'Hoje foi o dia mais difícil da minha vida', diz deputado Marcelo Nilo

Parlamentar contou que foi surpreendido com a presença da PF e MP em operação de busca e apreensão

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  • Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2017 às 16:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

O deputado estadual Marcelo Nilo (PSL) disse nesta quarta-feira (13) ter sido surpreendido com a presença da Polícia Federal e de integrantes do Ministério Público Estadual (MPE), na sua casa, no Horto Florestal, para uma operação de busca e apreensão. "Foi uma violência inominável. Foi uma violência contra um parlamentar de 28 anos de vida pública... É inacreditável que nós parlamentares passemos por situações vexatórias, constrangedoras. Nada na vida vai reparar o que eu passei hoje. Perdi meu pai, perdi minha mãe, meu irmão, mas hoje, se me permitem, é o dia mais difícil da minha vida", definiu o parlamentar, durante pronunciamento na Assembleia Legislativa.

A Operação Opinião também investiga mais duas pessoas: um diretor da Embasa e Genro do deputado, Marcelo Dantas Veiga, e um servidor da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz),  Roberto Pereira Matos, que também é sócio da empresa Bahia Pesquisa e Estatística Ltda (Babesp).  MArcelo Nilo fez pronunciamento à imprensa na Assembleia Legislativa (Foto: Arisson MArinho/CORREIO) Segundo ele, o delegado que estava à frente da operação teria informado que a busca era sobre o instituto Bahia, Pesquisa e Estatística (Babesp) e que tinha dois objetivos básicos: confirmar se havia manipulação dos resultados das pesquisas e se o instituto é de propriedade dele.

Em nota, o MPE informou que a Operação Opinião tem o objetivo de cumprir sete mandados de busca e apreensão em endereços de Salvador, dentre os quais na residência do deputado e no seu gabinete na Assembleia Legislativa, no CAB. Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE/BA), com base em representação formulada pela Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia (PRE/BA), em procedimento que investiga o crime de falsidade eleitoral, previsto no artigo 350 do Código Eleitoral, envolvendo também a empresa Bahia Pesquisa e Estatística Ltda – Babesp.  

Quanto a acusação de manipulação, Nilo destacou que, em  2014, o instituto teria sido o único que apontava a vitória do governador Rui Costa. "Os resultados mostraram e mostram que não existia manipulação. Vossas excelências são testemunhas que muitos que contrataram a Babesp tiveram a confirmação no período eleitoral. A Babesp não é de minha propriedade, nunca foi. Portanto, não sou dono. Fui cliente muitas vezes desse instituto", alegou o deputado.

Nilo argumentou ainda que em 28 anos de vida pública nunca houve uma denúncia contra ele, frisando que foram dez anos na presidência da Assembleia Legislativa e durante esse período nem a imprensa nem o Ministério Público denunciaram desvios de recursos públicos atribuídos a ele. "Nada vai pagar, reparar os danos que causaram à minha pessoa, a minha esposa, a duas filhas que estavam presentes e a minha neta Maria que também dormia em minha residência. Tenho respeito e admiração profunda pela Justiça Eleitoral, mas é inacreditável, é inaceitável que o MPE e a PF entre na casa de um ex-presidente desse poder para fazer uma busca e apreensão para provar que a Babesp é nossa"

De acordo com o deputado, um processo semelhante ao que motivou a operação desta quarta-feira corria na justiça comum, na 1ª Região Federal, e teria sido arquivado após um desembargador ter negado a quebra de sigilo telefônico. "A Justiça Federal arquiva e a Justiça Eleitoral faz um constrangimento desses. Outro processo similar corre na PF e, na última segunda, quando eu tomei conhecimento que estavam ouvindo os diretores, os sócios e ex-sócios da Babesp, me prontifiquei, através dos nossos advogados, que eu queria ser ouvido na PF", informou, acrescentando que já havia solicitado uma audiência com o procurador eleitoral, que teria sido agendada para o próximo dia 20.

Ainda no seu pronunciamento, o parlamentar voltou a negar ser proprietário  do instituto de pesquisas. "Repito em alto e bom som: a Babesp não é do deputado Marcelo Nilo. Não sou proprietário, sou cliente, como muitos deputados aqui foram clientes porque o instituto começou a acertar mais do que os famosos. Eu contratei a Babesp e meu cheque foi depositado na conta da Babesp".                     

Defesa O advogado do deputado Marcelo Nilo, Sérgio Habib, afirmou, nesta quarta-feira (13), que a prisão do deputado foi ‘inteiramente desnecessária’. Segundo ele, o mesmo processo que resultou na investigação desta quarta foi arquivado pela Justiça Federal. 

Na Justiça Eleitoral, o processo tramitava em sigilo. “Hoje, foi levantado o sigilo e podemos conhecer para exercer a defesa técnica do deputado. Ele está tranquilo porque tem a convicção, a certeza de que nada tem a temer. Vai provar que nada disso procede. Numa situação dessas, evidentemente, ele fica abalado, mas, ao mesmo tempo, ele está convicto da inocência”, afirmou, após o pronunciamento de Nilo no plenário da Alba. 

Segundo Habib, a primeira prova que será apresentada é o contrato social da empresa, que não constaria o nome de Nilo. A segunda prova seria o testemunho. Além disso, ele reforçou que as denúncias sobre caixa 2 estão sendo investigadas. “Mas posso dizer que o deputado afirma que não tem qualquer participação em caixa 2 e que as contas estão sendo aprovadas pelo Tribunal de Contas”. 

Habib ainda comentou que, embora a Babesp tenha recebido, no meio político, o apelido informal de ‘Datanilo’, “não há procedência”. “Dentro do processo, ele terá a oportunidade de desmentir esse tipo de criação que se fez a respeito desse instituto”. Segundo ele, o deputado é ligado aos diretores e sócios da empresa. “O instituto vinha realizando sempre pesquisas para a campanha política do deputado. Eles são amigos com amizade pessoal”. 

O genro de Marcelo Nilo, Marcelo Dantas Veiga, também seria amigo pessoal dos donos da Babesp, de acordo com Sérgio Habib. “Ele não tem muita coisa a dizer porque não tem conhecimento de muita coisa nos autos. Ele tem o trabalho dele, é diretor da Embasa  e não tem nenhum envolvimento nesses fatos que estão sendo ditos. Isso também vai ficar demonstrado”.   

Confira a nota divulgada pelo deputado Marcelo Nilo, através de seus advogados: 

"A defesa do deputado Marcelo Nilo, representada pelos advogados Sérgio Habib, Thales Habib e André Requião, esclarece que a operação policial que resultou em busca e apreensão em sua residência e no seu gabinete parlamentar foi inteiramente desnecessária, uma vez que em nenhum momento o deputado procurou esconder provas ou influenciar na investigação dos fatos que estão sendo apurados no processo que tramita pela Justiça Eleitoral. 

Demais disso, ele nada tem a esconder, sua vida pública é conhecida por todos, jamais praticou qualquer ato ilícito, como será amplamente demonstrado dentro dos autos. Não será esta a primeira nem a última vez em que procedimentos investigatórios são realizados, muitas vezes com medidas drásticas e espetaculares, e que resultam em arquivamento ou em julgamento absolvendo os investigados. Certamente, assim será no presente caso em que se acredita inteiramente na improcedência das suspeitas em face da conduta sem máculas do deputado Marcelo Nilo e na isenção e seriedade da Justiça para apurar e julgar todos esses fatos".