'Me preparei para ser presidente do Vitória', diz Ricardo David

Segundo colocado em 2016, empresário volta a tentar eleição para presidência

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  • Vitor Villar

Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O CORREIO inicia nesta segunda-feira (11) uma série de entrevistas com os candidatos à presidência do Vitória, em eleição que ocorre na quarta (13). Os primeiros entrevistados são Ricardo David e Manoel Matos. 

Em texto, os leitores conferem as respostas das perguntas básicas e comuns aos candidatos de forma editada. Em áudio sem cortes, no Bate-Pronto Podcast Especial (ao fim da entrevista escrita), os candidatos respondem também a perguntas específicas e aditivos às perguntas básicas. 

Ricardo David Na eleição do ano passado, Ricardo David era apontado como o principal nome de uma nova política no Vitória. Mas acabou sendo derrotado no pleito, ficando na segundo colocação. Desde então, segundo o empresário e engenheiro eletricista, já se preparava para uma nova eleição, ainda que ela só  fosse prevista para acontecer em 2019. Com a renúncia de Ivã de Almeida no fim de novembro, foi o primeiro a anunciar candidatura à presidência do Leão.     CORREIO: Por que você quer ser presidente e quais feitos na carreira te credenciam para o cargo?

Ricardo David: Normalmente um candidato tem aquele clichê: “Não sou eu, é um grupo”. Comigo não. Eu quero ser presidente do Vitória porque me preparei para isso. Tenho minha vida toda pautada em liderança empresarial. Aos 32 anos, saí da Petrobras para desenvolver minha própria empresa e, desde então, venho lidando com os desafios da vida empresarial: gerir pessoas, definir metas, controlar, planejar. Em 2014, fui convidado a virar diretor de planejamento do clube e adentrar no negócio futebol. No final de 2014, dei sequência como diretor de marketing. Aí, tive a oportunidade de me conectar ao torcedor do Vitória. Quando surgiu em 2016 a eleição, percebi que essas duas coisas, minha experiência como gestor e os conhecimentos acumulados no clube, podiam ser algo transformador para o Vitória. Participei daquela eleição e não tive êxito, minha chapa ficou em segundo lugar. Mas, por conta desse desastre que foi a gestão Ivã de Almeida, estamos aqui de novo.

Como você avalia a gestão de Ivã de Almeida? O que manterá e mudará no clube?

RD: Não teve gestão. Agora, o que você achou de algumas atitudes tomadas? Aí, sim. Gestão é outra coisa. Você perguntava a Ivã de Almeida durante os debates quais eram os programas deles no futebol e ele dizia que era Sinval Vieira. Como pode você ter um clube da grandeza do Vitória e apresentar que um homem vai ser responsável pela parte mais importante que é o futebol? Ivã não teve gestão. Aquilo foi um aglomerado de pessoas que se reuniram, que estavam contra o que estava estabelecido. Era preciso tirar, mas sem ter algo para plantar. O Vitória foi loteado. Havia um grupo que tocava o jurídico, um que tocava a comunicação, um que tocava o futebol... Isso é o que tem de mais abominável em gestão. Na minha presidência, o líder serei eu. Se tiver algum problema vocês vão poder dizer: ‘Ricardo, você escolheu um modelo que não deu certo’.

Como você acha que encontrará os cofres do Vitória?

RD: Quando você tem dinheiro sem controle, você joga fora. Nós tivemos no ano passado e neste ano recursos que poderiam nos colocar dentro de uma Libertadores. Olhe os times que foram para a Libertadores: Vasco da Gama, Chapecoense. Nós tínhamos plenas condições. Era preciso ter ferramentas para usar melhor esses recursos. O que é usar bem os recursos? Por exemplo, tem lá um atleta em fim de carreira sendo colocado para você por R$ 250 mil. Na minha gestão, teremos uma diretriz para que esse valor seja alocado em três ou quatro jovens promessas. De modo geral, espero encontrar pelo menos o orçamento do ano que vem preservado e todos os recebimentos, principalmente os dos direitos de TV, preservados. 

Como você pensa em gerir a base do Vitória, que neste ano não revelou nenhum jogador?

RD: É impressionante como perdemos a chancela de um clube formador de talentos. Perdemos isso porque deixaram de nascer garotos talentosos? Não. Perdemos porque as últimas gestões não deram a devida importância à base. Minha base terá três áreas distintas. A primeira é a captação. Tenho repetido isso como um bordão: essa é a única área em que o Vitória pode ser igual ao Barcelona. Vamos manter olheiros fazendo uma varredura e a esses indivíduos será entregue uma metodologia. A segunda área é o desenvolvimento. Aí teremos uma forte influência da tecnologia. E a terceira é a transição. 

Qual sua proposta para o Barradão? Pretende transformar o estádio em arena?

RD: O torcedor do Vitória precisa de um estádio com mais conforto. Talvez exista uma identificação para os que frequentam, mas nós precisamos trazer mais gente para o estádio. O Barradão hoje está com média de 8 a 9 mil de público, é muito baixa. A gente precisa dizer aos que vão hoje: ‘continuem vindo, eu sei que vocês gostam do Barradão pelo amor que temos’, mas precisamos atrair quem não vem. Não vamos construir essa arena de R$ 400 milhões, isso é maluquice. Ideia de quem não tem o mínimo de conhecimento do mercado. Ninguém vai colocar esse investimento sem ter retorno. E cá entre nós, quem ainda acredita em arena multiuso no Brasil? Onde se viu as arenas dando resultado? (...) Pretendo reformar algumas comodidades como banheiros e bares. E também setorizar para garantir uma área permanente de ingressos mais baratos. Precisamos proteger a torcida da chuva e do sol. Conciliando isso com a Via Expressa, acho que a gente consegue levar de 15 a 20 mil de público médio.

Qual o seu projeto para melhorar o Sou Mais Vitória, que tem registrado poucos associados?

RD: A percepção do valor do sócio tem que ser clara. Temos algumas atividades planejadas para aproximar o sócio do clube. Por exemplo, queremos usar a estrutura do Vitória para fazer um campeonato entre sócios ao longo do ano. Nas três primeiras rodadas o sócio poderá levar alguém que não é sócio. O cara vai lá, joga, se envolve, e pensa: ‘para eu continuar jogando é só virar sócio? Então beleza’, ele vai lá e se associa. Mas não tem como aumentar os sócios como atividade isolada do futebol. A gente precisa ter um time vencedor.

Perguntas específicas a Ricardo David - a partir dos 47:25 minutos (ouça no player abaixo):

1) Por conta da eleição tampão, você terá conselhos deliberativo e fiscal formados por integrantes de outros grupos. Vai se permitir fazer alguma aliança caso eleito?

2) Um outro candidato dessa eleição tem o apoio de quase todos os ex-presidentes do Vitória nos últimos 30 anos. O que acha disso? Carlos Falcão está te apoiando?

3) Você é um candidato sem experiência à frente do Vitória. Como garantir ao torcedor que sua gestão não será uma 'aventura'?

4) Você foi convidado para fazer parte da gestão de Ivã de Almeida. Tem alguma ligação próxima com a chapa Vitória do Torcedor?

5) Você tem como proposta monitorar jogadores nos países africanos e da América Central. Qual é a viabilidade disso?

QUEM É: Ricardo David tem 56 anos e é empresário do ramo de eficiência energética e energia renovável. Engenheiro eletricista por formação, passou pela Petrobras durante parte da sua carreira e presidiu a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Energéticos (Abesco). No Vitória, foi diretor de Planejamento e de Marketing entre 2014 e 2015. Tem o advogado Chico Salles como candidato a vice-presidente em sua chapa.