trabalho supercontemporâneo, Juliana com o samba, Anelis que é uma potência e Virgínia com um estilo mais lírico e experiente”, destaca a sambadeira Verônica Santana.

Além dos shows, o projeto Negra É a Voz conta com um bate-papo gratuito com a jornalista e digital influencer Tia Má, na própria quinta, às 17h. A convidada, que soma mais de um milhão de visualizações no YouTube, vai abordar temas como a afetividade e solidão da mulher negra, com a socióloga Vilma Reis, a cantora Nara Couto e a ialorixá Mãe Jaciara. 

O evento, destaca Tia Má, “é uma forma da gente se retroalimentar e perceber que não estamos sozinhas”. “O racismo é tão cruel que faz a gente pensar que estamos sozinhas. É nesses encontros gostosos que percebemos que precisamos seguir em frente. O afeto é revolucionário”, defende.

Ao mesmo tempo, Tia Má pondera a concentração desses eventos no Mês da Consciência Negra. “Novembro é um mês que as pessoas negras são extremamente requisitadas. Parece que lembram que a gente só é preta nesse mês. Mesmo assim, acho fundamental essa quantidade de atividades, porque é um momento de falar das nossas dores e celebrar nossas conquistas”, pondera.

Negra é a Voz Show: As Ganhadeiras de Itapuã Quando: De quinta a sábado,  às 20h, e domingo, 19h e 20h Onde: Caixa Cultural (Rua Carlos Gomes, 57, Centro | 3421-4200) Ingresso: R$ 10 | R$ 5. Vendas: na bilheteria, a partir das 9h de quinta-feira (23)