Harmonia do Samba faz a Barra pegar fogo ao som do pagode

Sob comando de Xanddy, a banda faz todo mundo se balançar

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 11:00

- Atualizado há um ano

"Comando, comando, comando, comando, comando, Harmonia passando, o povo se jogando". Foi exatamente o que aconteceu no domingo de carnaval (11) na Barra. Por onde o Harmonia passava, parecia que dava um troço em quem estivesse ouvindo. Nos camarotes, em cima do trio, na rua ou na praia, ninguém resistiu aos comandos, voz e rebolado do comandante Xanddy.

O líder da banda tem um talento natural para puxar a galera, e toma conta da Barra sem fazer esforço. Xanddy tem talento e carisma, e o Harmonia tem sucessos. A combinação perfeita para incendiar a Barra. Uma reboladinha entre um refrão e outro é suficiente para arrancar gritos apaixonados.

Dá para entender porque o Harmonia é sucesso há 24 anos em Salvador - os ensaios na Melhor Segunda-feira do Mundo, realizados antes do carnaval, por mais um ano lotaram o Wet’n Wild. Parece que o pagode da banda passou incólume, e requebrando, às crises que o axé e a economia vem enfrentando. (Foto: Elias Dantas/Ag. Haack) A resposta dos foliões ao cantor é absolutamente encantadora. Parece uma torcida, como ele mesmo diz. E mesmo quando ele pára de cantar e chama um fã para comemorar os 15 anos do Meu e Seu sob regência do Harmonia, o bloco não esfria.

“Não tem cantor melhor. Xanddy puxa o trio como ninguém e é o mais bonito de todos”, diz uma fã que tem o logo do Harmonia tatuado no ombro.

No chão a folia era ainda melhor. Nem pra comprar uma cerveja o povo parava de requebrar. Todas as músicas eram cantadas em uníssono e as coreografias pareciam ensaiadas. A animação generalizada lembra os blocos passando pela Avenida nos anos 90, quando a música baiana e o carnaval de Salvador estavam no auge.

O Meu e Seu estava lotado, e com abadás esgotados para o domingo. Diferente de outros blocos que passaram na Barra, a maioria dos foliões do bloco era baiana - e isso pode explicar em parte o clima maravilhoso no chão, dentro e fora da corda. Os foliões curtiram com tranquilidade, mesmo na hora do aperto. (Foto: Elias Dantas/Ag. Haack) “Gosto mais ou menos de Harmonia”, disse um folião de 8 anos que não parava de dançar. Ele estava pulando pela primeira vez atrás de um trio. A mãe olha e ri. “Imagine se gostasse muito”.

O melhor de ver o Harmonia passar é sentir o prazer genuíno em curtir o carnaval. Os foliões cantavam todas as músicas, dançando e obedecendo aos comandos de Xanddy. Ali não tinha preocupação com selfies e ostentação de abadá - o povo tomava uma e requebrava do jeito que a música mandava.

O melhor local para ficar de boas vendo o trio passar, segundo Xanddy, é a praia. “Galera comendo uma farofa, tem camarote melhor que esse?”, ele brinca. O cantor também faz a festa da pipoca. O trio pára em frente ao Beco da Off, ou Beco das Cores para os mais novos, e adultos e crianças caem no balanço. Uma confusão ameaça acontecer - pipoca dançando de um lado, bloco do outro e cordeiros sendo esmagados.“Se eu vir algum cordeiro puxando briga, vou mandar tirar a camisa e sair na hora. Eu quero que a segurança inteira proteja tanto o bloco quanto a pipoca”, ordena o comandante.Uma cordeira reclama do trabalho. “O som tá massa, mas a gente só tem direito à água quente e nem ganhou luva. Tá horrível trabalhar assim”, diz ela, que não quis se identificar. Outras fazem coro, apoiando. Mais à frente do trio, uma que conseguiu a luva só comemora - e requebra. “Não tem bloco melhor pra trabalhar que esse aqui não”.

Atualmente, Xanddy é um dos melhores puxadores de trio, e tem um público que corresponde à altura. Espetáculo bonito de ver e maravilhoso de participar. O pôr-do-Sol emoldurou a passagem do bloco no circuito Dodô. E a Barra pegou fogo ao som do Harmonia!