MPF pede suspensão dos benefícios de delação a Paulo Roberto Costa

A investigação alega que o ex-diretor da Petrobras mentiu na delação premiada homologada em setembro de 2014

  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 10:44

- Atualizado há um ano

O Ministério Público Federal (MPF) pediu ao juiz Sérgio Moro a suspensão dos benefícios de delação premiada concedidos ao ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, após ele ter mentido em depoimento. A sua condenação à prisão também foi solicitada. 

Segundo a Força-Tarefa, Costa mentiu em sua colaboração, o que quebra o acordo com a Justiça Federal. O confronto das informações passadas por Costa e por sua filha Arianna, também acusada, revelaram contradições e omissões de ambos os acusados.

A pedido dos 12 procuradores da investigação, Costa pode responder com base na lei de organizações criminosas, com pena mínima de três anos e máxima de oito anos de prisão. Conforme o procurador e coordenador da Força-Tarefa Deltan Dallagnol, houve um "evidente descumprimento aos deveres assumidos em razão da celebração de acordo”.  

Segundo o MPF, o termo de colaboração número 80 é uma das versões com contradições. Costa havia informado que pediu a sua filha Arianna a retirada de R$ 100 mil e US$ 10 mil da sua empresa, a Costa Global Consultoria. Mas ele mudou a versão: disse ter solicitado apenas a quantia de R$ 50 mil.

De acordo com informações do jornal O Globo, Costa e seus advogados não foram encontrados para comentarem sobre o assunto.(Foto: Câmara dos Deputados)Histórico

No dia 30 de setembro de 2014, o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo de delação premiada de Costa, que saiu da prisão no dia seguinte, depois de cinco meses preso, condenado por crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Com a colaboração, ele passou a cumprir prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica por um ano.

Depois, em outubro, quando a delação foi considerada contribuição efetiva para as investigações da Lava-Jato, o delator pode prosseguir para o regime semiaberto. Com isso, obteve o benefício de trabalhar e viajar mediante autorização da Justiça, e também passou a permanecer em domicílio apenas a noite e nos fins de semana.

Na delação, Costa revelou sobre o funcionamento do esquema de corrupção da Petrobras, além de como funcionava o pagamento de propinas a partidos políticos e a agentes públicos em troca de contratos com a estatal.

Em março de 2014, antes dos investigadores da Lava-Jato fazerem buscas no local, parentes de Costa teriam retirado documentos da sua empresa, a Costa Global Consultoria. Tanto ele quanto sua filha e alguns familiares respondem por tentativa de ocultação de provas.