'Não há pedofilia', diz promotor após visitar mostra cancelada

Após protestos, mostra em Porto Alegre fechou as portas

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 18:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Um dia após depois que uma exposição sobre diversidade sexual em Porto Alegre foi cancelada, dois promotores do Ministério Pùblico do Rio Grande Sul visitaram o Santander Cultural, onde a mostra aconteceu. Manifestantes protestaram contra a mostra afirmando que esta promovia pedofilia, zoofilia e desrespeitava símbolos religioso. 

O promotor da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Julio Almeida, afirmou que foi até o local para verificar se havia sinais de promoção da pedofilia. "Fomos examinar in loco, ver realmente quais obras que teriam conteúdo de pedofilia. Verificamos as obras e não há pedofilia. O que existe são algumas imagens que podem caracterizar cenas de sexo explícito. Do ponto de vista criminal, não vi nada", afirmou ele em entrevista ao G1. 

Almeida citou o artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para explicar quando se configura pedofilia. "Não há crianças e adolescentes em sexo explícito ou exposição de genitália de crianças e adolescentes. Também não há obras que façam com que a criança seja incentivada a fazer sexo com outra criança", afirma o promotor. 

A coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões, Denise Villela, também visitou o local. Juntos, eles analisaram as mais de 200 obras expostas e concluiram que de quatro a cinco podem ter cunho sexual. O promtor sugeriu que essas imagens poderiam estar em um espaço reservado dentro da mostra. Apesar disso, ele destaca que o ECA não trata claramento de faixa etária para exposições.

"O ECA é muito claro (sobre classificação indicativa) para revistas, peças de teatro, programas de televisão, entre outros. Para museu não tem algo objetivo. É a primeira vez, em 20 anos na promotoria, que vejo isso", afirma. Segundo o promotor, diversos museus espalhados pelo mundo exibem obras que incluem nu frontal sem nenhuma restrição para crianças. Ele cita como exemplo a Estátua de David, que fica no Museu de Florença, na Itália.

Um abaixo-assinad, organizado na internet pede a reabertura da exposição Queermuseu no Santander Cultural. Até as 14h desta terça-feira (12) mais de 37 mil pessoas já tinham se manifestado favoravelmente. O texto do abaixo-assinado classifica de "retrocesso" o cancelamento.