Justiça determina prisão preventiva de acusado de matar jornalista

Mateus Araújo é indiciado por homicídio qualificado - a qualificante é feminicídio

Publicado em 15 de novembro de 2017 às 17:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr/arquivo correio

A Justiça decidiu nesta quarta-feira (15) converter a prisão em flagrante para preventiva de Mateus Viliam Oliveira Alecrim Dourado Araújo, 32 anos, que confessou ter matado a jornalista Daniela Bispo dos Santos, 38. A decisão é da juíza Patrícia Cerqueira Kertzman Szporer. Mateus foi preso em flagrante na tarde da terça-feira (14) e é indiciado por homicídio qualificado, por feminicídio.

O corpo de Daniela foi encontrado na manhã da terça-feira (14) no Edifício Catabas Empresarial, na Avenida Tancredo Neves, em Salvador. Ela estava desaparecida, quando saiu da sala onde trabalhava, no mesmo prédio, no 1º andar, para comprar remédio e não voltou. Daniela foi encontrada morta na escada de acesso ao 5º andar do prédio com um ferimento na cabeça.

A prisão em flagrante tem prazo de 24 horas e é realizada quando o autor é encontrado praticando um crime. Ela é realizada com o objetivo de evitar fuga, garantir a reunião de provas e assegurar a integridade física do autor do crime e da vítima. O juiz, após as 24 horas, pode relaxar a prisão, convertê-la em prisão preventiva ou conceder liberdade provisória. No caso de Mateus, a juíza determinou a prisão preventiva - que não tem prazo.“Quando a gravidade concreta, o modus operandi e as circunstâncias do delito indicam a perigosidade real do agente, resta plenamente legitimada a decretação ou a manutenção da prisão preventiva. Em tal situações, a constrição da liberdade tem por objetivo proteger a sociedade de pessoas que, uma vez soltas, possam colocar em risco a coletividade e a paz social”, diz a juíza, na decisão.O autor do crime contou à polícia que matou a jornalista Daniela Bispo dos Santos, 38, porque estava sendo pressionado por ela a terminar o relacionamento que tinha com outra mulher.

A família da jornalista não sabia que ela mantinha um relacionamento de três anos com Mateus. A informação foi confirmada pelo tio da jornalista, o agente comunitário Lindelson Corsino, durante o sepultamento, na manhã desta quarta-feira (15), no Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco.

"Ela era muito reservada. Não contava muito da vida dela. Todo mundo só descobriu quando pegou o celular dela e viu as mensagens com ele", disse. Daniela morava com os pais, os dois filhos de 16 e 19 anos, e cuidava também de um sobrinho.

Crime De acordo com a polícia, no começo da noite de segunda-feira Mateus saiu de casa e foi ver Daniela. Os dois marcaram um encontro no mesmo prédio em que ela trabalhava, na Avenida Tancredo Neves. Ele contou para a polícia que no caminho abaixou, pegou uma pedra e partiu o paralelepípedo em dois. Um dos pedaços ele deixou no local, e o outro colocou dentro da mochila que estava carregando.

A delegada Milena Calmon, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), contou que ele conhecia os funcionários que trabalham na portaria e, por isso, conseguiu entrar no edifício com facilidade. Por volta das 19h, Daniela saiu da sala em que trabalhava, no 1º andar, e subiu até o 6º pavimento. Os dois se encontraram, mas a conversa tornou-se uma briga.

"Houve uma discussão, e ele contou que começou a agredir ela com socos. Depois, retirou uma pedra que tinha levado na mochila e passou a agredi-la com pedradas. Ela caiu um lance de escadas, do 6º para o 5º andar. Em seguida, ele trocou de camisa enquanto descia as escadas e saiu pela garagem do prédio", contou a delegada.

Durante apresentação no DHPP, Mateus disse estar arrependido e alegou que estava sendo ameaçado pela vítima. "Ela me ameaçou, estava me chantageando. Ela queria que eu terminasse o meu noivado. Disse que iria procurar minha noiva para contar tudo. Eu não estava aguentando mais", disse.

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