Homenageando Ruy Espinheira Filho, Flica vai destacar temas como feminismo e negritude

A sétima edição do evento acontece entre 5 e 8 de outubro na cidade de Cachoeira, no Recôncavo, com presença de 20 autores

  • Foto do(a) author(a) Laura Fernades
  • Laura Fernades

Publicado em 19 de julho de 2017 às 09:40

- Atualizado há um ano

A poesia, a potência das palavras, a escrita de resistência, a negritude e a memória são alguns dos temas que estarão em  foco na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) 2017, cuja aguardada programação foi divulgada, na terça (18), no Palácio Rio Branco, no Centro. A sétima edição do evento acontece entre 5 e 8 de outubro na cidade de Cachoeira, no Recôncavo, com  presença de 20 autores, que participarão de dez mesas temáticas. Durante o lançamento, que  reuniu escritores, autoridades políticas e organizadores, foram divulgadas as 13 atrações já confirmadas para a festa literária, que este ano   tem curadoria do escritor e jornalista Tom Correia  e  homenageia o escritor e jornalista baiano Ruy Espinheira Filho, 74 anos.  Foram revelados, ainda, os oito primeiros nomes da Fliquinha, que volta a ocupar o Cine-Theatro Cachoeirano. As outras atrações serão divulgadas aos poucos, no site oficial da Flica.Homenageado da Flica 2017, que acontece entre 5 e 8 de outubro,  escritor Ruy Espinheira Filho participa de mesa sobre várias facetas da poesia (Foto: Marina Silva/ CORREIO)Além do homenageado, que participa da mesa A Poesia em suas Infinitas Estações, com mediação da professora e poeta Mônica Menezes, a Flica conta com participação do escritor cubano radicado na Bahia Carlos Moore, da moçambicana Paulina Chiziane e da nigeriana, naturalizada filandesa, Minna Salami. Entre as atrações nacionais estão Maria Valéria Rezende, Elisa Lucinda, Ricardo Lísias, Cidinha da Silva, Daniela Galdino e Franklin Carvalho. “Considero uma honra esse convite. Já participei da Flica uma vez, em 2012, em uma conversa sobre literatura e gostei. Como convidado, quero estimular essa reflexão sobre a literatura, sobre as artes e até sobre a consciência ética nacional, que está em xeque”, disse Ruy Espinheira Filho. Com mais de 20 livros de poesia e prosa publicados, Ruy já recebeu diversos prêmios como o Jabuti e o de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Várias vozesAssinando a curadoria da Flica pela primeira vez, Tom Correia afirmou que a busca pelo equilíbrio de diversas vozes da literatura foi o que guiou sua seleção nessa edição da festa literária que, em sua opinião, é marcada pela diversidade. “Cada voz tem sua característica própria”, reforçou Tom, que já foi espectador, autor convidado e mediador da Flica, até virar curador. “Não pude me negar a participar de um desafio desses”, garantiu.O jornalista e escritor Tom Correia é o novo curador da Flica (Foto: Marina Silva/ CORREIO)Temas como poesia, escrita de resistência e memória costuram as mesas do evento que espera reunir cerca de 35 mil pessoas em Cachoeira. E, pelo perfil dos primeiros nomes divulgados, questões ligadas ao feminismo e à negritude ganham destaque na Flica. A mesa que abre o evento, por exemplo, aborda Os Reflexos do Passado Ancestral em Nossa Pele, com a participação do escritor cubano Carlos Moore, doutor em Etnologia e em Ciências Humanas e com vários estudos  na área do  racismo e da negritude. A mediação será do secretário de Cultura, Jorge Portugal.Outra mesa que se destaca é Escrita de Resistência Contra Quem Deseja Sufocar a Nossa Voz, que conta com a jornalista e escritora finlandesa-nigeriana Minna Salami, colunista do The Guardian e do blog feminista MsAfropolitan. No Brasil pela primeira vez, a influenciadora digital, que tem mais de 16 mil seguidores no Twitter, abordará questões sobre o empoderamento feminino e a negritude. A mesa tem mediação da professora Denise Carrascosa e participação da escritora mineira Cidinha da Silva, autora do livro #Parem de nos Matar!, que trata sobre o genocídio da população negra. “Uma das autoras africanas mais importantes da atualidade”, segundo o coordenador geral e idealizador da Flica, Emmanuel Mirdad, a moçambicana Paulina Chiziane participa da mesa A Máxima Potência que Habita as Palavras. Responsável por questionar tradições, religiões e o papel social da mulher moçambicana, por meio de suas histórias e personagens, Paulina interage com a jornalista, atriz e escritora capixaba Elisa Lucinda na mesa que tem mediação da escritora baiana Lívia Natália.  CalendárioA importância da Flica foi destacada por alguns dos presentes. “Somos a capital da cidade literária da Bahia. A Flica é hoje o evento literário mais importante da Bahia. A gente tem que criar a Casa da Flica”, elogiou o prefeito de Cachoeira, Tato Pereira, sobre a festa literária que é realizada pela Cali e iContent, com patrocínio do governo do estado, por meio do Fazcultura, e apoio do Hiperideal, da Coelba e da Prefeitura Municipal de Cachoeira. “É o sétimo ano de um evento de sucesso, que está hoje no calendário nacional da cultura, da literatura e também, eu diria, do turismo. É uma referência nacional, está entre as três principais feiras nacionais e vamos continuar apoiando”, garantiu o governador Rui Costa, também presente no evento. “A Flica tem dado filhos”, comemorou o secretário de Cultura do estado, Jorge Portugal, ao citar festas como a Flius, de Ilhéus, Fligê, de Mucugê, e a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), que estreia 9 de agosto.Presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior destacou a importância da Flica para a cultura do estado (Foto: Marina Silva/ CORREIO)“A Flica é o evento literário mais importante da Bahia, numa cidade histórica onde a tradição cultural é muito grande. Até o ano passado, nós tivemos a participação de 28 autores internacionais, 58 nacionais e 69 locais. Esses números nos entusiasmam a continuar trabalhando para que cada vez mais possamos dar continuidade ao projeto”, ressaltou o presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior. “É muito importante a Rede Bahia, através da iContent, estar promovendo a Flica”, completou.Colaborou Marília Moreira