Jornalista baiano lança maior livro sobre Raul Seixas, que completa 28 anos de morte nesta segunda (21)

A publicação, que reúne entrevistas exclusivas com familiares, amigos e parceiros musicais, será lançada em Salvador, neste domingo (27), na Livraria Leitura do Shopping Bela Vista

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 21 de agosto de 2017 às 15:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Hoje (21) completam-se 28 anos da morte do cantor e compositor Raul Seixas, que faleceu em 1989, deixando um legado composto por 17 discos lançados em 26 anos de carreira. Em homenagem a um dos maiores representantes da contracultura brasileira, o jornalista e escritor baiano Tiago Bittencourt lança a maior biografia já feita sobre o artista, o qual ficou conhecido como Pai do Rock Brasileiro. O lançamento do livro O Raul Que Me Contaram – A História do Maluco Beleza Revisitada Por um Programa de TV ocorre neste domingo (27), às 17h, com sessão de autógrafos aberta ao público na Livraria Leitura do Shopping Bela Vista. Os exemplares, porém, já estão à venda na livraria, contendo entrevistas diversas em estilo ping-pong, curiosidades inéditas, histórico da época e apanhado do legado do artista, além de outros quesitos. Tiago, que foi apresentador, repórter e produtor em veículos como TV Record (BA), TV Educativa (BA) e Rádio Transamérica (BA e DF) faz sua estreia na literatura após elaborar um programa de cunho documental sobre a vida do Maluco Beleza. O projeto fez parte do Caminhos da Reportagem, lançado em 2015 na TV Brasil, que ainda lançou olhares sobre aspectos como o declínio da saúde e da carreira do renomado compositor. "No programa não pudemos mostrar nem 10% do que foi apurado, descoberto, visto e sentido. Foram mais de nove dias de viagens e encontros com fãs e pessoas próximas de Raul, e tanto aconteceu por trás das câmeras e antes delas serem ligadas. O livro mostra imensuravelmente mais do que pôde ser visto pelo público", conta o autor. "Tem depoimentos muitos cruéis e verdadeiros que nunca foram contados, além de apurações a mais que foram feitas durante a época de passar cada fato para as palavras escritas", exclama o repórter.  Bittencourt aderiu ao desafio de transformar o produto audiovisual em impresso, porém a obra vai além do que foi mostrado no resultado primário. Desta vez, por escrito, o conteúdo original conta com as interpretações do repórter-autor e da equipe por trás da câmera. Neste contexto, o livro pode ser encarado como uma biografia ou como uma série de entrevistas, mas acima de tudo, é um relato pessoal sobre encontros com personagens que resgatam a jornada do cantor Raul Seixas pela vida. A obra O Raul Que Me Contaram – A história do Maluco Beleza Revisitada Por um Programa de TV  está à venda por R$ 49,90 O autor afirma que o livro não é somente para os admiradores do artista. "É um livro para qualquer um que goste de comunicação, jornalismo, TV, trabalho de produção e afins. Entrevistei editores de imagens, cinegrafistas e todos da equipe que me acompanhou. A nossa visão como profissionais e como seres humanos está na obra. É sobre Raul, é sobre os sentimentos sentidos nas apurações, é sobre as marcas que ele deixou em vidas diretas e indiretas à dele. É sobre muito mais do que pode parecer ser", conta Tiago. O livro, produzido pela Editora Martin Claret (mesma editora que lançou a primeira e a segunda obra biográfica sobre o Maluco Beleza), com miolo ilustrado e 415 páginas, reúne na íntegra depoimentos de personagens consagrados e desconhecidos que marcaram a vida do cantor. As entrevistas incluem desde os familiares até os amigos e profissionais que trabalharam com Raul, entre eles, a esposa Kika Seixas, a filha Vivian Seixas, e artistas como Jerry Adriani, Marcelo Nova, Roberto Menescal, Sylvio Passos (autor do primeiro livro sobre Raul) e o  Dr. Luciano Stancka, que conta sobre o comportamento do seu paciente famoso e quando o encontrou morto na cama. A prima Heloisa Seixas relembra as "traquinagens" de Raul quando criança.   O livro do jornalista Tiago Bittencourt traz na íntegra conversas com Cláudio Roberto, Jerry Adriani, Marcelo Nova, Roberto Menescal, Marco Mazolla, Sylvio Passos e  Kika Seixas, entre outros (Foto: Divulgação) Nesta segunda-feira, uma coincidência amplia a conexão entre o novo livro e o artista: o eclipse solar aparecendo em cantos brasileiros e em outros países, além de parcialmente em Salvador. A curiosidade fica para a fala de Raul na letra de As Aventuras de Raul Seixas Na Cidade de Thor, quando ele diz: "Mas eles só vão entender o que eu falei, no esperado dia do eclipse!". O letrista, que utilizava metáforas nas composições, podia não estar falando literalmente, mas Tiago afirma que muitas das conexões descobertas entre letras e fatos vividos pelo cantor de Metamorfose Ambulante, vão para pontos literais. E aí é que está: a nova obra vem para dar visões mais amplas do que o cantor levava da própria vida para os versos repletos de entrelinhas. O Maluco Beleza, que foi também produtor musical, adquiriu um estilo que o creditou como contestador e místico, e isso se deve aos ideais que defendeu, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974). Raul se interessava por filosofia, psicologia, história, literatura e latim e algumas ideias dessas correntes foram muito aproveitadas em suas letras. A obra musical de Seixas tem aumentado continuamente de tamanho, na medida em que seus discos (principalmente álbuns póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos anos. Como o músico Roberto Menescal observa: "O rock era uma coisa ‘muito rock’ só. Raul acabou. Ele ia no samba, fazia todo tipo de música, fazia um bolero de repente, fazia tudo e tudo era muito bem-feito. Então quebrou com essa coisa das caixinhas. É sambista, é roqueiro, é bossa-nova. Não, ele era tudo... Gênio".