O tortuoso caminho do futuro rubro-negro

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados

  • D
  • Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

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É bem provável que você nem tenha notado, caro leitor ou bela leitora, mas tomei falta nas últimas colunas. Foi por motivos de força maior, acredite.

Nesse meio de caminho, entretanto, não pude deixar de constatar um fato meio assustador: foram poucos os dias em que o Vitória não passou por uma situação vexatória, seja por ações fora de campo ou inações dentro dele.

Nesse meio de caminho, o caldo entornou tanto que o presidente Ivã de Almeida realizou sua única iniciativa em benefício do Vitória: tirou o corpo. Vá lá que se trata de uma licença temporária, mas bem que ele poderia ter a consciência de que seus meses à frente do clube foram pro lixo e não inventar de retomar o posto.

Nesse meio de caminho, como já era de se esperar, surgiram os gênios – e os tirados a espertos - pra dizer que o grande problema é a democracia. Só come essa pilha quem for besta.

Pra começo de conversa, a última eleição do Vitória foi disputada nos mesmos moldes de sempre, justamente porque os que se sentiam donos do clube fizeram de tudo para manter as regras velhas.

Uma coisa se pode afirmar: se a eleição para presidente já tivesse sido direta (como será daqui pra frente), as chances de Ivã eram mínimas, pois sua incapacidade estava explícita. E mais: a chapa que ficou com o Conselho Deliberativo de forma integral e montou essa gestão capengante poderia até ter maioria do conselho, mas estaria sujeita à proporcionalidade. É aí que a democracia vence.

A bagunça total que tomou a administração rubro-negra não tem nada a ver com democracia, e sim com incompetência mesmo. É bom ficar atento a quem agora brada contra a abertura do clube e entender direitinho quais são os interesses em jogo, pois nenhum discurso é feito de forma gratuita. Tem muita gente de olho apenas no poder.

A democracia do Vitória – que ainda precisa de muitos ajustes, vale dizer – está no início de sua jornada e os torcedores são essenciais para sua consolidação. É bom que saibam disso – e que se façam ser respeitados. 

fábula  Não sei se você viu que o goleiro Bruno - aquele que resolveu matar a ex-namorada só pra não assumir a paternidade e pagar pensão do filho – recebeu autorização da Justiça para dar aulas de futebol fora da prisão.

Detalhes de tom surrealista: são aulas para crianças, numa entidade chamada Núcleo de Capacitação para a Paz, em Varginha, Minas Gerais.

Confesso que até pensei em escrever uma coluna inteira sobre isso, mas aí lembrei que vivemos num país em que o presidente da República é gravado numa conversa subterrânea indicando que o interlocutor procure um dos seus asseclas, assecla este que dias depois é filmado recebendo uma mala abarrotada de dinheiro e, frente aos fatos, a maioria dos nossos congressistas acha que está tudo certo.

Sendo assim, nem vale a pena queimar muita lenha com o assunto de Bruno.

O Brasil é uma ficção. Só pode ser isso.