Liderada por ladrão de banco, BDM surgiu dentro do Complexo da Mata Escura

Facção que comandou toque de recolher na Boca do Rio, nesta sexta, domina diversas áreas de Salvador e RMS

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  • Bruno Wendel

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Um dos cinco grupos criminosos mais atuantes na Bahia, e considerado o mais violento, o Bonde do Maluco (BDM) surgiu em 2015 no pavilhão V do Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura. Liderada pelo assaltante de banco Zé de Lessa, que está foragido, a grupo, que ordenou nesta sexta-feira (11) toque de recolher e queima de ônibus no bairro da Boca de Rio, nasceu como uma ramificação da facção Caveira, comandada por Genilson Lima da Silva, o Perna, atualmente preso no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.

O estopim para as mais recentes ações criminosas do grupo foi a morte de Marcelo Batista dos Santos, o Marreno, nesta quarta-feira (9). Ele era o segundo nome da facção e morreu em confronto com equipes da Força-Tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP), em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. Segundo a polícia, Marreno era suspeito de 20 homicídios, pelo menos. Quando foi morto, Marcelo 'Marreno' estava com uma identidade falsa com o nome de Mario (Foto: SSP/Divulgação) Seguindo modelo semelhante às maiores organizações criminosas do país - Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando Vermelho, do Rio de Janeiro -, o BDM foi criado para ampliar a área de atuação da facção Caveira, nesse caso, na Bahia, em alguns pontos estratégicos do tráfico da capital, como Subúrbio e Cajazeiras, e principalmente na Região Metropolitana de Salvador.

No entanto, houve um racha e uma parte do grupo mais agressiva ficou sob o comando do assaltante de banco José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, procurado atualmente pelas polícias Civil, Militar e Federal. Com a divisão, o BDM, que tem como fornecedor de armas e drogas o PCC, se estabeleceu em Cajazeiras. Além do grupo, o PCC também abastece as outras grandes facções do estado.

Atualmente, a facção tem atuação em Cajazeiras, Brotas, parte do Subúrbio e orla (entre a Boca do Rio e Itapuã), Cabula, Garcia, Pau da Lima e parte da Ilha de Itaparica. A expansão começou por Cajazeiras X.

Zé de Lessa, o chefão Entre inúmeras tentativas para prendê-lo, Zé de Lessa, apontado como chefão do BDM, foi o principal alvo da Operação Sapucaia, realizada em abril do ano passado pela Polícia Federal na Bahia e no Mato Grosso do Sul, com o objetivo de cumprir 13 mandados de prisão. Ele é o três de ouros do Baralho do Crime da SSP, um arquivo que reúne os principais criminosos do estado. Número 1 do Bonde do Maluco, Zé de Lessa já chegou a ser preso, mas foi solto e é procurado (Foto: Divulgação) O bandido foi caçado em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. Dos 13 mandados de prisão, a Polícia Federal conseguiu cumprir oito. Alguns deles, dentro do próprio sistema penitenciário baiano. O alvo da operação é apontado pela polícia como o maior distribuidor de drogas da capital e do interior, com especialidade em assalto a bancos e a carros fortes.

Zé de Lessa começou na vida do crime fazendo assalto a instituições financeiras. Foi preso algumas vezes e a última vez que saiu da prisão foi para terminar de cumprir a pena no regime domiciliar. Desde então, foi morar na cidade de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraguai, de onde começou a enviar carregamentos de drogas para abastecer sua quadrilha na Bahia.

Ele criou o BDM dentro da cadeia e logo sua facção passou a ganhar destaque. Tornou-se o principal rival da facção Katiara, comandada por Roceirinho, e passou a disputar pontos de droga com o rival. Ele tem entre seus principias comparsas alguns parentes.

Morte de Marreno O confronto que levou à morte de Marreno aconteceu após uma abordagem realizada na Via Parafuso, na Linha Verde. Segundo a Polícia Civil, Marreno tinha dois registros por tráfico de drogas, mas estava sendo investigado por outras dezenas de crimes.

Ainda conforme a polícia, ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas, sequestro, roubo a banco e era investigado por cerca de 20 homicídios. De acordo com o delegado Odair Carneiro, da Força-Tarefa da SSP que investiga crimes contra policiais, "era um dos principais bandidos da Bahia". Ele era da Boca do Rio. Liderava a quadrilha e atuava em Salvador. 

Em janeiro de 2011, Marcelo foi preso com outras nove pessoas suspeito de participar do assalto ao Banco do Brasil, ocorrido no município de Iaçu, no Centro-Norte do estado, um dia antes da prisão. Durante a ação, ele fez um delegado de refém e roubou sua arma. 

O grupo também colocou fogo em uma caminhonete na ponte que dá acesso à cidade para atrasar os policiais e levou dois funcionários da agência bancária como reféns. Antes de liberar as vítimas, na saída da cidade, o grupo atirou em uma delas. 

Marcelo foi preso no dia seguinte, em Feira de Santana, com R$ 6,9 mil em espécie e a pistola ponto 40 que havia sido roubada. Depois da prisão dele, os policiais conseguiram identificar e prender todos os outros envolvidos no assalto ao banco.