Mulher joga ácido em vizinho após discussão no Candeal de Brotas

Familiares da acusada alegaram que ela sofre de problemas mentais

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  • Tailane Muniz

Publicado em 13 de junho de 2017 às 15:58

- Atualizado há um ano

Acusada de atacar um vizinho com ácido na madrugada de sábado (10), no Candeal de Brotas, em Salvador, a administradora de imóveis Zuleide Cova dos Santos, 39 anos, foi presa na tarde desta segunda-feira (12), quando foi prestar queixa contra o vizinho Jairo Souza Alves, 48. Em apresentação à imprensa, na manhã desta terça-feira (13), ela confessou a agressão e alegou legítima defesa, mas disse estar arrependida do crime. Muito nervosa, a acusada afirmou que Jairo a agrediu com um soco no rosto horas antes. Segundo a família, Zuleide sofre de problemas mentais."Eu só quis me defender, ele deu um murro em mim, eu tive medo dele", contou, apontando um ferimento no supercílio direito. Jairo, que não corre risco de morte, está internado no setor de queimados do Hospital Geral do Estado (HGE) e deve passar por cirurgia. Embora tenha confessado o ataque, Zuleide afirmou que não premeditou o ato e que teria conseguido o ácido com um morador de rua. "Depois que ele deu um murro em mim, eu saí pela rua sangrando. Foi quando um rapaz de rua me deu, mandou eu jogar nele se ele viesse me bater de novo", pontua ela.Segundo Zuleide, tudo começou na tarde de sexta-feira (9), após uma discussão motivada por causa de uma infiltração. "Ele me chamou e pediu para eu quebrar a parede da minha casa para resolver a infiltração na casa dele, mas eu não tinha culpa. Então ele começou a brigar comigo e me deu um murro no rosto", disse ela, que é vizinha de Jairo há 12 anos. Conforme a suspeita, após ficar ferida no rosto, ela procurou a polícia, mas foi orientada a buscar atendimento médico antes de prestar queixa.De acordo com a titular da 6ª Delegacia (Brotas), delegada Maria Dail, Zuleide sofre de problemas psíquicos. "Ela esteve aqui na sexta-feira, toda ensaguentada, então pedimos para que ela buscasse ajuda médica e retornasse. Ela não veio e acabou cometendo esse ato", explicou Dail, informando que a acusada foi autuada por tentativa de homicídio e continua presa.

BrigaApós ser atendida no HGE, onde recebeu dois pontos no supercílio, Zuleide retornou para casa acompanhada do pai e do irmão, momento em que ocorreu o segundo desentendimento. Pai da acusada, o aposentado João dos Santos, 72, contou o que aconteceu. "A gente passou a tarde no hospital, depois retornamos para a casa dela para pegar algumas coisas e já estávamos para sair. Era por volta de meia-noite quando ele chegou de moto. Veio me desacatando, gritando comigo e xingando minha filha. Ela estava no andar de cima da casa e eu no térreo. Só vi quando ele começou a gritar que ela tinha jogado alguma coisa nele", lembra.O aposentado afirmou, ainda, que permaneceu próximo à vítima, na tentativa de ajudar. Zuleide contou que saiu do local de carro, após pedir carona a um desconhecido. "Eu fui para a casa de uma amiga no Candeal mesmo. Cheguei e contei a ela. Mas eu não fiz por mal", disse ela. Ainda segundo a acusada, ela passou o domingo cuidando do ferimento no supercílio: "Eu só tive como vir à delegacia ontem, para dar queixa dele, porque ele me agrediu", salientou.Zuleide negou que tenha cogitado atacar alguém com ácido. "Eu não comprei aquilo, não sei quanto custa. Foi mesmo um rapaz da rua que me viu sangrando e me deu", reiterou. Para a delegada, a versão da suspeita não corresponde à realidade. Conforme Dail, cinco vizinhos prestaram queixa, há cerca de um mês, alegando ameaças por parte da administradora. "Existe uma ocorrência aqui, o que mostra que ela já tinha isso em mente. Alguns disseram ter visto o recipiente na casa dela", afirma a delegada, que vai solicitar ao juiz um exame para checar a sanidade mental da presa.Para o pai, Zuleide não deveria ter sido exposta à imprensa. "Ela tem esses problemas, assim como a mãe dela tinha. Eles não poderiam ter deixado filmarem ou fotografarem ela, porque ela não sabe o que faz", disse, afirmando não ter conhecimento de que a filha costumava guardar soda cáustica dentro de casa.