Há motel na cadeia: toca Waaando!

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  • Malu Fontes

Publicado em 12 de março de 2018 às 09:02

- Atualizado há um ano

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O humor, o amor ou a ironia não param de repetir por aí: há amor no Tinder. Se há ou não há, só quem pode dizer é quem achou por lá algo parecido com a versão contemporânea da outra metade da laranja, essa expressão quase grega, de tão antiga. Mas parece que há amor na cadeia, em Benfica, no Rio de Janeiro, onde estão muitos dos presos do estado pegos pela Operação Lava Jato. Seis suítes de motel foram “descobertas”, entre aspas mesmo, dentro da cadeia onde até dezembro o ex-governador Sérgio Cabral desfrutava de uma lista de privilégios aos quais só tem acesso os presos que podem pagar duplamente por eles.

Para se ter privilégios na cadeia é preciso comprá-los duas vezes. Primeiro compra-se fora delas, no caso nas melhores casas do ramo, de onde vinham queijos, vinhos, aparelhos eletrônicos, televisão de plasma de 60 polegadas, acepipes importados e que tais. Depois é preciso comprar funcionários do sistema prisional para que não haja impedimento e as compras cheguem sem retenção às celas, para o desfrute de quem as pagou. Descoberto cheio de compras, de coisas a pessoas, Sérgio Cabral foi levado algemado para Curitiba, onde, até o que se sabe, não vem comprando nada.

Calcinhas Como ultimamente está difícil para as outras cidades brasileiras competir com as manchetes produzidas no Rio, eis que o general responsável pela intervenção federal na cidade teve que sair dos seus cuidados. Foi preciso deixar de lado por uns instantes os tiroteios para lidar com fogo e paixão, assunto que tem mais a ver com a obra de Wando, o cantor atirador de calcinhas morto em 2012, do que com a segurança pública do Rio. Não deixa de ser engraçado, não fosse a tragédia da realidade prisional brasileira, ver na TV um general todo paramentado, com a indumentária camuflada do Exército brasileiro, dando explicações à imprensa sobre corações em paredes, espelhos no teto, luzes vermelhas piscantes, camas boxe em seis suítes dentro de uma cadeia. Sim, legalmente há o expediente do direito à visita íntima. Segundo o que se veiculou durante a semana, há na cadeia de Benfica 27 presos com direito à visita, entre esses muitos da Lava Jato.

Outro jato O que causou estranheza foi o fato de haver meia dúzia de suítes detalhadamente montadas para os encontros sexuais, a existência dos elementos decorativos dos quartos e as suspeitas de que não só muito mais que 27 presos usavam os espaços, como muitos usuários não eram sequer presos, mas funcionários do sistema carcerário. Acham pouco? Tem mais detalhes sórdidos: até agora prevalece a tese de que os espaços não foram montados para receber namoradas ou companheiras dos presos, mas prostitutas e garotas de programa, agendadas com o auxílio dos funcionários do estado ou por telefone, cuja entrada nas celas também é facilmente comparável aos servidores públicos. 27 pessoas foram demitidas no dia seguinte à tal descoberta.

No contexto das suítes vermelhas, com direito ao clichê de corações gigantes pintados de tinta também rubra nas paredes, foram encontrados R$ 10 mil em espécie, em celas de presos da Lava Jato, embora não se tenha dito nas de quem. Não é à toa que a Brasileirinhas, hoje a maior produtora de filmes pornôs do país, tem investido nos dois últimos anos numa safra de roteiros inspirados na operação comandada por Sérgio Moro. Como a criatividade brasileira é insuperável, os produtores batizaram essa série temática dos filmes de “Leva Jato”, deixando bem claro a que outro tipo de jato se referem. É Brasil: é tiro, é cadeia, é fogo, é paixão. Toca Waaaando!