Garota da base: Narandiba elege sua representante para concorrer a final do concurso

Gyselle Islanda, de 16 anos, garantiu o primeiro lugar na semifinal; última etapa do Garota BSC acontece em novembro

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 30 de setembro de 2017 às 23:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/ CORREIO
Vencedora do concurso passado, Luana Souza também desfilou no Afro Fashion Day e agora está morando na Itália por Foto: Evandro Veiga/ CORREIO

Simpatia, beleza e elegância deram a estudante Gyselle Islanda, de 16 anos, o passaporte para representar o bairro de Narandiba na etapa final do Concurso Garota Base Comunitária de Segurança (BCS). Promovido pela Secretaria da Segurança Pública, por meio da Polícia Militar, Gyselle disputou com outras dez candidatas a semifinal que concentrou moradoras dos bairros de Narandiba, Cabula VI, Saboeiro e Doron. “A sensação é maravilhosa, eu não esperava. E agora estou aqui e ganhei. Tem muita beleza escondida na periferia que precisa ser mostrada”, afirmou. 

Incentivada pelo pai, o promotor de vendas Gilson Lima era só alegria com a vitória da filha: “A ficha não caiu ainda. Ela já é um exemplo para várias garotas do bairro”, ressaltou  orgulhoso. “Ele que me disse que eu era bonita e que deveria participar. Aí me joguei”, acrescentou Gyselle, que além de representar o bairro na final que acontece em novembro, também ganhou uma bolsa de estudos em uma escola de inglês por um ano e um book fotográfico.

 O segundo e o terceiro lugar, respectivamente ficaram com as meninas Thaila Souza, de 18 anos e Danile Lima, 17. “Oportunidades como estas chegam para mudar a visão da comunidade e do que as pessoas acham que é a periferia”, pontuou Thaila, que vai continuar participando de outros concursos de beleza daqui para frente. 

A seletiva acontece ainda em 10 outros bairros da capital e mais seis no interior, somando 18 participantes que devem disputar a grande final. Para o comandante da BCS Narandiba, capitão Alã Carlos, a iniciativa tem como objetivo aproximar cada vez mais a polícia da comunidade. “Essa é justamente a proposta do concurso. Queremos integrar e unir a comunidade, fazer este trabalho de sensibilização que é muito importante para o empoderamento destas meninas ao estimular que a comunidade se veja de outras formas e enxergue suas potencialidades”, considerou. 

As meninas desfilaram em traje de banho e gala conquistando logo o carinho da torcida. Uma das juradas, a Miss Bahia 2013, Priscila Santiago deu a receita para vencer a disputa: “A gente sempre analisa todo o conjunto físico, mas uma das coisas que eu acho mais importante nesses concursos é a simpatia destas meninas e de como elas conquistam os jurados”. 

[[galeria]]

Luz na passarela

Na última edição, o título de Garota BCS ficou com a estudante Luana Souza, de 16 anos, que também esteve na seletiva para dar uma força e inspirar as meninas. “Quem mora na periferia e é negra sabe o quanto é difícil realizar um sonho, mas com fé a gente tem tudo”, garantiu. De Itinga para o mundo, Luana está morando na Itália e está resolvendo a questão dos documentos para começar a ser agenciada no exterior.  

“Sempre foi um sonho, desde quando eu brincava com os sapatos de salto alto da minha prima. Eu não gostava muito do meu sorriso e não simpatizava com a PM, mas o concurso me ensinou a gostar de mim e a descobrir que a polícia não é só aquilo que a comunidade costuma ver. Minhas amigas insistiram muito para eu participar do concurso e fui quase obrigada, mas não me arrependo. Agora é seguir o meu sonho e confiar em Deus que vai dar tudo certo”.

A modelo também marcou presença nas passarelas do Afro Fashion Day, promovido pelo CORREIO, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. “Espero que elas representem a comunidade e o bairro delas e mostrem na passarela que a beleza que vem da periferia pode não ser vista por todo mundo mas sim, ela existe”.