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Malu Fontes
Publicado em 22 de janeiro de 2018 às 05:50
- Atualizado há um ano
Apesar da expressão fake news estar na boca de todo mundo que consome notícias, quase todo mundo que a utiliza a cita com um significado diferente. No sentido jornalístico, fake news é mais do que uma notícia falsa. É uma informação inventada e disseminada de propósito por alguém com a intenção deliberada de prejudicar uma pessoa, uma instituição, um produto ou uma marca.
Outra modalidade de fake news é a invenção de um fato falso com o propósito claro de ganhar dinheiro. Neste caso, normalmente se inventa algo sensacionalista, imoral e/ou escandaloso, envolvendo temas com grandes potenciais de gerar polêmica e de preferência associando a falsa notícia a celebridades, políticos, líderes religiosos ou artistas renomados. Compartilhadas nas redes sociais, essas informações geram milhões de cliques, por se referirem a gente famosa e a fatos polêmicos, como sexo, religião, política e crimes. Ao atraírem cliques, atraem também anunciantes dispostos a pagar para aparecer nesses sites. É assim que a engrenagem dessa modalidade de fake news funciona e gera lucro em dinheiro para quem as inventa.
Analfabeto Hoje, quem se interessa em saber como funcionam as fake news é obrigado a estudar um fenômeno cuja tradução ainda é capenga: media literacy. De forma muito simplificada é algo próximo de alfabetização digital. Media Literacy é a habilidade de ler, compreender, interpretar e analisar criticamente uma informação midiática.
Sem ofender ninguém, vamos combinar: diante do bombardeio de informações que recebemos, quanto por cento da população brasileira é capaz disso? Se o analfabetismo funcional já é escandaloso no Brasil, imaginem o analfabetismo midiático. O analfabeto midiático vê qualquer notícia nas redes sociais, por mais estapafúrdia que ela seja, e não pestaneja: compartilha o link na própria rede, espalhando a mentira, e em seguida envia para todas as listas de conversação on line. Quem está em lista de família sabe do que estou falando.
Bambuzal Geralmente quem cria as fake news e as espalha nas redes sabe o que está fazendo. Escolhe a dedo a personagem da notícia, atribui à pessoa uma informação desagradável e com muita frequência arremeda de forma muito próxima a cara de um site noticioso de verdade ou de um grande veículo de comunicação. Salvador teve nesse final de semana sua primeira fake news de responsa. Alguém interessado em atacar a imagem do governador Rui Costa copiou o layout do site Bahia Notícias e espalhou uma notícia na qual anunciava a destruição do bambuzal do aeroporto e informava que o governador disse que o local ia “ficar mais bonito sem aquele matagal”.
O que fariam os advertidos contra as fake news ou dotados de alguma “media literacy”, mesmo sem saber o que isso significa? Iriam ao próprio site verificar se informação estava lá ou checariam antes de compartilhar se estava em outro site jornalístico sério. É na falta desse cuidado que quem cria esses fatos aposta para prejudicar alguém, no caso o governador. Aposta-se também na tese do “me engana que eu gosto”. Os opositores do governador tendem a querer acreditar nesse tipo de notícia falsa porque ela reforça sua antipatia já existente e contribui para angariar novos antipatizantes. Daí também a não preocupação com a confirmação em outros sites.
Se alguém inventar hoje que o Papa pediu a união do povo brasileiro em defesa da prisão de Lula, quantos antipetistas não adorariam ser enganados com essa informação e a compartilhariam? Quando o analfabeto digital e as más intenções encontram-se, as fake news tornam-se verdades nas redes e listas. Combater essas duas coisas juntas é um desafio e tanto para quem produz e consome notícia.