Pedro Andrade faz sucesso na TV com bom programa de viagens

Hagamenon Brito

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de março de 2018 às 07:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Radicado em Nova York, o ex-modelo e jornalista carioca Pedro Andrade, 38 anos, faz sucesso na TV brasileira na bancada  do Manhattan Connection (Globo News, domingo, 23h) e apresentando o Pedro Pelo Mundo, que estreia a terceira temporada nesta quarta-feira (dia 21), no canal GNT, às 23h, com dez episódios semanais.  O apresentador Pedro Andrade em Malta, um dos destinos da nova temporada do programa cuja terceira temporada começa nesta quarta (21), no GNT, às 23h (foto/divulgação) Na busca por destinos que passaram por transformações e, sobretudo, boas histórias humanas, Pedro vai a Bangkok, na Tailândia, na estreia. Os outros episódios incluem Malta, Marrocos, Rússia, China e Tanzânia, entre outros lugares. Confira nossa entrevista com o elegante Pedro Andrade, que também é autor do livro O Melhor Guia de Nova York (Editora Rocco/2013).

***

Algo que diferencia o Pedro Pelo Mundo entre as várias atrações do gênero na TV brasileira, ao meu ver, é que ele não é um programa de viagens apresentado por uma celebridade descolada e afins, mas um misto de jornalismo, diversão e curiosidades de um viajante sagaz, com suas impressões sobre lugares que passaram por mudanças. Como surgiu a ideia do programa?

Na verdade, eu diria que o Pedro Pelo Mundo é um programa que já habita meus pensamentos desde criança. Desde moleque sempre falei que queria viajar, não sabia exatamente fazendo o que, não sabia se era como piloto, diplomata, embaixador, comissário de bordo. Acabei fazendo jornalismo e um programa de viagens sempre esteve presente nos meus planos. Mas acho que o mercado está supersaturado com programas de viagem, de dicas, e acho que o Pedro Pelo Mundo é muito mais do que um programa de viagens, é um programa sobre lugares passando por transformações irreversíveis, e, acima de tudo, um programa sobre pessoas, sobre indivíduos, sobre histórias. Então, a gente vai atrás dessas histórias. Não temos a pretensão de mostrar a verdadeira Índia, ou a história da China, ou a melhor guacamole do México. Muito pelo contrário, queremos saber como é viver nesses lugares e, por isso, a gente busca essas vozes locais, pessoas que estão sendo impactadas por mudanças sociais, políticas, econômicas, gastronômicas, e assim por diante. Então, por exemplo, nessa temporada, temos desde mulher transexual em Bangkok, até um jornalista ameaçado de morte pelo governo da Rússia, até uma pessoa que vive da gastronomia no Marrocos - que hoje em dia é famosa no mundo inteiro -, e assim por diante.  Eu diria que o programa brotou da minha cabeça, depois eu sentei com a produtora Producing Partners, que é composta pela Tatiana Issa, Guto Barra e pelo Gustavo Nasr, e a gente apresentou para o GNT, que foi de uma generosidade, que acolheu o projeto como acho poucas emissoras acolheriam. O GNT é a casa ideal para um projeto como o Pedro Pelo Mundo.

Quais as principais dificuldades enfrentadas nas viagens? Teve alguma experiência traumática, digamos, que te marcou muito? 

Eu não diria experiência traumática. O Pedro Pelo Mundo é um programa que demanda muita entrega física e emocional. A gente viaja com uma equipe muito pequena, somos 3 ou 4 viajando o mundo, acordando, dormindo, comendo, trabalhando o dia inteiro juntos. Se você parar para pensar, em 4 meses são, mais ou menos, 18 cidades e mais de 100 entrevistados. Eu chego num lugar e tenho que ficar prestando atenção em cada detalhe, quais eram minhas expectativas, quais foram minhas decepções e, no final de cada episódio, tenho que fazer uma conclusão. Para que eu faça aquela conclusão, tenho que digerir aquilo tudo que acabou de acontecer na minha vida. E às vezes é muito confuso, porque você está num lugar quente, depois você está num lugar frio, depois muda de moeda, muda de fuso horário, muda de comida, muda de língua. Então, processar isso tudo até que caia a ficha, leva um tempo. Há lugares mais problemáticos que outros e geralmente minha tendência é gostar mais de lugares com algum tipo de conflito. No Cairo, quando a gente estava lá, 13 jornalistas foram assassinados. Quando a gente foi à Omã, soubemos de um sequestro de um jornalista ocidental. A gente teve que lidar com perda de mala em Cuba, enchente no Camboja. Então esses imprevistos acontecem, mas eles fazem parte do DNA do programa e a gente incorpora eles no projeto. Pedro Andrade e um monge budista em Bangkok, na Tailândia, no episódio do programa desta quarta-feira (foto/divulgação) O que você destaca na terceira temporada, que começa quarta-feira?

Eu diria que talvez seja a temporada mais equilibrada. A gente realmente tomou muito cuidado para mostrar lugares exóticos, lugares familiares, lugares rurais, lugares urbanos, lugares mais futuristas, lugares que olham para trás, que vivem mais da história, lugares pouco conhecidos, lugares muito famosos. E acho que também mostraremos lugares que estão no nosso inconsciente atualmente, que estão fazendo parte das manchetes hoje em dia: a China, a Rússia, o Canadá, Tanzânia – o continente africano está sempre nas manchetes – e assim por diante. Acho que vai ser uma temporada mais leve que a última. Na última temporada, a gente mencionou genocídio no Camboja, guerra no Vietnã. E acho que estamos numa temporada mais divertida, mais engraçada, porém ainda assim abordando assuntos muito sérios, como racismo, direito das mulheres e direitos humanos.

O que te marcou em especial em Bangkok, na Tailândia, destino do primeiro episódio?

Eu, na verdade, já estive em Bangkok 20 anos atrás, e a gente mostra fotos minhas em algum dos lugares por onde passamos nessa jornada, eu falo disso no programa. Geralmente, tenho certo receio em voltar a lugares que mudaram a minha vida, porque eu acho que quando eles mudam nossa vida, existe um fator de surpresa, existe um fator que tem a ver com o momento da sua vida naquela hora.  Então, quando você volta não é igual. Os lugares mudaram, você mudou. Essa sinergia foi muito importante para mim do ponto de vista pessoal. A Tailândia está passando por um momento superinteressante, que é uma batalha entre o passado e o futuro. Politicamente também. A gastronomia tailandesa virou um “titã” no universo culinário. A questão dos transexuais na Tailândia é uma questão muito relevante e a gente aborda ela de uma maneira sensível e informativa. Tem tudo para ser um episódio divertido, mas que também ensine muita gente e mostre para o público um ângulo da Tailândia que as pessoas não conheciam antes. O estiloso Pedro Andrade em outro registro na Ilha de Malta, um dos próximos episódios do programa (foto/divulgação) Pensas em escrever um livro depois sobre esses lugares visitados e personagens encontrados, no estilo crônicas?

Eu estou com dois projetos literários e um deles envolve viagens. Não é um livro do programa, mas se você parar para pensar, só nos últimos três anos eu devo ter viajado para uns 50 países. É muito lugar, é muita gente e eu vou contar histórias que: ou não entraram na edição do programa, ou que eu vivi em outras viagens, em outras experiencias, em outras jornadas, que não têm nada a ver com o Pedro Pelo Mundo. Vai ser um livro que tem uma carga visual sólida. Eu sou apaixonado por fotografia, eu sou apaixonado por arte e se eu puder comparar com alguma coisa, acho que o tom lembra um pouco da conclusão do Pedro Pelo Mundo. É um livro sobre o meu ponto de vista e sobre questionamentos, sobre esse momento em que a gente vive hoje, não só nos destinos que eu visitei no programa, mas de uma maneira geral.  DOIS TOQUES 1. Tracey Thorn - Record é o quinto e bom álbum solo da cantora Tracey Thorn, diva inglesa dos anos 1980 quando integrou o cultuado duo  Everything But The Girl ao lado de Ben Watt, com quem é casada. Com parcerias com Corinne Bailey Rae (Sister) e Shura (Air), o novo trabalho honra o passado pop eletrônico de Tracey, de voz bela e suave e que admira Astrud Gilberto e a bossa nova. Em 1996, o Everything But The Girl gravou uma boa versão drum & bass de Corcovado para o projeto  Red Hot + Rio. Veja o videoclipe da faixa Queen

2.   Livros de Fernandona - A atriz Fernanda Montenegro lança este ano o livro de memórias Meus Papéis (Cia das Letras) e também uma fotobiografia (Edições Sesc SP). Dia 25 de julho, Fernandona e a maestrina e pianista Jocy de Oliveira abrem a Flip 2018, em Paraty, no Rio.