Opinião: A mando de quem?

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  • Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 09:17

- Atualizado há um ano

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Em julho de 2017, a Chapecoense demitiu o treinador Vagner Mancini e o motivo, amplamente divulgado pela crônica esportiva catarinense, foi, no mínimo, singelo: paixão aguda e tão arrebatadora a ponto de influir no comportamento profissional do treineiro. Cá entre nós, achei bonitinho. Amor, paixão. Tudo a ver nesses tempos de cólera. Um mês depois, já no comando do Vitória, ele se regozijava. “Ganhar do Corinthians é bom, mas dar uma porrada em jornalista babaca é melhor ainda”. As palavras de Mancini, ferrenho defensor da estabilidade profissional dos técnicos brasileiros, ecoaram e ele teve, claro, que se desculpar não só com o jornalista alvo da porrada (sic), mas também com o Corinthians.

Fevereiro de 2018. Com dois a menos no clássico Ba-Vi,  Mancini, flagrado pela leitura labial, repassa ordens que teriam vindas do camarote da diretoria para que o jogador Bruno Bispo forçasse o segundo cartão amarelo. A consequência de tamanha besteira é de conhecimento público. Bruno expulso e o jogo finalizado por falta de quórum. Aqui dois parênteses.

Primeiro: o jovem Bruno Bispo ficou no olho do furacão ao, ingenuamente, acatar a ordem e adotar a atitude deplorável. A direção do Vitória, que não assume sua parcela de responsabilidade pelo vexame, já acenou com a possibilidade de punir o atleta, que, evidentemente, virou bode expiatório, boi de piranha, etc e tal. É um caso clássico do “quem pode manda, quem precisa obedece”.

Segundo: o rapaz contratado pela Rede Bahia para fazer a leitura labial de Mancini foi desqualificado por torcedores que desconhecem o serviço dedicado e humanitário que o profissional presta a portadores de necessidades específicas, através de  sua especialidade: a leitura labial pelo sistema de linguagem conhecido por Libras.  Em vez de alimentar o ódio, a diretoria rubro-negra deveria admitir o erro, pedir desculpas e demitir sumariamente aqueles que tramaram o desfecho vergonhoso e melancólico do Ba-Vi.

Se foi do presidente, por favor, abdique. Se foi o supervisor, que faça as malas o mais rápido possível. E Mancini? Bom, quem ama não mata e se Mancini ainda segue apaixonado, como afirmaram os ex-patrões de Chapecó, seria de bom tom que se retratasse para não ser acusado, logo ali adiante, de também ter culpa no cartório pela moribunda situação do futebol baiano.

Por amor,  Mancini, desista de brigar com a imagem. Está claro que você não disse para Bruno tomar a segunda dose da vacina contra a febre amarela. Até porque suas mãos falaram junto com seus lábios. Involuntariamente, você fez o gesto característico de “apresentar o cartão” com a mão direita, enquanto instruía seus comandados. Conheço você. Sempre foi um cara educado, gentil e afável diante da imprensa, embora, longe dela, já tenha nos chamado de babaca. 

Mas, como ninguém é perfeito, claro que desculpamos o escorregão. Mas, por favor, não assine recibo de mentiroso porque é a sua credibilidade que está em jogo. Em nome da paixão, assuma pelo menos que foi induzido ao erro. Errar é humano. Tenho certeza que ganhará a admiração e o respeito de muitos que hoje o criticam.

No mais, alguém do Bahia faça o favor de avisar ao Vinicius que rede social tem potencial destruidor e usá-la para provocações e ofensa não é atitude de atleta profissional. Se a comemoração do gol não fosse precedida de ato tão bizarro e grotesco, nada daquilo teria acontecido. O que, evidentemente, não autoriza o irregular e botineiro Kanu a distribuir ganchos e diretos de maneira covarde e desproporcional. Bater por trás, com o oponente imobilizado e sem chance de defesa, não é coisa para se orgulhar. Pelo contrário. Kanu, disfarce. Finja que vai ali, no banheiro químico, e se pique. O mesmo vale para Edson Voadora que, traiçoeiro, agrediu e correu. Claro que Fernando Miguel também deve ser punido por iniciar a confusão e Denilson denunciado pelo tapa flagrado pelas câmeras de TV.

Mas, e você torcedor que pagou ingresso, ainda espera por mudanças? Pois espere sentado. Pelo andar da carruagem, a Federação Bahiana de Futebol vai ultrapassar 20 anos com o mesmo presidente. Se é que me entendem!* Oscar Paris é jornalista. Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores.