O destino do basquete feminino

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  • Ivan Dias Marques

Publicado em 18 de agosto de 2017 às 05:28

- Atualizado há um ano

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Se há um fundo no poço do basquete brasileiro, a seleção feminina adulta chegou lá no último final de semana. Sem os Estados Unidos, eterno rival continental brasileiro, na disputa, o time nacional conseguiu a proeza de terminar em 4º lugar na Copa América e ficar de fora no Campeonato Mundial, em que esteve em 15 das 16 edições anteriores. Ou seja, é quase como se a seleção masculina de futebol ficasse de fora de uma Copa do Mundo.

Ficamos atrás de Canadá, Argentina e Porto Rico. A seleção colecionou quatro derrotas seguidas. Além das três citadas, ainda foi derrotada pelas Ilhas Virgens. Mais inimaginável ainda foi a equipe levar sacodes de mais de 30 pontos de argentinas e canadenses.

Não precisamos nem recorrer aos tempos mais áureos do nosso basquete feminino, o Mundial de 94, quando Hortência, Paula e Janeth comandaram o título brasileiro, ou a medalha de prata em Atlanta, dois anos depois. Há coisa de dez, quinze anos, a distância entre o basquete brasileiro e o argentino feminino, por exemplo, era equivalente à quantidade de água que separa o Brasil da Austrália.

No entanto, os movimentos foram contrários. Não bastasse os desmandos, desvios e incompetências da Confederação Brasileira de Basketball, nas gestões Grego e Carlos Nunes, o basquete argentino feminino cresceu, inspirado nas conquistas do naipe masculino.

Os resultados nas últimas duas grandes competições mostravam essa decadência brasileira. Um 11° lugar no Mundial de 2014 e uma eliminação triste na fase de grupos dos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Obviamente que o atual presidente Guy Peixoto iria colocar a culpa na herança maldita – e tem mesmo. Hoje, com poucos recursos, sem receber verbas federais por conta da ausência de certidões negativas, foi um heroísmo até mesmo disputar a competição. Se não fosse por patrocínios pontuais e dedicação das jogadoras e comissão técnica, o papelão teria sido maior ainda.

Agora é hora de arrumar a casa. Aproveitar que a Copa América masculina, que começa na semana que vem, não é classificatória pro Mundial, para ter tranquilidade e fazer investimentos no lugar certo: a base, sobretudo.

Se o masculino sobrevive e tem material humano é graças muito à Liga Nacional e à divulgação do NBB, além da maior projeção da NBA no país, o que ainda enche de sonhos os garotos. Para o feminino, há anos não existe perspectiva para as jovens, incluindo na Bahia, em que o incentivo ao esporte depende muito mais dos clubes e professores apaixonados pela modalidade.

Há de se ter consciência que a restruturação do basquete no país, principalmente da base e do feminino, não será fácil e, muito menos, rápida. Não existe elevador no fundo poço e o ressurgimento é passo a passo. Mas precisamos começar. Ou então, cada vez mais, Hortência, Paula e Janeth serão rainhas sem reino.

Masculino  A oportunidade de dar cancha aos jovens brasileiros com potencial não será perdida. O grupo da seleção masculina que entra em quadra a partir do dia 25 na Copa América tem média de quase 26 anos. Se excluídos os dois mais experientes – JP Batista e Fúlvio, ambos de 35 – cai para 24.

Estão lá nomes que, se tudo der certo, serão expoentes do nosso basquete por um bom tempo, como Bruno Caboclo, Georginho e Lucas Dias. No caso dessa seleção, o resultado importa menos.

*  Ivan Dias Marques é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras