Não é um milagre: conheça o segredo de quem entrou 2017 com as contas no azul

Especialistas em educação financeira mostram porque o inicio do ano é o momento de organizar as contas

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 9 de janeiro de 2017 às 04:00

- Atualizado há um ano

O ano foi tão difícil para as finanças pessoais que até mesmo a reportagem do CORREIO teve trabalho para encontrar alguém que conseguiu chegar em 2017 com as contas em dia. Mas, apesar de não estar fácil para ninguém há quem tenha conseguido manter o orçamento equilibrado e entrou o ano novo com tudo azul. Por mais incrível que pareça, o feito - acredite - não foi milagre ou coisa parecida.  

Segundo especialistas em educação financeira, os que chegaram lá foram aqueles que se planejaram e reduziram o consumo, ao otimizar os recursos na hora certa.“A gente tem aí o perfil de pessoas que não deixaram para fazer o dever de casa na última hora. Gastaram de forma racional ao perceber que a tínhamos uma crise instalada no país e a partir daí se adaptaram a este cenário, seja administrando melhor sua receita ou cortando gastos”, pontua o educador financeiro Angelo Guerreiro.Taís Gomes achou até que seria demitida, mas no final das contas conseguiu entrar o ano com tudo no azul(Foto: Evandro Veiga/ CORREIO)Não é bem uma receita de bolo, mas foi esta a estratégia da auditora de vendas Taís Gomes. Com receio de ficar desempregada, ela pegou todo o dinheiro das férias e do décimo terceiro e zerou as dívidas que tinha. “Tinha empréstimo no meio, cartão de crédito, escola de criança chamei tudo para o pagamento à vista e consegui negociar sem pagar juros. Com R$ 2 mil consegui resolver tudo, só por conta do medo de ser demitida depois que a empresa que trabalho anunciou que haveria uma redução de custos”, conta. 

Para ela, a decisão mais complicada na hora de equilibrar as contas é definir as prioridades. “O que mais doeu foi cortar o plano de saúde da minha filha. Mantive só a assistência domiciliar, mas é melhor fazer um esforço e readequar o orçamento a ter que ficar recebendo carta do SPC e do Serasa em casa”. E a melhor parte foi descobrir que ela não estava incluída na lista de demissões: “Minha situação foi revista e a empresa desistiu de me demitir. Não deu para sobrar dinheiro, mas fiquei aliviada porque vou entrar 2017 sem contas para pagar e com emprego garantido”, comemora. 

A meta agora é investir em uma reserva. Mais uma vez, Taís vai apostar na redução de despesas. “Vou ter que tirar minha filha  do colégio particular. Ela vai estudar esse ano em uma escola municipal. Só assim a gente vai conseguir economizar e fazer uma reserva, nem que seja uma poupança por precaução. É melhor repensar o orçamento e se adequar ao que você ganha no momento para não ficar passando aperto”, defende. 

Contas em dia É nesta hora que se torna necessário promover os ajustes, como aponta a educadora financeira da Dsop Educação Financeira, Lorena Milaneze. “A primeira coisa a se fazer é conhecer o orçamento e trabalhar dentro de um diagnóstico financeiro com um levantamento onde seja possível identificar para onde está indo o dinheiro que ganha”, aconselha a especialista. 

Orientações que são seguidas a risca pelo contador Alex Costa, que antes mesmo de começar o ano colocou tudo numa planilha, inclusive, com a previsão de gastos com escola do filho, custos fixos e alimentação. “É todo um planejamento que começo a fazer, o quanto antes. O que sobra disso aí ainda vai para poupança onde mantenho esse dinheiro guardado. Com todo este controle dificilmente eu viro o mês negativo”, assegura. 

A primeira parcela do Décimo Terceiro e restituição do Imposto de Renda também vão direto para a reserva. “TCom isso, dá para fazer uma gracinha com a segunda parcela do décimo e gastar com as festas de final de ano”. 

Planejamento Para chegar lá, o educador financeiro do Portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, alerta que as metas não devem ser tratadas como as promessas. “As pessoas precisam efetivamente colocar no papel o quanto gastam, como e porque gastam e evitar o efeito regime, como aquela dieta que você sempre diz que vai começar na segunda-feira”, destaca. 

Vignoli lembra ainda, que nem tudo está perdido mesmo para quem está endividado. “Aqueles que fecharam no vermelho tiveram compromissos assumidos acima da sua capacidade financeira, que perderam emprego e renda. A partir de agora a receita é enfrentar a realidade e colocar a vida no padrão que dá para viver confortavelmente”.