Neymar agora é maior que o clube

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras

Publicado em 3 de agosto de 2017 às 05:23

- Atualizado há um ano

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Claro que seduz muito, mas tomara que a transferência de Neymar para o PSG não tenha o dinheiro como motivação maior. Um jogador no nível de excelência que ele se encontra - e já milionário há um bom tempo - tem que priorizar a carreira, os títulos, os prêmios.   Se a explicação for o desafio de querer ser o melhor do mundo, algo que ele acha que não conseguiria jogando ao lado de Messi, Neymar foi corajoso. Mas, se o que moveu o atacante foi unicamente o salário de 30 milhões de euros (R$ 111 milhões) livres de impostos por ano, ele está deixando em segundo plano o que tem de melhor: seu talento. Nesse caso, a coragem daria lugar à covardia. Neymar troca um dos maiores times do mundo por um dos mais ricos, porém num patamar futebolístico inferior. O Barça era maior que o craque. Agora, Neymar é maior que o PSG, que tem em sua galeria seis títulos do Campeonato Francês – foi vice do Monaco na última edição - e nunca chegou a uma final da Liga dos Campeões da Europa. Inicialmente, a transferência é muito mais garantia de sucesso para o PSG do que para Neymar, que vai jogar numa liga mais fraca que a espanhola e tem a missão de transformar um clube médio em grande. O desafio do brasileiro é proporcional às cifras envolvidas nessa que é a transferência mais cara da história do futebol. Será Neymar capaz de dar uma Champions ao PSG e se consagrar como melhor do mundo? Talento ele tem de sobra, mas considerando o peso que o torneio europeu tem na eleição da Fifa, a tarefa torna-se muito mais difícil. Afinal, será preciso superar Real Madrid e Barcelona, além das outras forças do continente. E no lugar de Messi, Suárez e Iniesta para tabelar, Neymar terá Di María, Cavani e Draxler. Todos muito bons jogadores, mas nenhum fora de série como ele e seus antigos companheiros.Jorginho e a sombra de Guto “Jorginho é um profissional que tenta se firmar como referência de técnico no Brasil. Precisa fazer um trabalho sólido para subir do patamar intermediário para o primeiro escalão, e o Bahia atual talvez dê condições para isso: é um clube que arruma a casa, paga em dia e tem metas bem definidas de onde quer estar no futuro, além de ser um time já bem montado por Guto”. Era o dia 1º de junho e este colunista analisava a contratação de Jorginho, que chegava a Salvador para o trabalho que, como se sabe, durou apenas dois meses. Das linhas acima, a última frase foi crucial para o ex-treinador tricolor. Guto Ferreira está em Porto Alegre, mas a sombra dele conviveu com Jorginho durante todo o curto tempo que ele passou em Salvador. O time bem montado recebido de herança, que era para ser um facilitador, foi uma pedra no sapato. Jorginho também não foi esperto o suficiente. Chegou uma semana após a conquista da Copa do Nordeste, euforia do torcedor no ápice. O time vinha de duas derrotas em sequência no Brasileirão, mas pouco importava: o título diante do Sport entre as partidas contra Vasco e Botafogo deixava uma aura leve e feliz. A goleada por 6x2 sobre o Atlético-PR na estreia e a eliminação do Vitória na semifinal do regional ainda estavam fresquinhos na cabeça. O torcedor queria pulsar mais com aquele Bahia vibrante, a diretoria também. Jorginho não conseguiu dar isso. Mudou o jeito de jogar, e o time que antes mordia, passou a ruminar. Aí, a sombra de Guto não perdoou.