Nome forte do showbusiness, Pinga fala sobre mudanças no mercado

José Carlos Mendonça tem levado uma vida tranquila e longe dos holofotes em Praia do Forte

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  • Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2017 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Responsável por produzir mais de quinze mil shows em todo o país, José Carlos Mendonça, o Pinga, tem levado uma vida tranquila e longe dos holofotes em Praia do Forte, onde reside há cerca de dois anos. Foi somente quando ele completou 50 anos de carreira que decidiu largar as pontes aéreas e estradas pela residência fixa no Litoral Norte da Bahia.

A forma mais tranquila com quem tem atuado no mundo do showbusiness contrasta bastante com a correria que caracterizou seu meio século de trabalho na área. "Da minha vida, passei 35 anos em Recife - mas era pose, porque eu morava no Brasil. Todo dia eu estava em uma cidade diferente. Um negócio que não desejo a ninguém! Andei mais que notícia ruim, mais que pensamento", diz.

Afinal, houve épocas em que a Pinga Produções Artísticas chegou a realizar seis shows em uma mesma noite em diferentes estados do país. Não podendo estar em tantos lugares ao mesmo tempo, Pinga, hoje aos 77 anos, contava com uma vasta equipe, que ele conseguiu formar muito por conta do avanço dos negócios. "Em setembro de 1969 fizemos Ney Matogrosso em Porto Alegre, Roberto Carlos em Recife, Maria Bethânia em Salvador e Perlla no interior de Pernambuco. Tudo em uma mesma noite", comemora.

Mas antes de ganhar o país, ele fez questão de preparar bem o terreno de onde veio. Nascido em Propriá, no interior de Sergipe, seus negócios partiram mesmo de Aracaju, onde durante a adolescência atuou como farmacêutico, dando continuidade aos negócios da família. "Minha primeira turnê fora do estado foi em 1972, anos depois de eu ter começado atuar. Foi em Fortaleza, também no Nordeste.  Sou bairrista demais", define.

O interesse pelo mundo do showbusiness surgiu no momento em que ele conheceu a Jovem Guarda, num show de Wanderley Cardoso e Rosemary, em Aracaju. Naquele momento, teve a certeza de que deveria produzir eventos que superassem aquele. E, para isso, só contratando Roberto Carlos. Foi com o Rei que ele firmou uma das parcerias mais importantes da sua carreira: assinou 285 shows dele. E, planeja, ainda fazer mais um, para comemorar o encerramento das suas atividades. "Eu estou pretendendo comemorar essa data e encerrar definitivamente com um show do Roberto Carlos em Recife. O Geraldão está em reforma, mas penso em fazer algo lá. Em Salvador temos a Fonte Nova, mas para show a estrutura não é das melhores", diz.

A longa trajetória permite a ele fazer muitas considerações acerca do quanto o negócio do entretenimento mudou nesses anos. “Quando comecei, não havia mais que 100 profissionais atuando no mercado de shows no Brasil. Hoje são milhares. A concorrência aumentou e os modelos de negócios são outros”, lembra o empresário. Para ele, show é isso: riscos e lucros. "O que eu sempre fiz foi comprar o show, nunca fui agenciador de artista", diferencia. E pondera: "Até os anos 2000, era muito mais fácil trabalhar com evento. Hoje em dia, depois do sertanejo, os cachês dos artistas foram lá para cima. A prefeitura banca, mas pra gente comprar é prejuízo na certa". comenta.

E, como dá para perceber, ele é muito bom de números. Além de ter tudo anotado, é na memória que ele busca muitos deles. De Chico Buarque a Chiclete com Banana, passando por nomes como Elba Ramalho, Maria Bethânia, Frank Aguiar, Raça Negra e Perlla, todos já tiveram shows realizados por Pinga.

Em toda sua carreira só teve um artista exclusivo: Luiz Gonzaga – e somente por seis anos. Pinga gostava mesmo era do risco, de comprar a data e ele mesmo viabilizar a realização do show. Em cada praça, tinha um parceiro (produtor local), ao qual repassava um percentual da receita bruta. “O risco era todo meu”, recorda.

No final do mês, Pinga irá produzir o show All You Need Is Love, na Concha Acústica. "Foi o único grupo no mundo convidado para tocar no lendário palco onde os Beatles fizeram fama, do Cavern Club, em comemoração aos 50 anos de lançamento do primeiro álbum, Please Please Me", conta Pinga sobre a banda que fará um tributo ao grupo musical de Liverpool, um dos mais bem-sucedidos e aclamados da história da música mundial. A apresentação acontece no dia 30 de setembro (sábado), às 19h.