Neymar: o menino e o monstro

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 6 de fevereiro de 2018 às 05:00

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Era uma vez um monstro. Era uma vez um menino. Era uma vez um monstro que também era o menino. Era uma vez um menino que também era o monstro. Era uma vez Neymar.

Era uma vez um monstro que alcançou 27 gols em 26 partidas pelo PSG, mais as 16 assistências na temporada, dois dias antes de completar 26 anos. Um monstro impossível de não ser comparado a Messi e Cristiano Ronaldo na mesma idade. O argentino, aos 26, tinha 348 gols. Ronaldo, 213. Ainda que a conta do monstro em questão inclua gols marcados pelas seleções olímpicas, sub-20 e sub-17, e amistosos com Santos e Barcelona, e os números dos dois últimos melhores do mundo sejam apenas em jogos oficiais, o feito merece aplausos. O monstro tem 321 gols, igualmente impressionante. Na Seleção Brasileira, além da grande estrela, já é o 4º artilheiro da história com 53 gols em jogos oficiais e caminha para o topo (Romário tem 55, Ronaldo 62 e Pelé 77).

Um monstro de popularidade e visibilidade. Um assombro, com valor de mercado de 213 milhões de euros, segundo o Centro Internacional de Estudos Esportivos (CIES), o maior entre todos os seres das cinco maiores ligas europeias. Uma criatura única, capaz de colocar o Campeonato Francês, que até a sua transferência era absolutamente ignorado, diariamente nas manchetes esportivas do resto da Europa.

Era uma vez um menino que fez bico quando não ganhou a bola para bater um pênalti lá em 2010. E que repetiu a malcriação sete anos depois. Um garoto que, vira e mexe, cai em provocações, empurra, debocha e também irrita seus adversários e que tomou diversos cartões amarelos bobos na carreira e que foi expulso oito vezes nos últimos oito anos. Um menino que aprendeu pouco na escola Messi de disciplina, que ele frequentou durante 4 anos. O argentino raramente se envolve em confusões em campo, nunca foi expulso em uma partida pela equipe principal do Barcelona e, pela Argentina, tem apenas um cartão vermelho, em sua estreia pela seleção principal, num amistoso contra a Hungria em agosto de 2005.

Neymar é o monstro e é o menino. Para muitos, em especial no Brasil, de forma romântica, é a criança que só quer jogar bola com ousadia e alegria. Que está amadurecendo e ainda pode aprender com a vida. Para outros, em especial na Europa, o conto de fadas é diferente e mais duro: Neymar é um adulto, com grandes privilégios e reponsabilidades, mas que ainda se comporta como menino. E que seguirá tendo esse perfil seja aos 26 ou aos 30 anos. Ainda que seja eleito o melhor do mundo, e tem futebol pra isso, seguirá com as provocações aos adversários, a dificuldade para lidar com frustrações e o comportamento infantil aflorado em diversas situações.

Tite tem nas mãos as duas coisas: o monstro, craque do time que resolve uma partida, e o menino, que pode ser expulso num jogo decisivo de Copa do Mundo. Existe um Neymar pronto para ser a estrela do Brasil na Copa do Mundo. Mas também existe um Neymar, por tudo que já mostrou nos seus recém-completados 26 anos, que não está (e pode nunca estar) pronto para ser um exemplo de nobreza, maturidade e liderança. Aos torcedores, aproveitando a ocasião do aniversário, resta desejar felicidades e que o monstro Neymar receba mais a bola que o menino.

Às Claras Um dos jogadores que ainda brigam por uma vaga na Rússia, Douglas Costa foi eleito o melhor jogador da Juventus em janeiro. Foram dois gols, duas assistências e boas apresentações. No fim de semana, o atacante não entrou em campo por causa de uma lesão na panturrilha, mas estará recuperado para o próximo jogo. Douglas cresceu desde que chegou à Itália, mas ainda pode ser melhor. Fique de olho!