Morre o artista plástico Joãozito Pereira

Artista lutava com câncer desde 2014; confira galeria

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 15 de outubro de 2017 às 15:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução do Facebook

As artes visuais amanheceram mais sileciosas e menos coloridas neste domingo (15). O artista plástico e cenógrafo João Pereira, mais conhecido como Joãozito, deu seu último suspiro, por volta das 9h, em sua casa, em Salvador, na Barra. Joãozito, que era conhecido pelas pinturas e pela sede de inovação refletida nos eventos culturais que criava, descobriu um câncer na vesícula em 2014 e, desde então, buscava tratamento, entre o hospital e a própria casa, da qual não saiu para tentar procedimentos com internação. O artista, que tinha 51 anos, será cremado nesta segunda-feira (16), no Jardim da Saudade, Capela C, às 9h30. Artista era conhecido pelas pinturas de rostos e por ser curador de projetos culturais em Salvador (Reprodução/Facebook) "Ele sempre esteve em casa, desde o começo do processo, em 2014. Sempre com as pessoas que amava. Foi uma luta longa, mas ele escolheu estar nela da forma mais próxima de si mesmo, dos lembretes de si e de quem amou", afirma, entre lágrimas, a viúva Lanussi Pasquali, que confirmou o falecimento do artista para o CORREIO. Formado pela Escola de Belas Artes da UFBA, João ganhou destaque no universo das artes visuais com a sua primeira exposição em 1988, Encontros com Da Vinci, título que já alertava para a influência que a obra do pintor italiano exerce sobre Joãozito, que afirmava encanto pelas entrelinhas visualizadas nas artes de Leonardo.

Tipos marginalizados e figuras insólitas fazem parte do amplo universo do artista. Para Joãozito, a produção era sempre feita a partir da ideia de alguma quebra de estereótipos. Com cabeças e rostos humanos sendo representados na maior parte das suas obras, o artista mostrava, por exemplo, em uma das suas artes, um ladrão com expressão 'de quem foi roubado', fazendo críticas sociais sobre o ciclo de perdas e preconceitos. Se a sensação gera reflexão, e por isso era o mote principal de Joãozito, a não acomodação era outro ponto fundamental. Junto com a esposa Lanussi, ele costumava fazer experimentações artísticas que envolviam, por exemplo, o audiovisual. O desejo de trazer maior realismo para obras diversas, ficava visível nas exposições que criava, com técnicas interativas e que utilizavam de formatos como o 3D. Em fevereiro deste ano, Joãozito esteve na feira Pedra Papel e Tesouro, que ocorre esporadicamente em Salvador. Este foi um dos últimos momentos artísticos e públicos que postou no Facebook. Além das obras que criava constantemente, o artista era curador e empreendedor. Junto com a esposa Lanussi, Joãozito era criador e proprietário da empresa Blade Cenografia & Design, há 20 anos. Lanussi, no entanto, faz parte do projeto há 10 anos. A empresa é responsável por curadorias de projetos e eventos culturais, como foi o caso, em 2016, da exposição de arte e realidade virtual nos espaços Carybé de Artes, no Forte de São Diogo.