'O Vitória precisa ser mais transparente', diz Tiago Ruas

Conselheiro é um dos nomes na corrida presidencial do Leão. Eleição será quarta-feira (13)

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  • Vitor Villar

Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

O CORREIO dá sequência nesta terça-feira (12) à série de entrevistas com os candidatos à presidência do Vitória, em eleição que ocorre na quarta (13). Nesta terça (12), os entrevistados são Raimundo Viana e Tiago Ruas. 

Em texto, os leitores conferem as respostas das perguntas básicas e comuns aos candidatos de forma editada. Em áudio sem cortes, no Bate-Pronto Podcast Especial (ao fim da entrevista escrita), os candidatos respondem também a perguntas específicas e aditivos às perguntas básicas. 

Tiago Ruas O conselheiro Tiago Ruas, eleito pela chapa Vitória do Torcedor – a mesma que elegeu Ivã de Almeida presidente –, diz ser o único representante autêntico da arquibancada entre os que concorrem à presidência do Vitória. Por isso, o candidato traz com propriedade em sua plataforma melhorar as condições do Barradão e do plano Sou Mais Vitória:

CORREIO: Por que você quer ser presidente e quais feitos na carreira te credenciam para o cargo? Tiago Ruas: Primeira coisa que me fez ser candidato é a falta de opções confiáveis. Há muito tempo que o torcedor do Vitória sofre com isso. No ano passado mesmo, estive na formação da chapa que ganhou e ela teve uma dificuldade de definir quem seria o presidente. Muitos não queriam e outros não tinham condições pelas travas do estatuto. Nesse ano, a gente tem a possibilidade de participar, é um dos legados bons da gestão. Venho com a proposta do novo, de trazer minha experiência como gestor de pessoas. Essa é a minha área de atuação há quase dez anos.Como você avalia a gestão de Ivã de Almeida? O que manterá e mudará no clube? TR: No futebol, um desastre. Errou tudo o que podia e ainda conseguiu deixar erros para a futura gestão assumir. Mas fora do futebol tivemos pontos importantes. Como o sistema de catracas implantado no estádio, por exemplo. O sistema de sócios do Vitória não tinha nem como consultar o banco de dados, era algo amador, e agora está profissionalizado. Nos bares, participei de uma comissão para melhorá-los, e agora o torcedor pode comprar por cartão de crédito ou débito. O torcedor tem mais opções de alimentos e bebidas. O contrato dos bares é por público pagante. Se der 30 mil torcedores, o Vitória já sabe o quanto vai entrar no caixa. No marketing a gente andou muitos passos para trás, não teve capacidade de atrair nenhum novo parceiro. Tenho um projeto para captar um plano de saúde para o Vitória, que é o único dos 20 times da Série A a não ter plano de saúde. Tudo o que precisa fazer de procedimento médico o clube paga pelo particular. Vamos criar um projeto para que a empresa nos forneça um plano de saúde e em troca anuncie no clube. Isso traria uma economia em torno de R$ 2 milhões anual.

Como você acha que encontrará os cofres do Vitória? TR: As finanças do clube não uma incógnita. O balanço trimestral sai com três meses de atraso. O Vitória precisa ser mais transparente. Um dos meus projetos é que o Vitória tenha transparência mensal, todo dia 20 do mês tem que ser apresentado o balanço financeiro do mês anterior. O que acontece é que o cliente do negócio não sabe o que está acontecendo. Quem é ele? O torcedor, que está totalmente voando. Até eu mesmo, como conselheiro, tinha que ter mais informações sobre as contas, mas mesmo assim não tenho. Como é que agora os futuros presidentes poderão trabalhar em cima de algo que ninguém tem acesso? Já temos uma auditoria em andamento no clube e que não teve o resultado divulgado. A gente precisa saber desse resultado, analisar e tomar parte de tudo o que está acontecendo.

Como você pensa em gerir a base do Vitória, que neste ano não revelou nenhum jogador? TR: Primeiro ponto: a base hoje não tem uma análise, ninguém mapeia a base. O que quero fazer é integrar o centro de inteligência à base. Segundo, as diretrizes do clube não podem estar ligadas a cada treinador que passe pelo clube. Vou criar o projeto chamado ‘DNA Rubro-Negro’ que visa alinhar a formatação de jogo do Vitória. Não apenas formatação tática, mas estilo de jogo do clube. Alguns clubes do mundo e seleções têm adotado isso. O Vitória precisa criar o estilo próprio dele e trabalhar esse estilo da menor categoria de base até o profissional, para que o jogador já saiba o que encontrar quando chegar ao profissional. 

Qual sua proposta para o Barradão? Pretende transformar o estádio em arena? TR: Acho que uma arena aqui em Salvador é utopia, não tem a menor possibilidade. Quem bancaria esse custo? Mas o Vitória precisa atrair o torcedor para o estádio. Mas como? Trazendo mais conforto. Estamos viabilizando um projeto para levar mais conforto ao Barradão. Precisa ter uma cobertura no estádio, por exemplo. Entendo a torcida que em alguns jogos não vai ao estádio por conta de chuva. O estádio da gente realmente não dá o conforto que a torcida merece. A torcida já ama o Barradão na situação em que ele se encontra, imagina com cobertura, com cadeiras acolchoadas... Outra coisa, precisa de setorização. Essa coisa de ingresso a preço único é ruim para o Vitória, porque não dá para baratear o ingresso de um determinado setor. O projeto mais emergencial para o Barradão tem que ser esse de setorizar o estádio. Outro grave problema é o acesso, as pessoas hoje saem do estádio mais cedo por conta do engarrafamento. Ninguém quer ir para o estádio para sair antes de terminar o jogo, quem vai quer ver até o último minuto.

Qual o seu projeto para melhorar o Sou Mais Vitória, que tem registrado poucos associados? TR: Primeira coisa, o SMV é um produto. Todo produto precisa ser vendido. Então precisamos mapear quem é o nosso cliente e começar a buscar ele. O melhor lugar para buscar ele é no estádio nos dias de jogos. Temos que criar ações para vender o produto nos dias de jogos do Vitória. Até que melhorou nesse sentido, hoje temos vários pontos de captação e um site com bom atendimento, mas precisamos melhorar a venda do produto. Essa é uma especialidade minha: estruturar um projeto de vendas. Quero sentar com o gestor do SMV para propor melhorias e uma meta a ser atingida em até dois anos. Meu objetivo é chegar a 25 mil sócios.

Perguntas específicas a Tiago Ruas - a partir dos 43:27 minutos (ouça no player abaixo):

1) Você foi eleito para o Conselho Deliberativo na chapa Vitória do Torcedor, que elegeu Ivã de Almeida. Como era seu comportamento no órgão, fazia oposição ou apoiava o presidente?

2) Você apoiou a nomeação de Ivã de Almeida para a presidência?

3) A chapa Vitória do Torcedor foi formada por vários líderes de oposição que se juntaram. Quando virou gestão, cada liderança ficou com o comando de uma área do clube. Você acha que foi uma estratégia errada do grupo?

4) Você é um dos poucos candidatos sem experiência de cargo dentro do clube. Como você vai contornar essa falta de vivência na área para gerir o futebol?

5) Sobre a montagem da sua direção, já que você defende uma gestão profissional, já iniciou contatos com profissionais do futebol? Pode revelar algum nome?

Áudio

QUEM É Tiago Ruas  Aos 35 anos, é diretor de vendas de uma construtora de Salvador. Sócio há três anos, foi eleito ao Conselho Deliberativo pela primeira vez no final do ano passado, na chapa Vitória do Torcedor. Com o advento da eleição direta a presidente, quer oferecer uma alternativa aos nomes mais conhecidos.