Operação Neymar

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  • Malu Fontes

Publicado em 5 de março de 2018 às 07:00

- Atualizado há um ano

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A intervenção das Forças Armadas na segurança pública do Rio de Janeiro já caminha para a terceira semana. Nesses primeiros dias, os milhões de reais gastos na mobilização das tropas, proporcionalmente para o período, ainda não se traduziram em nenhum episódio significativo que possa ser considerado uma derrota do tráfico.

Aliás, praticamente pode-se dizer até o contrário. Após o anúncio da intervenção, pelo menos três episódios ocorridos no Rio deram bem a medida do quanto há possibilidades concretas de o Exército entrar e sair dessa intervenção sem que haja qualquer desmonte da engrenagem do crime e do tráfico que hoje operam na cidade.

BRUCUTUS Mesmo com milhares de homens do Exército nas ruas, brucutus, tanques e outros componentes literalmente de guerra, um grupo de assaltantes, como diz a expressão do futebol, não tomou conhecimento do adversário: armado até os dentes e em uma cidade sitiada, é bom repetir, a quadrilha entrou em uma agência bancária no bairro de Madureira e fez mais de 30 reféns. Deram muito trabalho ao BOPE. Cerca de quatro horas de negociação para libertação dos reféns e duas mortes, enquanto todos ainda estavam na agência.

Um policial aposentado que pagava uma conta na agência na hora da invasão do bando e um dos assaltantes morreram nos primeiros minutos. Vários disparos entre os assaltantes e os seguranças do banco foram trocados e nem precisa esforço para imaginarmos o pânico de clientes e funcionários nessas quatro horas, antes da chegada do BOPE. Todo mundo sabe que assaltos a bancos, roubos de cargas valiosas e contrabando são o topo da pirâmide do crime organizado no Brasil. Não se pode dissociá-los da ação do alto escalão do tráfico de drogas. É o mesmo ecossistema.

COCAÍNA Na mesma semana, a Polícia Federal interceptou nada menos que dois contâiners contendo uma tonelada e meia de cocaína prestes a ser embarcada por uma empresa de construção civil de médio porte de Santos-SP. A droga, foi o que a PF disse à imprensa, foi produzida no Peru, estava envolta em orégano para fisgar o cheiro e iria para a Bélgica, em um navio cujo destino final era a África. A apreensão nada teve a ver com a intervenção militar na segurança do Rio.

O terceiro episódio que deixa parte do alto escalão dos militares que discorda da intervenção de cabelo em pé são os resultados das ações desses primeiros dias. Em um dos morros cercados, praticamente nada houve de concreto, a não ser o concreto literal das barricadas de cimento na entrada das vielas, para dificultar o acesso das viaturas. Fora isso prenderam 5 pessoas. Duas por desacato, uma por porte de um bagulho de maconha e um ou outro que tinham mandados de prisão por processos de anos e anos atrás, que nada tinham a ver com drogas.

Fiquem à vontade para responder: quantos mega traficantes foram presos? Quantos fuzis foram apreendidos? Quantos quilos de cocaína foram encontrados? Quem acredita que os responsáveis pela (tentativa frustrada da) exportação de 1,5t de cocaína para a Europa vive escondido numa laje no morro? É, Pezão, essa guerra é difícil vencer. E, trocadilhos à parte, vendo a operação militar no Rio de longe e pela ótica do jornalismo, parece que o país está colocando mais fé na operação Neymar.