O Vitória foi um time de uma jogada só

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  • Darino Sena

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Na coluna passada, elogiei a postura do Vitória de Vagner Mancini nos jogos fora de casa, baseada numa defesa consistente e num contra-ataque organizado. Ressaltei, entretanto, que isso não bastaria pra melhorar o aproveitamento nos jogos em Salvador. Diante de visitantes naturalmente mais fechados, o rubro-negro teria que variar o seu cardápio pra fazer prevalecer o mando de campo e começar a se livrar da pecha de pior mandante do Brasileirão.

Infelizmente, não foi o que aconteceu domingo (10), contra o Fluminense, no Barradão. Impossibilitado de usar a sua arma mais letal – o contra-ataque -, já que o adversário não ofereceu espaços pra isso, o Vitória abusou dos cruzamentos para área. Foram 44, segundo o Footstats (site especializado em analisar os números no futebol). Como a média de bola rolando neste Brasileirão é de aproximadamente 55 minutos, segundo o globoesporte.com, não é exagero dizer que o Leão cruzou quase uma bola por minuto na partida de domingo.

O balão pra área até funcionou. Os dois gols no empate por 2x2 contra o tricolor carioca saíram após cruzamentos para Neilton, no primeiro tempo, e Kanu, já nos acréscimos do segundo. Kanu ainda meteu uma bola na trave completando um cruzamento. É até compreensível a insistência em cruzamentos nos minutos finais, perdendo o jogo, mas não pode ser só isso, o tempo todo.

Nem sempre a estratégia dá certo. Contra o Avaí, já sob o comando de Mancini, foram 41 cruzamentos pra área, nada de gol e uma amarga derrota por 1x0 – a única desde o retorno do técnico.

Domingo, contra o Flu, minha expectativa pela atuação era grande. O time vinha embalado por duas vitórias seguidas fora de casa. Teve duas semanas exclusivas de treinamentos. Mas diante da defesa bem postada do Flu, o Leão travou. Não mostrou capacidade envolver o adversário com troca de passes, esperando o momento pra colocar alguém em condições de marcar. Não se viu triangulação ou drible pra quebrar as linhas cariocas. O Vitória praticamente se limitou a cruzar bola na área.

A culpa é só de Mancini? Não. Desde o começo do ano o Vitória tem um problema crônico – os volantes participam muito pouco da construção do jogo ofensivo. É uma deficiência de formação de elenco. É raro ver um volante rubro-negro na área pra finalizar ou dar um passe pra um companheiro fazer gol. Essa carência fica muito mais evidente quando o jogo é em casa, onde se tem mais a bola pela necessidade de tomar a iniciativa. Cadê o volante chegando de trás sem marcação pra surpreender? A torcida rubro-negra tem um tempão esperando...

Os meias do atual plantel, que podiam dar mais cadência à equipe e melhorar produtividade na meiuca, fazer a bola rodar mais, não inspiram confiança – Carlos Eduardo e Cleiton Xavier. O ex-palmeirense, domingo, estava no banco, mas nem teve a entrada cogitada pelo treinador.

Essa falta de criatividade com a bola nos pés não é exclusividade do Vitória. Domingo, o Leão teve 55% de posse bola contra 45% do Flu. Neste Brasileirão, 73% dos times que têm mais posse não conseguem vencer. Vagner Mancini vai ter que quebrar a cabeça pra tirar o Vitória dessa estatística quando jogar em casa. A outra opção a um jogo menos criativo e surpreendente como mandante é o rebaixamento.