Juazeirense prevê dificuldade financeira na Série C e quer apoio

Sem cota de TV, clube dependerá de público e patrocinadores para montar equipe

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  • Vitor Villar

Publicado em 15 de agosto de 2017 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Carlos Humberto / Agência CH / Divulgação

Ter conquistado o acesso à Série C, inédito para o estado, foi realmente um feito heroico da Juazeirense. Basta ver quem o Cancão de Fogo eliminou no domingo (13). O América-RN, rebaixado no ano passado da terceira divisão, tem uma folha salarial da equipe estimada em R$ 300 mil. A do time baiano é de apenas R$ 120 mil.

O desafio para o clube no ano que vem de evitar o rebaixamento e o retorno à estaca zero, porém, exigirá muito mais heroísmo. A Juazeirense encontra-se fora dos principais torneios do primeiro semestre de 2018 e terá como obstáculo a baixa arrecadação.

Por ter ficado em sétimo lugar no Campeonato Baiano deste ano, o Cancão de Fogo ficou de fora da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil do ano que vem. Com isso, perderá ao menos R$ 1,35 milhão em cotas de participação – R$ 750 mil pela 1ª fase do torneio regional e R$ 600 mil do nacional.

Neste ano, a Juazeirense foi eliminada na fase de grupos do Nordestão, mas saiu dele com R$ 600 mil no bolso, o que ajudou a equipe na sequência da temporada. O clube, por outro lado, poderá concentrar-se no estadual, o que não aconteceu e o prejudicou em 2017.

“Neste ano, com dois torneios em paralelo, não tivemos tempo de treinar. Tínhamos jogo toda quarta e domingo, e com os voos em horários complicados. Ficou difícil ter sucesso nas duas competições”, explica o presidente da agremiação, Roberto Carlos.

Diferentemente das séries A e B, a C não paga cotas de participação aos times. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) banca as despesas de viagem, alimentação e hospedagem dos atletas mais os custos da arbitragem. O resto tem que ser arrecadado pelos clubes com as rendas dos jogos e patrocinadores.

Estes já foram fatores problemáticos para o Cancão de Fogo em 2017. Em seis jogos pela Série D até agora, o maior público que o Adauto Moraes recebeu foi de 1.958 pessoas, contra o Fluminense de Feira. A média tem sido de 879 pagantes por jogo, e o clube teve até agora um prejuízo de R$ 26 mil. Parte desse valor será ressarcido pela CBF por conta das despesas com arbitragem.

Mais calendário

Fica como alento um calendário bem mais generoso. Enquanto a Série D tem seis jogos na fase de grupos, a C tem 18. A 1ª fase vai até setembro, e o campeonato tem jogos televisionados em todos os finais de semana. Com isso, a Juazeirense terá maior visibilidade e poderá buscar patrocínio.

“Hoje temos alguns parceiros pontuais, de Juazeiro mesmo. Mas agora vamos cobrar uma participação maior da federação e também do governo do estado”, afirma Roberto Carlos. A FBF pagou uma ajuda de custo à Juazeirense no mata-mata da Série D e o governo do estado comprou placas de publicidade nos jogos.

O adversário nas semifinais da Série D será o Globo-RN. O confronto foi definido na noite de segunda (15), após o Operário-PR vencer o Maranhão por 2x1 e garantir a última vaga à Série C. O Operário-PR vai enfrentar o Atlético Acreano na outra semifinal. Os duelos foram definidos baseados na campanha dos times. A Juazeirense fez fez a pior campanha entre os quatro semifinalistas (19 pontos) e, por isso, enfrenta o Globo, dono da melhor campanha (27 pontos, à frente do Atlético Acreano por um gol de saldo). 

“Nosso objetivo número um era classificar para a Série C, agora passa a ser o título inédito. Na Bahia, o único que tem título nacional é o Bahia. O Vitória, por exemplo, não tem. Se a gente conquistar, vai ser muito bom para o estado. Estamos focados nisso”, finalizou o presidente.