Lavrador baiano cria cadeira adaptada para filho com deficiência rara

Encontro estudantil trouxe outras novidades, como a empada de palma

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 01:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Betto Jr./CORREIO
A estudante Cristiane Nogueira apresenta o projeto de plantas medicinais em larvas do mosquito Aedes Aegypti por Foto: Betto Jr.

O lavrador Joaquim Silva Castão, 49 anos, foi pego de surpresa em 2009. Ele descobriu que seu filho estava com Artrogripose, um tipo raro de deficiência, que dificulta o movimento dos membros inferiores. Quando foi diagnosticado com a doença, Erick Silva, 10 anos, começou a usar cadeira de rodas. No entanto, a rejeição ao instrumento veio logo após os primeiros meses de uso. Após perceber a necessidade do garoto, Joaquim não mediu esforços para facilitar a mobilidade do filho.

O pai lançou mão da criatividade e criou uma cadeira diferenciada e adaptada à deficiência de Erick. A Cavalinho, como é chamada, é feita com ferro tubular e possui rodinha, banco de bicicleta e cinto de segurança.“Na época eu não sabia nem ler direito, mas queria ajudar meu filho. Então, comecei a fazer a cadeira e ele passou a usar”, conta Joaquim. Oito anos após a invenção, o lavrador, que hoje é estudante do projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA), no município de Livramento de Nossa Senhora, no Sudoeste baiano, exibe sua criação, com a ajuda animada do filho, o único usuário do protótipo até agora.

Ele foi um dos quatro mil alunos da rede pública que mostraram seus projetos ligados ao esporte, ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo, na tarde desta terça-feira (21), no 5º Encontro Estudantil da Rede Estadual, na Arena Fonte Nova, em Salvador. O evento ocorre até quinta (23), das 8h às 18h, com entrada gratuita, pelo setor sul da praça esportiva, em frente ao Dique do Tororó.

Como Joaquim, o estudante do terceiro ano do ensino médio Marcelo Oliveira, 18, também trabalha para ajudar as pessoas. Depois de assistir um amigo que havia sofrido um acidente de motocicleta, ele teve a ideia de criar um capacete salva-vidas. A invenção vem acompanhada de um pequeno aparelho que não permite que o condutor se desloque com a moto se estiver sem capacete.

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A faculdade de Engenharia Mecatrônica está nos planos futuros do jovem inventor. Agora, ele pretende investir nos cursinhos e continuar com os testes com o capacete. “Meu amigo sofreu o acidente na época de uma Feira de Ciências e, por isso, eu tive a ideia”, contou Marcelo.

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Empada de palma O encontro ocupou seis níveis da Arena Fonte Nova e contou com invenções de diversas áreas. Teve caça-mosquito da dengue, protetor solar caseiro, farinha de caroço de manga, macarrão de bago de jaca, cocada de banana e até empada com recheio de palma, uma espécie de cacto.

A estudante do Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep), da cidade baiana de São Domingos, Lais Ferreira, 17, foi uma das inventoras da empada. Ela estuda agropecuária e teve a ideia durante as aulas.“Introduzir a palma na alimentação das pessoas é mostrar a utilidade que ela tem. Nós temos muito no semiárido e não damos valor”, disse ela.O secretário estadual de educação, Walter Pinheiro, foi ao local para acompanhar os projetos dos alunos. “Esse é um movimento cultural e científico, mostrando que é possível dar uma sacudida na escola, sem perder o caminho dessas viagens pelas ciências duras”, afirmou. 

Projetos de dança, teatro, cinema, canto-coral, música e artes visuais também fazem parte do evento.