Oito pessoas já morreram este ano em Salvador com gripe H1N1

No estado foram registrados 12 óbitos; cinco em pessoas maiores de 60 anos

Publicado em 18 de abril de 2018 às 10:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

A Bahia registrou 12 mortes provocadas pela gripe H1N1 até o dia 14 de abril deste ano, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (18) pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Oito dos óbitos ocorreram em Salvador. Os outros municípios foram Camaçari (1); Lauro de Freitas (1); Saúde (1) e Serrinha (1).

Vacina da H1N1 provoca corrida às clínicas de saúde em Salvador

Cinco dos 12 óbitos deste ano foram registrados em pessoas maiores de 60 anos, enquanto três deles em menores de 2 anos. Além disso, duas mortes foram em pacientes entre 20 a 29 anos, um óbito na faixa etária de 2 a 4 anos e outra morte notificada entre pacientes de 40 a 49 anos. 

De acordo com a Sesab, este ano foram notificados 323 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com 31 óbitos. Dentre esses casos, 65 foram confirmados para Influenza, sendo 53 pelo subtipo A H1N1 - 12 pacientes tiveram a condição de saúde agravada e morreram.

No mesmo período de 2017 foram notificados 146 casos de SRAG, com 11 óbitos. Dentre os casos da Síndrome no ano passado, 13 foram confirmados para Influenza, sendo dois casos de Influenza A H1N1, mas sem registro de mortes.

Os municípios que registraram casos de H1N1 em 2018 foram Salvador (34); Alagoinhas (1); Camaçari (3); Dias d Àvila (1); Feira de Santana (1);  Governador Mangabeira (1); Ilhéus (1); Itabuna (2); Jacobina (1); Juazeiro (1); Lauro de Freitas (1); São Miguel das Matas (1); Saúde (1); Serrinha (2); Ubatã (1) e Valença (1).

Entenda os vírus O H1N1, na verdade, é um subtipo do vírus Influenza do tipo A - o mais frequente a causar a gripe. Na estrutura da molécula do vírus, existem proteínas que diferenciam um tipo de outro, como explica a infectologista Ana Paula Alcântara, professora da Faculdade Bahiana de Medicina e médica dos Hospitais Santo Amaro, Geral Roberto Santos e Aliança. São as proteínas que tornam a estrutura do H1N1 diferente do H3N2, por exemplo, e de outras variedades. 

“O vírus Influenza A é caracterizado por epidemias sazonais. Ou seja, acontece de períodos em períodos, geralmente na época de inverno, que, no Brasil é de abril a setembro”, diz Ana Paula. 

O que acontece é que os vírus - e, em especial, o da gripe - sofrem muitas mutações e, com isso, têm seu genoma alterado. Por isso, a cada ano, existe uma variação de um grupo viral para outro, segundo o infectologista José Tavares Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba). 

“Isso altera a capacidade que o ser humano tem de combater esse novo sorogrupo. Por isso, os sistemas nacionais isolam esse novo sorogrupo, fazem uma mistura e preparam uma vacina que é anual. Por isso, não pode ser durante muito tempo”, afirma. 

A numeração em cada subtipo também é devido ao tipo de proteína - existe uma catálogo internacional com letras e números combinados, segundo José Tavares Neto. Alguns, como o H1N1 e o H3N2, são mais virulentos - ou seja, provocam doença com mais frequência. 

“Por isso, o temor do que está acontecendo em Goiânia e na Região Metropolitana de Goiânia. Aparentemente, lá, o H1N1 está causando uma letalidade maior e um tempo de doença maior para aqueles que sobrevivem”, aponta o médico. Em Goiás, pelo menos 13 pessoas já morreram em decorrência do vírus H1N1 este ano - cinco delas apenas na capital. 

A última grande pandemia - uma epidemia disseminada em todo o planeta - foi causada justamente pelo H1N1, em 2009. Naquela época, países como Brasil, Estados Unidos e México chegaram a registrar mais de 50 mil casos da doença cada um - só no Brasil, foram pelo menos duas mil mortes confirmadas. 

Agora, no biênio 2017-2018, o H1N1 volta a aparecer como epidemia em alguns estados do Brasil. Para a infectologista Ana Paula Alcântara, a situação na Bahia já pode ser caracterizada como epidemia também.“Uma epidemia significa o aumento do número de casos em relação ao mesmo número do ano anterior. Então, quando você olha o ano passado e agora, você vê a gravidade nesse contexto”, explica a infectologista Ana Paula.Os sintomas provocados pelo vírus H1N1 são praticamente os mesmos de uma virose respiratória, como febre muito alta, tosse e dor de garganta. A diferença é que a dor de garganta vem acompanhada de dores em outros locais - como a cabeça e o resto do corpo, além de diarreia e náuseas. 

“A população precisa se preocupar com a duração da febre e a intensidade. Se forem mais de três dias de febre alta, com mais do que 38, 39 graus, pode ser um sinal”, afirma Ana Paula. O tratamento deve ser feito com medicamentos antivirais - eles podem, assim, evitar os sintomas e que a gripe evolua para formas mais graves. 

O tempo de doença varia de 10 a 20 dias - pode piorar a depender da idade da pessoa (quanto mais velha, mais chance de durar mais, especialmente após os 80 anos) e do número de doenças associadas (se a pessoa já tem alguma patologia cardíaca, pulmonar ou renal, por exemplo, há mais riscos de complicações). 

“No início, é como uma gripe qualquer, mas, à medida que a doença progride, pode ocorrer uma febre mais elevada e associada à pneumonia, que é a complicação mais temida. Pneumonia não é provocada pelo vírus, mas ele predispõe”, diz José Tavares Neto. A febre causada pelo H1N1 pode chegar a 40 graus. 

Não há,ainda, um percentual de letalidade da H1N1 no Brasil, já que isso varia anualmente. Em Goiânia, onde tem mais casos, os números ainda não estão consolidados. No entanto, na Ásia, o índice é de 2,4 a 2,9 mortes para cada cinco mil ocorrências da doença. “Mesmo assim, não são dados comparáveis, por ser uma população completamente diferente da nossa e com diferentes condições sanitárias”, pondera o infectologista. 

Campanha de imunização na rede pública começa segunda; veja preços em clínicas A campanha de vacinação contra a gripe H1N1 começará na próxima segunda-feira (23), mas desde o final de março as clínicas particulares de Salvador têm registrado aumento na procura pela imunização. Em alguns locais, a demanda dobrou.

Cada dose da vacina custa, em média, entre R$ 100 e R$ 130 na rede particular de Salvador. O valor pode ser parcelado, e apenas crianças menores de 9 anos que nunca receberam essa vacina precisam de dose dupla. Para os demais pacientes a dose única é suficiente para fazer a imunização.

Podem ser vacinadas crianças a partir dos seis meses de vida, sem limite de idade máxima. É preciso levar um documento de identificação e o cartão de vacina. Quem tiver alergia a ovo precisa levar também a orientação médica por escrito. O horário de funcionamento alterna de unidade para unidade, por isso, é importante checar com os laboratórios.

Confira o valor da vacina em alguns laboratórios da capital:

Labchecap – R$ 120. Pode ser parcelado em até 2x.

Seime – R$ 120. Pode ser parcelado em até 2x.

Leme - R$ 120. Pode ser parcelado em até 2x.

LPC – R$ 130. Pode ser parcelado em até 4x.

Sabin - R$ 100 para crianças de 6 meses à 2 anos e R$ 120 para maiores de 2 anos. Para parcelar a despesa no cartão de crédito é preciso que as parcelas sejam superiores a R$ 70.