Israelense veio a Salvador jogar capoeira com crianças

Mika Hayat aprendeu capoeira há 17 anos e hoje ensina a prática a mais de 200 crianças em Israel

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 19:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: (foto: Almiro Lopes)

O israelense Miki Hayat tinha dez anos de idade quando viu um tio realizando uns movimentos com o corpo que, se por um lado lhe pareciam estranhos, por outro, pareciam também encantadores. Não demorou para que pedisse ao tio que lhe ensinasse aquela prática e agora, 17 anos depois, Miki, além de exímio praticante de capoeira, também ensina a mais de 200 crianças e adultos a ginga brasileira.

Ontem, Miki esteve em Salvador para jogar capoeira com crianças que estudam na rede municipal. Pela manhã, esteve na Escola-Laboratório de Coutos e à tarde foi ao colégio Francisco Leite, em Águas Claras. "Esporte e educação são praticamente a mesma coisa. E o esporte é o melhor caminho para ensinar as crianças a serem pessoas melhores, para eles se mostrarem como realmente são, sem máscaras. E lhes ensina também a serem generosos", disse Miki, depois de participar de uma roda na quadra da escola, junto com os alunos.

Participaram da roda também os instrutores do projeto Ginga, que resulta de uma parceria entre a ong De Peito Aberto e a rede municipal de ensino. O projeto atende cerca de mil jovens e crianças de outras duas escolas municipais, além da Francisco Leite e da Escola-Laboratório de Coutos: Escola Arlete Magalhães, em Castelo Branco e Escola Laboratório (Escolab) da Boca do Rio. Miki, que no universo da capoeira é chamado de Gafanhoto, está no Brasil pela quarta vez. Foi ao Rio de Janeiro para estudar capoeira com o Mestre Camisa, que é baiano e integra o grupo Abadá Capoeira (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte Capoeira).

Desta vez, Miki esteve em Salvador também para falar sobre a exposição Capoeira com Tizitzit, que reúne fotos feitas por ele em Israel. A mostra começa hoje no Espaço Pierre Verger de Fotografia, no Forte de Santa Maria, no Porto da Barra, e segue até 28 de setembro, com entrada gratuita. As visitas podem ser feitas das 11h às 19h, de quarta a segunda. "São imagens diversas, que de alguma forma conectam o mundo judaico ao Brasil, que revelam como o mundo é pequeno. Tem fotos de capoeira, tem cidades religiosas de Israel e tem também imagens da cultura judaica, mostrando, por exemplo, a roupa que usamos".

Miki diz que quando começou a dar aulas, encontrou certa resistência dos rabinos ortodoxos. "Não é fácil levar capoeira a Israel, porque há alguns religiosos mais conservadores. No início, ficaram preocupados, queriam saber se tinha relação com o candomblé, porque poderia haver um choque de religiões. Mas hoje é diferente e os rabinos já mandam muitos alunos para mim", comemora Miki.