O esporte une o que o ódio separa

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  • Miro Palma

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 05:35

- Atualizado há um ano

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Em toda a história da humanidade, poucas coisas foram capazes de unir pessoas de origens, culturas e ideologias diferentes, até mesmo rivais. Dentre elas, o esporte é, talvez,  que  mais vezes demonstrou esse caráter de conciliação, de respeito, de solidariedade e de paz. Talvez por isso, a última iniciativa estúpida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha soado ainda mais absurda do que as anteriores.

Na última sexta-feira, durante um discurso no estado do Alabama, Trump atacou jogadores da NFL, a principal liga profissional de futebol americano, que protestaram de joelhos enquanto o hino nacional era entoado no início das partidas. Você deve se lembrar que o antigo quaterback do San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, iniciou uma série de protestos que foram replicados por outros jogadores contra as mortes de pessoas negras por policiais brancos. Era sobre ele e os atletas  que o presidente americano falou quando disse no discurso: “Vocês não adorariam ver um desses donos da NFL, quando alguém desrespeita nossa bandeira, dizer: tirem esse filho da p* do campo agora. Fora. Você está demitido?”.

Depois disso, e por razões óbvias, o jogador de basquete Stephen Curry, do Gold State Warriors, atual campeão da NBA, disse em entrevista que votaria para que seu time não fosse à tradicional visita que os vitoriosos das principais ligas americanas fazem à Casa Branca. E ainda disse: “Nós não defendemos, basicamente, o que o nosso presidente defende, as coisas que ele disse e as coisas que ele não disse nos momentos certos”. Pronto, isso foi o suficiente para que Trump fosse ao Twitter desconvidar o atleta e o resto do time. Vamos combinar, parece aquele seu primo mimado de 12 anos...

Mas, o que ele não sabia é o que o esporte une em vez de separar. Horas depois, LeBron James, rival de Curry nas finais da NBA, usou o mesmo canal para apoiar o colega de esporte. Além de chamar Trump de “bundão”, ainda disse que “ir à Casa Branca era uma grande honra até você aparecer”. Durante a última rodada da NFL, no último final de semana, vários jogadores voltaram a protestar de joelhos. Dessa vez, tiveram ainda a companhia de donos de equipes como Shad Khan, do Jacksonville Jaguars. Teve, inclusive, time que ficou no vestiário durante a canção do hino, como Pittsburgh Steelers.

E praticamente todos os times emitiram notas de repúdio ao presidente. Até mesmo o dono do New England Patriots, Robert Kraft, amigo e apoiador de Trump, criticou sua atitude e ainda disse que “não existe um jeito maior de unificar este país do que pelo meio do esporte”. Pois é, Kraft, pelo visto Donald Trump aprendeu isso da pior maneira.

Se ele queria invalidar ou diminuir o significado dos protestos de jogadores negros que estão se posicionando de uma forma tão respeitosa e positiva sobre um assunto tão importante e ainda tão presente como o racismo – atitude essa que deveria ser replicada por todos os esportistas em todos os lugares do mundo e por todos os cidadãos que querem sociedades iguais e justas –, ele conseguiu o contrário.  

Eu os deixo com as sábias palavras de LeBron: “Nós não vamos deixar – eu não vou deixar – que um cara, não importa o poder, não importa o impacto que tem ou deveria ter, use o esporte como uma plataforma para nos dividir”. Porque o esporte, senhor Trump, nos unifica. 

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às quartas-feiras