Padrasto confessa morte de garoto e diz que tiro foi acidental

Comunidade protestou na entrada de Barra de Pojuca, na Linha Verde, após morte de Guilherme, de 9 anos

Publicado em 23 de agosto de 2017 às 16:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Almiro Lopes/CORREIO

O padrasto de Guilherme Santos Silva, menino de 9 anos morto com um tiro na cabeça, na localidade de Barra de Pojuca, no Litoral Norte, na tarde desta terça-feira (22), confessou ter sido o autor do disparo que tirou a vida do enteado. Charles de Jesus Santos, 27 anos, foi até a 33ª Delegacia (Monte Gordo), nesta quarta, e relatou que matou acidentalmente o garoto, quando os dois foram buscar jaca em um sítio na localidade de Cachoeirinha, também distrito de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Antes de assumir a autoria do disparo, o padrasto havia contado à família uma versão de que a criança foi morta por engano por uma pessoa não identificada e que o alvo seria o caseiro do sítio, conhecido como Neném.

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Charles foi autuado em flagrante por homicídio culposo pela titular da Delegacia de Monte Gordo, Aymara Bandeira Vaccani, e será levado para a carceragem da 26ª Delegacia (Abrantes), onde ficará à disposição da Justiça.

A arma usada foi uma espingarda calibre 12. Ainda de acordo com a polícia, no depoimento, Charles disse que ao chegar no sítio encontrou a arma embaixo da cama do caseiro, começou a manuseá-la e, neste momento, ocorreu o disparo acidental, que atingiu a nuca do menino, mais próxima do lado esquerdo. A bala atravessou a cabeça e saiu no globo ocular direito. Guilherme, 9 anos, foi atingido por disparo na nuca quando buscava jaca em sítio (Foto: Reprodução) A mãe da vítima esteve na delegacia de Monte Gordo, mas estava muita abalada, e não teve condições de prestar depoimento. A titular da unidade espera ouvir também o caseiro do sítio, que teria fugido após a morte da criança.

A família contou que Charles não queria levar a criança para o sítio e que o garoto chorou três vezes para convencer o padastro a levá-lo.

O crime chocou a comunidade onde a família vive. Cerca de 300 pessoas participaram de uma manifestação na localidade, nesta tarde (23), pedindo justiça. Os manifestantes queimaram pneus e fecharam a entrada de Barra de Pojuca, na Linha Verde. A polícia chegou ao local, mas a via ficou fechada durante boa parte da tarde. Cerca de 300 pessoas participam de uma manifestação na localidade nesta tarde (Foto: Milena Teixeira/CORREIO) Versões Apesar de nunca terem suspeitado que Charles teria efetuado o disparo, a família da vítima não acredita que a morte tenha ocorrido acidentalmente. "Ele contou várias versões. Hoje, quando fomos ao Instituto Médico Legal para reconhecer o corpo de Guilherme, vimos o rosto dele todo queimado de pólvora. Foi um tiro à queima roupa", comentou Josué Rodrigues, um dos tios da vítima."Não vamos aceitar que a morte seja tratada como um crime acidental. Vamos ao Ministério Público porque ele premeditou esse crime. Foi frio e calculista, levou o menino para matar", completou o tio.Luiz Antônio Rodrigues, também tio da criança, conta que a família soube pela televisão que Charles tinha confessado que efetuou o disparo. "Mesmo que tenha sido acidental, ele mentiu. Minha irmã até agora está sem acreditar, porque a relação deles era boa. Estavam sempre juntos", contou Luiz. "Guilherme tinha uma aproximação com o pai, mas era mais apegado a Charles. Foi uma bomba pra gente", relatou o outro tio.