Palmas para Rose Namajunas

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Ivan Dias Marques
  • Ivan Dias Marques

Publicado em 10 de novembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O UFC 217, no último sábado, teve uma ótima coincidência em suas três lutas por cinturão: os faladores, ou ‘trash talkers’, bateram com a cara no chão. Michael Bisping, Cody Garbrandt e Joanna Jedrzejczyk foram destronados por Georges St-Pierre, TJ Dillashaw e Rose Namajunas, respectivamente. Se Bisping e Garbrandt abusam de falar besteiras provocativas, Joanna passou do limite ao mexer com os traumas de Rose. A americana de origem lituana perdeu cedo o pai, que sofria de esquizofrenia, e foi vítima de abuso sexual e violência na infância. Por isso, Rose precisou de tratamento psicológico e usou as artes marciais para exorcizar alguns dos seus fantasmas. Joanna tratou esses problemas como firulas, e fez bullying com a nova campeã em diversos encontros, chamando-a de “mentalmente instável” e espantando até outros lutadores com suas palavras. Levou Rose às lágrimas. Após a luta, a americana declarou, com toda sua sensibilidade, aquilo que precisava ser dito sobre o modo de promover lutas à base de insultos aos rivais. “Eu estou cansada de todo o ódio e raiva e coisas desse tipo. Acho que nós temos um dever, como lutadores, de sermos um exemplo melhor. As artes marciais são sobre honra e respeito”. Ela mesma admitiu que usava a raiva dos fatos ocorridos em seu passado como elemento motivador para lutar, mas aprendeu que o amor é muito mais sustentável como energia para entrar no octógono e vencer. Só aplausos. O boxe e o próprio vale-tudo, origem do MMA, têm os insultos como característica, fruto daquela máxima de que o enfrentamento define quem “é mais homem que o outro”. A rusga, independentemente do motivo, acredito, foi o elemento motivador da primeira briga registrada e mexe ainda como nosso instinto natural. No entanto, as artes marciais, com sua filosofia e disciplina, colocaram a racionalidade num plano superior a isso. E alguns lutadores, com motivos de ‘se promover e promover o espetáculo’, utilizam as ofensas com a desculpa de que é melhor para os negócios.  Intimamente, acredito que todos eles estão obedecendo aos seus sentidos mais internos e naturais e, claro, tem gente que gosta disso, incluindo o presidente do UFC, Dana White, que deixou o ‘ovo de serpente’ Conor McGregor chocar e influenciar uma geração, a ponto de um atleta meia-boca como Colby Covington se sentir livre para insultar os brasileiros dentro de um octógono em São Paulo. O que Covington fez, há duas semanas, pode parecer absurdo para alguns, mas não surpreende para quem deixou a maioria dos lutadores ‘correr solta’ em suas declarações. Rose deu uma lição quando disse que só quer usar seu dom nas artes marciais para fazer um mundo melhor. “Apenas seja uma boa pessoa. O resto é extra”. É uma visão idealista e ela também tem seus defeitos, mas é um pensamento que orgulha muito mais os mestres do que ficar falando abobrinha para ‘entreter’.

Bom, mas ainda pouco O Ministério do Esporte conseguiu diminuir o corte no orçamento do Esporte para 2018. Se antes era de 87% do orçamento deste ano, a diminuição agora será de, no máximo,  cerca de 50%, deixando o esporte em coma, ao menos R$ 630 milhões no ano que vem. Uma melhora, mas ainda aquém do que precisamos.*Ivan Dias Marques é subeditor e escreve às sextas-feiras