Morte de traficante faz comércio fechar e ônibus não circularem em São Gonçalo

Açúcar, morador do bairro, morreu em confronto com a polícia no bambuzal do aeroporto

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  • Amanda Palma

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 10:34

- Atualizado há um ano

O comércio do bairro de São Gonçalo fechou as portas na manhã desta terça-feira (10), também por causa da morte do traficante Diego Ferreira Figueredo, conhecido como Açúcar, em uma troca de tiros com a polícia no bambuzal do aeroporto. Escolas também estão fechadas na região.

Segundo relatos de moradores, um grupo de homens armados chegou ao final de linha do bairro por volta das 7h30, causando pânico e correria. Uma dona de casa, que pediu anonimato, contou que o grupo ordenou o toque de recolher por três dias na região. Viaturas estão circulando pelo bairro nesta terça-feira (10) (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) De acordo com a Polícia Militar, o policiamento foi intensificado na região com equipes da 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves) e da Rondesp Central. Ainda segundo a PM, Açúcar era morador do bairro. Os comerciantes decidiram não abrir os estabelecimentos, mas a polícia está fazendo rondas na região para minimizar os transtornos. 

Os ônibus também não estão circulando no bairro. As escolas Municipal de São Gonçalo, Murilo Celestino Costa e Eugênia Ana estão com as aulas suspensas. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), 958 alunos estão sem aulas. As unidades de ensino chegaram a abrir para receber os alunos nesta manhã, mas suspenderam as aulas após a correria.

A Escola Estadual Alberto Valença também teve o funcionamento afetado. Em nota, a Secretaria estadual de Educação informou que a escola abriu normalmente, mas poucos alunos foram para a aula. "A Secretaria da Educação do Estado da Bahia informa que o Colégio Estadual Alberto Valença, localizado no bairro de São Gonçalo, abriu normalmente nesta terça-feira (10), porém foi registrada baixa frequência de estudantes", diz a nota. Escolhas suspenderam as aulas na manhã desta terça-feira (10) (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Sem se identificar, um comerciante contou que chegou para trabalhar e já encontrou os outros lojistas fechando as portas. Para evitar represálias ele também não vai funcionar hoje e estima um prejuízo de R$ 700.

Os oito coletivos que circulam no bairro estão fazendo final de linha no Saboeiro e no Resgate, segundo informações de rodoviários.  Sem ônibus, os moradores têm que descer na entrada do bairro e andar até chegar às suas casas. A dona de casa Joana Garcia, 65 anos, teve que suportar as sacolas do mercado e caminhar até o final de linha. “Vim do mercado, estou indo pra casa, moro no final de linha e as compras estão pesadas”, disse.

Moradora do bairro, uma cabeleireira contou que foi ao médico logo cedo e quando retornou ao bairro já encontrou o comércio fechado. “Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Quando cheguei aqui soube que era toque de recolher. Já liguei e avisei aos meus filhos para ninguém sair de casa”, contou.

Campinas Na noite desta segunda-feira (9), o comércio também fechou as portas em Campinas de Pirajá e Marechal Rondon. Segundo relatos de moradores, a situação começou por volta das 20h. 

Ainda de acordo com testemunhas, quatro homens em um carro passaram pela rua principal do bairro, dando tiros para o alto e mandando que o comércio fosse fechado. O toque de recolher aconteceu na Estrada de Campinas e na Rua Osório Vilas Boas.

O suspeito é irmão de um traficante que atua na Rua Osório. Nesta terça-feira (10), o comércio voltou a funcionar normalmente. O policiamento também está reforçado na região com equipes da 9ª CIPM (Pirajá).

Líder do BDM De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o traficante Diego Ferreira Figueredo é uma das lideranças da facção Bonde do Maluco (BDM) e morreu após desembarcar no Aeroporto Internacional de Salvador, quando chegava de São Paulo. Ele é acusado de participar de roubos a bancos, homicídios e tráfico de drogas.

Segundo a SSP, um homem aguardava Açúcar e ao passar pelo bambuzal eles reagiram a uma operação montada para prender o traficante. Durante a troca de tiros, eles foram atingidos e levados para o Hospital Menandro de Farias, em Lauro de Freitas, mas não resistiram aos ferimentos.

"Cerca de 30 policiais estavam acampados nessa rua de trás esperando que eles passassem. Eles nos orientaram a ficar dentro da loja durante a operação. Na hora que o carro passou, eles fecharam a pista e teve o tiroteio. Foi mais ou menos uns dez tiros. Quando acabou, uns cinco policiais ainda foram vasculhar a área do bambuzal, mas voltaram sem nada", afirmou o funcionário de uma locadora, que preferiu não se identificar.