HGE 2 começa a receber pacientes nesta terça (27) e deve extinguir fila de cirurgia

Com R$ 86 milhões em investimento, nova unidade deve liberar centro cirúrgico do HGE 1 apenas para emergência

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  • Alexandro Mota

Publicado em 26 de setembro de 2016 às 15:40

- Atualizado há um ano

A inauguração do Hospital Geral do Estado 2 (HGE 2), uma espécie de ampliação do HGE, no bairro de Brotas, em Salvador, deve representar uma maior agilidade no atendimento de média e alta complexidades no estado. A cerimônia de entrega ocorreu na manhã desta segunda-feira (26) e, amanhã, o novo prédio receberá os primeiros pacientes.

Segundo o diretor médico do HGE, Jorge Matheus, atualmente o hospital tem uma fila de cerca de 30 a 40 pacientes que aguardam o chamado “segundo tempo cirúrgico” – que não são cirurgias de emergência. A expectativa é que essa fila seja atendida em dois meses com o novo equipamento e depois disso seja extinta. 

"Hoje, a gente tem um centro cirúrgico que não comporta apenas a cirurgia de urgência e a gente precisava de um equipamento para dar vazão às cirurgias depois da cirurgia do primeiro tempo. Por vezes suspendemos sete, oito vezes o procedimento por falta de vaga nos centros cirúrgicos porque a emergência não para de chegar (paciente)", afirma Jorge Matheus.Antes disputados no HGE 1, centros cirúrgicos reduzirão demanda (Foto: Camila Souza/Divulgação GOVBA)Segundo o médico, a nova estrutura vai implicar inicialmente na redução do tempo de permanência do paciente na internação, reduzindo inclusive as chances de infecção hospitalar, e faz com que o complexo de hospitais se torne autossuficiente, sem precisar de regulação. A inauguração também vai permitir o início de uma reforma no antigo hospital.

"Eu diria que vamos promover uma modernização das unidades, progressivamente, a partir das unidades de queimados, e vamos colocar o HGE 1 no mesmo padrão desse aqui. Nós não vamos fechar leitos e deixar a população desassistida, vai ser ala apor ala", afirmou o governador Rui Costa durante a entrega da nova unidade médica.

A nova estrutura conta com oito pavimentos e 14 mil metros quadrados de área construída. Foram investidos R$ 86 milhões em obras, equipamentos e aparelhagem. São 11 salas cirúrgicas e 161 novos leitos, sendo 52 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – 40 para adultos, oito para pacientes pediátricos e quatro para pacientes queimados –, além de 34 leitos de cuidados intermediárias. Segundo o governo estadual, foram contratados 1.200 profissionais para atuar no HGE 2 que se somam aos 3 mil trabalhadores do HGE 1. 

“Mais importante que o investimento na construção ou nos equipamentos é o investimento no custeio. No passado e no presente os gestores públicos fogem em investir naquilo que gera custeio”, ponderou Rui Costa.  Em um ano o custo de manutenção, pessoal, medicamentos e equipamentos do hospital supera o investimento inicial, com um gasto médio de R$ 10 milhões por mês. Segundo o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, o Ministério da Saúde não tem revisado, nos últimos anos, os repasses necessários a esse tipo de unidade e com isso a expectativa é que o próprio governo estadual arque com esse valor.

Diretor pede restrição de atendimento para casos de traumasApesar da ampliação das estruturas, o diretor-geral do HGE, André Luciano Santana de Andrade, afirmou que espera que não haja o crescimento do número de atendimentos – atualmente o HGE realiza 300 atendimentos médicos por dia.

Aproveitando a presença do governador e do secretário, André Luciano fez uma espécie de campanha para que o HGE seja mantido como unidade especializada em traumas e que a rede direcione outros tipos de atendimento de emergência para a rede de Unidades de Ponto Atendimento (UPAs).

“Não tem previsão de aumento (de número de atendidos) e eu espero que não tenha. Ao longo dos 13 a 14 anos que estou à frente do HGE o número de atendimento vem diminuindo. O HGE não é para atender dor de ouvido, unha encravada... Mas esse número também pode ser relativizado já que aumentou e muito a complexidade (do quadro de saúde dos pacientes que chegam a emergência)”, afirmou.

Obras atrasaram pelo menos nove mesesO HGE 2 recebeu ordem de serviço para início das construções em abril de 2013, na gestão do então governador Jaques Wagner. Segundo Vilas-Boas, a obra era para ser entregue em dezembro de 2015, o que significa um atraso de nove meses. O prazo dado pela equipe de Wagner, no entanto, era de um ano a partir de 2013. 

A demora na entrega, segundo o secretário, foi por conta dos ajustes e do que ele classificou como lentidão dos processos de licitação. “O hospital começou a ser construído em 2013, o prédio ficou pronto no final de 2014 e, em 2015, entramos para programar a inauguração e ficamos, como acontece, com pequenos erros construtivos, de projeto, que precisavam ser adaptados. Aqui é um hospital público, e tem que fazer licitação de tudo e são milhares de item”, justificou o secretário. Humanização da ala infantil contou com desenhos nas paredes (Foto: Camila Souza/Divulgação GOVBA)EstruturaAcompanhado de políticos, o governador convidou os jornalistas para percorrer as instalações da unidade. No local se percebe que houve uma preocupação de decorar os ambientes com imagens de pontos turísticos da capital e principalmente há uma ambientação mais dedicada na ala infantil, com salas com brinquedos e desenhos coloridos plotados nas paredes.

A nova unidade, segundo o governo, também terá uma sala exclusiva para transplantes potencializada pela característica do HGE 1 - hospital com maior potencial de captação de órgãos no estado, por conta do perfil de vítimas de morte cerebral decorrente de trauma.

Outra novidade é o novo Centro de Queimados, que será o mais moderno do país, de acordo com o governo do estado, e uma sala cirúrgica destinada exclusivamente para transplantes, o que irá contribuir para dar mais agilidade ao processo de captação de órgãos, pois não haverá mais a necessidade de aguardar vaga no centro cirúrgico geral. O governo divulgou, através de sua assessoria, que no Brasil apenas o hospital filantrópico Sírio-Libanês, em São Paulo, possui equipamentos equivalentes aos adquiridos para o HGE 2.