Para pescadores, prejuízo com os dejetos no mar do Rio Vermelho é incalculável

Dejetos são direcionados ao mar após ônibus atingir linha de transmissão que alimenta a estação de esgoto da Embasa

Pescador diz que prejuízo é incalculável e que estão todos ilhados sem poder ir ao mar na véspera da Sexta-feira Santa(Foto: Alexandro Mota)Pescadores da Colônia da Mariquita, no Rio Vermelho, consideram que o prejuízo provocado após milhares de litros de esgoto  sem tratamento serem lançados no mar da região é “incalculável”. Os dejetos estão sendo direcionados para o mar porque o acidente envolvendo um ônibus na Avenida Vasco da Gama, na quarta-feira (23) à noite, atingiu diretamente a linha de transmissão de energia elétrica que alimenta a estação de condicionamento de esgoto da Embasa.

Por conta disso, os resíduos de esgoto e das redes pluviais estão sendo lançados no Rio Lucaia, que deságua em uma praia do Rio Vermelho.

O problema ocorre justamente em um período que costuma ser bem promissor para os pescadores, na véspera da Sexta-feira Santa, onde na tradição católica deve-se escolher comer peixe e não carne. “Todo mundo ilhado querendo pescar e sem poder arriar o barco com o mar nessas condições, é um risco para todo mundo de pegar alguma doença com isso aí”, conta o pescador Paulo Sergio de Jesus, 43 anos, o “Lascado”.

O fato de o acidente ter ocorrido na véspera de um feriado evitou o comprometimento do trânsito, interditado parcialmente na Avenida Vasco da Gama, para a reposição do poste afetado, e também para a dimensão do problema ambiental – o volume de esgoto é menor, com a cidade vazia. Mas as consequências do acidente deixaram os pescadores tristes.

“Uma coisa dessas espanta a clientela, quem pegou peixe antes tem congelado vendendo, mas agora para sair nessa condição não dá. Ficar um dia desses sem ir no mar é um prejuízo de uns R$300 reais”, estima o pescador Wellington Rodrigues, 44 anos. Um dos fundadores do Núcleo da Mariquita da Colônia Z-1, o pescador José Roberto da Silva, teme que o mau cheiro se torne forte. “Como vamos ficar aqui assim? Fora que aqui todo mundo depende disso para o seu sustento”, afirmou.  Morador do Rio Vermelho e cliente da colônia, o aposentado Carlos Pereira, 73 anos, espera que os órgãos sejam ágeis na solução do problema. “Uma coisa é um acidente, uma coisa imprevisível, outra é deixar esse problema se arrastar e ter prejuízos a longo prazo”, opina.

Dentro da programação da Semana Santa, acontece na Praça Caramuru, no estacionamento do Mercado do Peixe, próximo da foz comprometida com o esgoto, a apresentação do espetáculo A Paixão de Cristo, que é realizada em parceria com a Prefeitura de Salvador, por meio da Empresa Salvador Turismo (Saltur).