O Mundial de Clubes e o resgate do Barradão

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  • Darino Sena

Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 09:18

- Atualizado há um ano

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Renato Gaúcho disse que o Grêmio não tinha ido a Abu Dhabi passear. Ele tinha razão. O Grêmio não foi passear, foi assistir ao baile do Real Madrid. Os merengues fizeram 1x0 e só não meteram mais porque nitidamente se pouparam de olho no clássico contra o Barcelona, ainda nesta semana.

Se a derrota já é praticamente certa, por que os times brasileiros não caem pra dentro dos europeus nas finais de mundiais? Talvez nossos jogadores sejam acometidos por um surto repentino da síndrome de Estocolmo, que é quando o sujeito desenvolve amizade ou amor pelo próprio agressor após um tempo de intimidações, torturas ou ameaças. Foi a tese que eu e meu amigo Danilo Sento Sé desenvolvemos entre um gole e outro de cerveja no churrasco de domingo. Sim, é uma teoria assumidamente de botequim, ou melhor, de beira de churrasqueira, mas talvez valha a reflexão.

Acostumados a assistir aos oponentes nos cinematográficos jogos da Champions e a ter o controle sobre eles no Playstation, parece que nossos jogadores congelam diante de Ronaldo, Modric, Marcelo, Kross e cia. Em vez de jogar, ficam admirando os pop stars da bola. Foi essa a sensação passada por Luan, que travou na decisão de sábado. Foi essa impressão que ficou também quando o Santos de Neymar e Ganso foi atropelado pelo Barça de Messi, Iniesta e Xavi. É mais ou menos como nós, meros mortais, nos sentiríamos diante de Fernanda Montenegro ou Paul McCartney. Com a diferença de que nós não teríamos que disputar o jogo mais importante de nossas vidas contra eles.

É evidente que os aspectos financeiro e, consequentemente, técnico, pesam demais. Mas é clara também a paralisia deprimente que acomete nossos jogadores. Talvez valesse um trabalho psicológico específico dos próximos brazucas que se aventurarem em campos do Oriente Médio nas partidas derradeiras do ano.

Do Oriente Médio para o Barradão A história, sobretudo a recente, mostra que não existe Vitória forte sem Barradão forte. Foi só a partir da consolidação desse mando de campo, entre outros fatores, que o Vitória deixou a sombra do Bahia para se tornar hegemônico localmente e, consequentemente, reconhecido e respeitado nacionalmente.

Há pouco tempo atrás, o Barradão era tido como um palco de terror pelos adversários. Pra eles, resistir ao ambiente hostil do estádio, à postura opressora do rubro-negro em campo e sair daqui com um pontinho já era lucro. Hoje, os três pontos para os rivais são quase uma certeza.

O Barradão está desmoralizado. Não só pela campanha ridícula no último Brasileiro – apenas três vitórias em 19 rodadas. O processo foi iniciado há quase uma década, com decepções sucessivas em momentos decisivos. O eterno santuário virou mausoléu.

Resgatar a autoestima do estádio que mudou o patamar do clube é o maior desafio do novo presidente, Ricardo David. Não vai ser fácil. A base do time de 2017 é fraquíssima. Os cofres do clube foram esvaziados pela absoluta falta de critério nas contratações da gestão passada. A seu favor, o novo mandatário tem o passado de sucesso nos negócios e o capital de uma vitória surpreendente e inquestionável nas eleições do clube. Será o suficiente? Não sei. Só não resta uma dúvida: o caminho do sucesso dele e do clube começa necessariamente pelo Manoel Barradas.

Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras.