Obras do aeroporto de Salvador começam nesta quinta-feira (19)

Presidente global da Vinci Airports vem a capital baiana para lançamento da Pedra Fundamental

Publicado em 16 de abril de 2018 às 05:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/ Arquivo CORREIO

O presidente global da Vinci Airports, Nicolas Notebart, vai lançar, nessa quinta-feira (19), em Salvador, a pedra fundamental do início das obras de reforma do Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães.  Aprovadas pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) no final de março, as obras – chamadas de fase 1B - fazem parte das obrigações assumidas pela concessionária ao assumir a gestão do equipamento e incluem expansão do terminal de passageiros, modernização dos banheiros e fraldários, melhorias no ar condicionado e nos sistemas de ventilação, implantação de seis pontes de embarque de aeronaves adicionais e adequações nas pistas e pátio para a segurança operacional do aeroporto. Os detalhes do projeto serão apresentados durante o evento.

Porém, mais do que o início da reforma, a presença de Notebart vai dar peso aos objetivos traçados pela Vinci para o aeroporto de Salvador: aumentar a rentabilidade do equipamento.  Para atingir esta meta, a multinacional francesa aposta em uma receita com quatro ingredientes básicos: o aumento do tráfego aéreo, o desenvolvimento de receitas não aéreas, o desenvolvimento de infraestrutura de forma complementar à gestão e na própria operação do equipamento.   O crescimento de tráfego - que é a atração de mais voos, companhias aéreas e passageiros - é o que mais interessa ao turismo local devido ao impacto positivo que trará a toda a cadeia produtiva do setor, incluindo hotéis, restaurantes, comércio e empresas de receptivo. Para cumprir este primeira meta, a Vinci pretende aproveitar todo o relacionamento que construiu com 250 companhias aéreas e 300 operadoras de turismo de todo o mundo ao administrar 36 aeroportos em países como França, Portugal, Camboja, Japão, Chile e República Dominicana. 

A ideia é vender Salvador como um destino butique, ou seja, uma cidade desejada para ser conhecida e revisitada pelos viajantes. “Salvador é um destino de moda, cabe a nós desenvolvê-lo para ser um destino popular”, afirmou Anne Le Bour, diretora de comunicação da Vinci Airports e da Vinci Concessions.

A qualidade do aeroporto de Salvador tem sido frequentemente apontada pelos empresários da cadeia como fator impeditivo para uma maior evolução do turismo na capital baiana. No ano passado, o terminal de Salvador teve a terceira pior nota entre 20 aeroportos incluídos na pesquisa de satisfação de passageiros realizada pelo Ministério do Transportes. 

O estudo aborda 38 indicadores de infraestrutura, atendimento, serviços, itens de gestão e a satisfação geral. Desde que assumiu a integralidade da gestão do terminal – em 2 de janeiro – a concessionária vem realizando manutenção e intervenções de emergência, que já alcançaram banheiros e fraldários, sistema de ar condicionado, iluminação, cercas de segurança, correções na pista, na sinalização e no piso e forros do prédio. 

Portugal Mas os desafios para aumentar o fluxo de turistas para Salvador passam por outros desafios que não apenas o de melhorar a qualidade do terminal aeroportuário. Inclui a promoção do destino, a atração de eventos corporativos de grande porte, a qualificação de empresas e trabalhadores do setor e de políticas públicas.  

A Vinci apresentou o que pode fazer dentro de seus limites de atuação a um grupo de jornalistas convidados para conhecer as operações da empresa em Portugal. A escolha do país tem a ver com os resultados obtidos ali pela concessionária. A Vinci contabiliza um crescimento de 30 milhões para 50 milhões de passageiros entre 2013 e 2017 nos 10 aeroportos que administra naquele país. O turismo, inclusive, é um dos setores cujo desenvolvimento ajudou Portugal a sair da crise econômica.

Segundo dados apresentados pela diretora de comunicação da Ana Aeroportos (operadora dos terminais), Catarina Zagalo, a operação privada dos terminais aeroportuários portugueses respondeu, ano passado, a 1,22% do PIB do país, gerou 30 mil empregos diretos, 84 mil indiretos e 204 mil em toda a cadeia do turismo e dos transportes (os dois setores juntos representariam, de acordo com ela, 4,5% do PIB da nação ibérica). 

Nos cinco anos de operação privada - a Vinci adquiriu a Ana em 2013 -, o aeroporto de Lisboa passou a contar com ligação para 9 novos destinos e operações de 14 novas companhia aéreas. Já o aeroporto de Faro, na região do Algarve, ganhou 17 novos destinos. Para conquistar estas novas parcerias, a Vinci oferece incentivos às companhias aéreas, o principal deles é a redução de taxas aeroportuárias. Estes incentivos podem se tornar ainda mais interessantes caso o destino também ofereça alguns benefícios, como redução de taxas e impostos.  

Os terminais de Lisboa e Faro foram apresentados como exemplo; o primeiro por ser um o maior do país e um importante hub global, com linhas ligando cidades da  América do Sul, África e Europa. Já o aeroporto de Faro registra um movimento de passageiros similar ao do terminal soteropolitano, de aproximadamente 7 milhões de passageiros por ano. 

Este segundo terminal serve à região do Algarve, no Sul do país, um destino de sol e praia e golfe (são mais de 40 campos na região). O terminal, segundo a própria Vinci, sofre com um problema de sazonalidade, registrando um grande fluxo nos meses do verão e um baixo número de passageiros durante o inverno.  

Área de compras ficará depois dos check-ins Os aeroportos geridos pela Vinci seguem a tendência de abrigar áreas de compras e alimentação dentro do setor de embarque. O objetivo é o de potencializar as chamadas receitas não aéreas, uma das metas já definidas para o aeroporto de Salvador.

A justificativa é a de que após o stress da chegada ao terminal, do check-in e das filas para o embarque (segurança e controle de passaportes), o passageiro fique mais relaxado e mais tempo exposto a vitrines, consumindo mais.

De acordo com Daniela Franco, gerente de Comunicação do Aeroporto de Salvador, a Vinci já está em contato com grandes marcas locais e globais e redes de restaurante e lanchonetes para ocupar o shopping do terminal.  

A Vinci tem em mente que a receita aérea é de difícil crescimento, pois as tarifas são reguladas por governos. “De 2007 a 2011 a receita aérea cresceu 1%, enquanto a receita não aérea subiu 5%”, ressaltou Anne Le Bour, diretora de comunicação da empresa.

A Vinci desenvolveu expertise na administração das áreas de shoppings dos terminais. A arquitetura dos espaços faz com que os passageiros passem pelo interior de diversas lojas no caminho até o portão de embarque. A praça de alimentação fica estrategicamente localizada no meio do percurso.

Outro ingrediente para aumentar a rentabilidade do aeroporto de Salvador é a administração da infraestrutura para a operação. A diretora explicou que como a Vinci - além de administradora de concessões - também é construtora de infraestrutura, as obras e reformas  são feitas de modo a resultar em um  menor custo operacional futuro. 

Por fim, a quarta linha a ser utilizada para potencializar os lucros da operação do aeroporto baiano é o de melhoria da operação. A ideia é a de aperfeiçoar processos, reduzindo os custos da operação e aumentar os índices de satisfação dos clientes. “O aeroporto de Lisboa explodiu em 5 anos. Queremos fazer o mesmo em Salvador”, afirmou a mesma  Anne Le Bour.

*O editor viajou a Portugal a convite da Vinci.