Parentes e amigos se despedem de vítimas de desabamento em Pituaçu

Centenas de pessoas acompanharam sepultamentos em Brotas

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  • Milena Hildete

Publicado em 14 de março de 2018 às 20:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Milena Teixeira/CORREIO

Centenas de pessoas se despedem das vítimas (Foto: Betto Jr./CORREIO) O relógio ainda marcava 13h quando as primeiras pessoas começaram a chegar ao Cemitério Municipal de Brotas, em Salvador, onde os corpos das vítimas do desabamento de um imóvel de quatro pavimentos em Pituaçu foram enterradas, na tarde desta quarta-feira (14).

Os corpos de Rosemary Pereira de Jesus, 34 anos, Robert de Jesus, 12, Arthur de Jesus, 1, e Allan Pereira de Jesus, 31, só chegaram à cerimônia por volta das 15h, quando uma multidão já se aglomerava no local. Familiares, amigos, vizinhos e até mesmo com desconhecidos, que se solidarizaram com a dor da família, provocada pela tragédia, acompanharam o velório.

Quatro ônibus foram necessários para levar as pessoas até o cemitério. O primeiro coletivo chegou com alunos da Escola Municipal de Pituaçu, onde Robert, uma das vítimas, estudava. Amiga do menino, a adolescente Êneth Pinheiro, 14 anos, ainda não sabe como é que vai ser quando as aulas voltarem. É que ela era tão próxima do menino, que ele a chamava de 'mãe'."Fico pensando como é que vão ser os dias na escola agora, porque eu era bem apegada a Robert. Ele falava comigo todos os dias e ainda ficava na casa da minha vó. Quando penso nele, só lembro de alegria, porque Robert gostava de sorrir", contou ao CORREIO.No velório, o clima era dividido entre pessoas revoltadas com o ocorrido e aquelas que se emocionavam com a despedida. Chegada dos caixões com os corpos ao cemitério (Foto: Milena Teixeira/CORREIO) A dona de casa Maria do Carmo, 62, acreditava que as vítimas tinham ido para um lugar melhor. Ela viu Allan e Rosemary crescerem no bairro. "Foi uma fatalidade o que aconteceu pra a gente ficar em alerta. O que me conforta é saber que, com certeza, Deus levou eles pra um lugar bom", comentou.A força da família Pereira Quem ia até dona Iara Maria da Silva, mãe de duas vítimas e avó de outras duas, pedia para ela ter força. Durante o velório, ela passou a maior parte do tempo do lado de fora do cemitério, junto com a outra filha, Eliana Silva, irmã de duas das vítimas.

Emocionada, Iara recebia cada abraço e agradecia às pessoas que vinham lhe prestar solidariedade. "Dói, dói muito, mas eu precisava estar aqui", lamentava.

Eliana também fez questão de acompanhar a chegada dos corpos dos irmãos. Alex, sobrevivente da tragédia, também compareceu ao enterro, mas a reportagem não conseguiu falar com ele. 

Solidariedade O bairro de Pituaçu está em luto. Vizinhos da Rua 15 de Novembro, que fica próximo ao local da tragédia, disseram que a família tinha passado por várias casas antes de morar na Rua Alto de São João. Amiga de Rosemary, a manicure Livia Santana recebeu a notícia da tragédia pelos jornais.

"Quando eu soube, fui logo pra lá. Ainda não dá pra acreditar que isso aconteceu. Como pode uma família toda morrer assim, meu Deus", questionou.

Diferente de Livia, o aposentado Manoel Oliveira nunca tinha sequer ouvido falar da família Pereira. No entanto, depois de acompanhar as notícias sobre a tragédia, ele saiu de casa e foi até o cemitério. "Eu vim porque tenho seis netos. E isso pode acontecer com todo mundo", declarou.