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Armando Avena
Publicado em 13 de outubro de 2017 às 02:45
- Atualizado há um ano
Os homens adoram considerar-se racionais, afinal essa característica nos levou ao topo da cadeia biológica e permitiu que conquistássemos o mundo. Infelizmente, caro leitor, essa racionalidade nem sempre está presente nas nossas decisões, pelo contrário, em se tratando de decisões econômicas, por exemplo, o mais comum é que elas sejam adotadas sob o signo da irracionalidade. Esta é a tese da chamada “Economia Comportamental”, cujo mais brilhante defensor, Richard Thaler, ganhou o prêmio Nobel de Economia. Thaler deu uma rasteira nos economistas tradicionais – que afirmam que o consumidor é racional, ou seja, procura maximizar sua satisfação e minimizar seus custos – e comprovou, através de testes e pesquisas, que comportamento irracional das pessoas é, na maioria das vezes, determinante nas suas decisões de consumo e até de investimentos.
A mais dramática das nossas irracionalidades é a síndrome do curto prazo, no sentido de que priorizamos sempre os resultados imediatos. Entre receber uma grande recompensa agora ou uma recompensa maior daqui a um ano, as pessoas tendem a escolher o benefício imediato. À princípio isso parece uma solução racional, afinal “a longo prazo todos estaremos mortos”, como diria Keynes, mas não é, pois, a recompensa imediata pode significar uma perda expressiva e uma satisfação maior no futuro. A síndrome do curto prazo explica também porque o consumidor prefere comprar um bem imediatamente, mesmo tendo de parcelar e pagar juros altos, ao invés de poupar para comprar à vista no futuro
Outra constatação é que o ser humano tem uma enorme tendência a manter o status quo, ou seja, manter a situação atual mesmo que ela não seja muito boa. É por isso que demora tanto para mudar de operadora de telefone ou da TV por assinatura e outras coisa mais, mesmo quando nada funciona. Sair do conforto de não ter de tomar decisões exige uma energia adicional e por isso o processo é adiado. Outra questão importante relaciona-se à perda e a posse. Quando temos posse de alguma coisa, a tendência é dar um valor maior a ela do que quando não a possuímos. É por isso que o proprietário de uma casa pede por ela um preço mais alto do que o valor de mercado. Além disso, os homens possuem aversão a perda e preferem não ganhar, ou seja, não vender o imóvel, do que achar que perderá dinheiro vendendo barato, quando vende e aplicar o dinheiro seria muito mais racional. O mesmo processo se dá com a compra induzida pelo desconto, as famigeradas liquidações, nas quais o consumidor compra, não tanto porque precisa daquele produto imediatamente, mas apenas para não perder o desconto.
Verificando que as pessoas na maioria das vezes se afastam da racionalidade quando tomam suas decisões, Tahler criou o conceito de “nudge” ou seja, a ideia de que é possível induzir o cidadão a tomar decisões mais racionais através de um sutil empurrãozinho. Assim, no formulário adequado, ao invés de questionar o cidadão se ele será ou não doador de órgãos, já vem marcada a afirmação de que ele será, obrigando-o, caso ele não a deseje, a manifestar essa escolha.
Algumas empresas, principalmente na internet, usam e abusam do “empurrãozinho” e oferecem na tela do seu computadore os produtos que o internauta buscou na rede, induzindo-o à compra. O empurrãozinho é também comum na hora do pagamento em cartão, quando se pergunta: Débito? É um “nudge” para induzir o consumidor a não fazer a compra a crédito, que é mais custosa para o lojista. Essa técnica, no entanto, as vezes esbarra com outro comportamento irracional bem típico dos humanos: a tendência a retribuir a ação de outra pessoa com uma ação equivalente. Assim, ao perceber que está sendo pressionado, seu senso de justiça é afetado e ele escolhe o oposto da sugestão.
A economia comportamental é fantástica porque demonstra que, na maioria das vezes, não é a razão que determina as ações humanas, mas sim a emoção. Mas a técnica do “empurrãozinho”, e a tentativa de "proteger os indivíduos de seu comportamento irracional" é polêmica. Há quem afirme que ela pode melhorar o ser humano, estimulando-o a fazer ginástica, doar órgãos e ser menos agressivo, mas há quem diga também que pode transformá-lo num robô, incapaz de fazer suas próprias escolhas. A verdade é que a tese da “indução do comportamento humano” enseja uma análise mais ampla, afinal, por que razão daremos a alguém o poder de induzir nossas ações, por que motivo abriremos mão da nossa capacidade de reagir emocionalmente – que é, em última instância, o que nos faz humanos – em prol de uma suposta supra racionalidade, vinda do mercado ou de quem quer que seja, e que vai mutilar nossas escolhas, ainda que elas sejam irracionais.
A Ford à plena carga Entre janeiro a agosto de 2017 a produção de veículos na Bahia, realizada basicamente pelo Complexo Automobilístico da Ford, cresceu 17,5%, em relação ao ano passado. O aumento na produção se deve a retomada das vendas no mercado externo e a recuperação do mercado interno que, embora em níveis ainda baixos, elevaram a produção para outro patamar. As exportações de automóveis populares da Ford, por exemplo, atingiram US$ 257 milhões, entre janeiro e setembro, um crescimento de 189%. Os produtos de borracha e de material plástico cresceram 5,5% este ano, grande parte relacionada com a produção de pneus para atender a demanda da Ford. O 3º turno na fábrica de automóveis em Camaçari foi reaberto em fevereiro e ao longo do ano os 780 funcionários afastados temporariamente em 2016 retornaram à seus postos. Este ano já foram contratados 170 novos trabalhadores. E a tendência é mais produção.
As perspectivas da economia baiana A estatística, quando torturada, confessa qualquer coisa, por isso é preciso tomar cuidado com as previsões. A recuperação da economia baiana, por exemplo, é uma realidade, mas ainda não está se dando de forma homogênea. Em outras palavras, alguns segmentos estão crescendo muito e outros ainda permanecem em baixa. No 1o semestre de 2017, o crescimento do PIB brasileiro foi e 0%, enquanto o PIB baiano apresentou crescimento da ordem de 0,6%. A Bahia cresceu mais do que o Brasil por conta da recuperação da agropecuária, que cresceu 33%, mas esse cálculo é feito em relação a uma base deprimida, já que o ano anterior foi ano de forte seca no Estado.
Alguns setores da indústria mostram nítida recuperação, como a produção de veículos, celulose, pneus, produtos alimentares e outros, mas a metalurgia está em queda e produção química e petroquímica ainda não deslanchou e ela representa grande parte da indústria. A recuperação está vindo com força no comércio, nos ramos de eletrodomésticos, material de construção, móveis e veículos onde as concessionárias começaram a deslanchar as vendas. Os serviços e o turismo também acenam com recuperação. E a construção civil ensaia novos lançamentos. Tudo indica, portanto, que a economia baiana vai se recuperar e, a medida que a taxa de desemprego for caindo, o crescimento deslanchar. Mas nada muito acelerado. “É como dizem os italianos: piano, piano si va lontano”.
Dia das crianças “De todos os presentes da natureza para a raça humana, o que é mais doce para o homem do que as crianças”. Ernest Hemingway disse sobre esses pequeninos o que todos nos gostaríamos de dizer, por isso, uma viva para as crianças, pelo seu dia.